Como funcionam as ações preferenciais
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No âmbito do projeto especial em cooperação com o Corretor Prime EXANTE compartilhamos a opinião de Sergei Golubitskiy sobre as ações preferenciais.

Seja por causa da inércia do pensamento, seja por dificuldades de terminologia dos traders iniciantes e investidores, muitas vezes surgem dificuldades em entender a diferença entre as ações ordinárias e preferenciais.

No entanto, a diferença é crucial. Não é por acaso que no livro "Investments" de William Sharpe, Gordon J. Alexander e Jeffrey W. Bailey, há um capítulo separado dedicado às ações ordinárias, enquanto as ações preferenciais são descritas juntamente com as obrigações. Tal classificação é bastante lógica.

Acontece que as ações preferenciais representam algo intermédio entre os títulos de valores comuns e obrigações. Por um lado, assim como as obrigações, este tipo de ações traz um lucro fixo (embora o princípio usado para contar possa ser diferente: percentagem do nominal, do lucro etc.). Por outro lado, antes de tudo, são ações, porque garantem ao seu portador uma participação parcial na empresa e não são dívidas. Na bolsa de valores, o comportamento das cotações das ações preferenciais é mais próximo dos títulos comuns do que das obrigações. Porém, as ações preferenciais têm particularidades que mudam significativamente o sentido da informação de cotações para os investidores. Vejamos o seguinte gráfico:

Acima estão apresentadas as cotações das assim chamadas ações cumulativas preferenciais da série A da empresa Gastar Exploration Inc. Se o gráfico pertencesse às ações ordinárias, o estado financeiro da Gastar Exploration Inc. seria duvidoso porque isto parece um colapso. Mas estamos a olhar para o gráfico das ações preferenciais, e graças à sua queda não só não perderam a popularidade, como também entraram no top-10 dos melhores títulos norte-americanos com um lucro fixo. O lucro nominal de cada ação do género é de 8,625% por ano, mas o lucro corrente após a queda (de 52% em relação ao preço de liquidez) compõe 18,16%. É simples: o preço das ações do mercado desceu, mas as obrigações de pagamento da empresa ficaram na mesma.

Consequentemente, numa relação percentual o seu lucro cresceu bastante. Se fossem ações ordinárias, a empresa poderia cancelar o pagamento de dividendos. Mas não o pode fazer com as ações preferenciais.

A volatilidade das cotações é a principal característica prática que diferencia ações preferenciais das obrigações corporativas (cujas cotações normalmente são estáveis). Os advogados podem discordar: a principal diferença é que uma ação é uma parcela da empresa, enquanto uma obrigação é a sua dívida. Mas na prática, tal importa apenas na falência da empresa: neste caso os titulares das obrigações são os primeiros a receber dinheiro. Depois vêm os titulares das ações preferenciais e por último os titulares das ações ordinárias.

É por isso que se as empresas correm o risco de falir, as ações ordinárias na bolsa de valores desvalorizam primeiro e podem ser retiradas do mercado de ações.

Lucro das ações preferenciais

Ao comprar ações preferenciais, o investidor aposta no lucro fixo e é por causa disso que as compra em vez das ações ordinárias. A este lucro chamam dividendo para quaisquer ações, mas pode formar-se de maneiras diferentes.

A necessidade de efetuar pagamentos regulares de ações preferenciais é escrita nas regras da empresa. Os dividendos de ações ordinárias podem ser instáveis ou simplesmente não existir. Tal não depende do quão bom é o desempenho da empresa. Muitas empresas grandes não pagam dividendos. Por exemplo, a Apple não pagou dividendos por mais de dez anos. Apenas após a morte de Steve Jobs a política foi alterada e os acionistas ordinários passaram a receber pequenos lucros que mais lembram compensações do que dividendos. Nem a velha empresa Yahoo! nem a muito bem-sucedida Netflix pagam dividendos. Por outro lado, a IBM paga dividendo de todas as ações desde 1987.

Um lucro fixo regular faz com que as agências de classifacação efetuem avaliações constantes das ações preferenciais, o que facilita muito a tarefa dos investidores de encontrarem o balanço entre o risco e a lucratividade. Mas é preciso lembrar que por causa do estatuto de "não dívida" os rankings das ações preferenciais estão sempre menores em relação às obrigações da mesma empresa. Devido a esta "indulgência" de classificação os dividendos das ações preferenciais às vezes atingem tamanhos enormes. Por exemplo, a lucratividade atual das ações cumulativas convertíveis preferenciais da série A da empresa New Source Energy Partners LP é de 47,42% por ano. Hoje é o melhor resultado no mercado norte-americano.

Assim como as ações ordinárias, as ações preferenciais podem dar lucro não só em dividendos, mas também graças ao crescimento das cotações. Tal dá uma certa vantagem sobre as obrigações que geralmente são menos voláteis. As obrigações nem devem ser voláteis, por sua natureza. São compradas por aqueles que procuram a estabilidade. Estes títulos de valores mantêm o seu valor, e o titular recebe um lucro. Se os preços das obrigações começarem a mover, não significa apenas uma agiotagem de mercado. Normalmente, tal reflete problermas sérios do emissor. As ações preferenciais são completamente diferentes, pois o seu valor "salta" de modo equivalente ao valor das ações ordinárias (muitas vezes durante um estado absolutamente estável da empresa). Porém, as ações preferenciais têm um fundamento mais real, o que os permite não se deparar com esquinas durante os "saltos".

Conclusão

De tudo o que foi dito podemos tirar a conclusão de que para muitos investidores, as ações preferenciais (muitas vezes injustamente subestimadas por analistas) podem ser um meio-termo entre o risco dos títulos comuns e a estabilidade das obrigações. No entanto, ainda analisámos o tema à primeira vista. Na prática, entre as ações preferenciais há alguns tipos com as suas particularidades. Por exemplo, há ações primordiais (prior), preferenciais (preference), convertíveis (convertible), cumulativas e não cumulativas (cumulative, non-cumulative), intercambiáveis (exchangeable), participativas (participating), supervotáveis (supervoting) e até as ações com a função de opção de venda (putable). Mas seria impossível contar tudo neste breve artigo.

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