A história do tráfego de contentores
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O que é que realmente sabe acerca da indústria marítima, que transporta os seus ténis baratos e o seu precioso combustível pelos oceanos?

De uma forma geral a maioria das pessoas imagina que os sapatos baratos vêm da China, ou que o combustível do carro vem do Médio Oriente. Mas são poucos os que sabem como é que chega até nós.

No livro “Ninety Percent of Everything”, a jornalista e escritora Rose George examina a indústria marítima mundial, e investiga toda a “bagunça” que é escondida pelo setor que sustenta a economia mundial. Deixa ainda um alerta às condições dos trabalhadores.

George diz o seguinte:

“Estamos todos preocupados com o comércio justo do café e com os “sweatshop workers”, e por isso queremos comprar roupa de forma ética, mas nada disso se aplica à forma como os produtos são enviados”.

Rose consegui ter acesso (situação rara para pessoas que não pertençam à tripulação) e viajou a bordo de um navio porta-contentores, pertencente ao Grupo A.P. Moller Maersk, conglomerado de origem dinamarquesa. No seu Livro, descreve várias viagens em alto mar, desde o porto de Singapura a Roterdão, atravessou o Oceano Índico e cruzou-se com patrulhas anti-piratas. Mas o que mais lhe impressionou foi ver como os marinheiros estavam sós, abordo dos seus navios, por meses a fio, longe de qualquer comunicação e sem nenhuma proteção legal enquanto trabalhadores.

Em baixo, estão 10 curiosidades daquilo que a autora chama de “transporte invisível”:

  • Os navios maiores são capazes de carregar 15.000 caixas carregadas com 746 milhões de bananas.
  • Se alinhasse os contentores pertencentes ao complexo marítimo Maersk, o total do seu cumprimento daria a volta ao planeta. Enquanto empilhados estima-se atingirem o peso de 7.530 toneladas equivalente à Torre Eiffel. Se distribuisse a carga por camiões o trânsito chegaria a uma ocupação de 60 milhas.
  • O navio é o meio de transporte mais verde do mundo, produz menos gases poluentes do que qualquer outro meio de transporte.
  • Neste preciso momento estão pelo menos 20 milhões de contentores a atravessar o Planeta.
  • Dois terços dos tripulantes dos navios não tem meios de comunicação disponíveis. Apenas 12% têm acesso á Internet.
  • As mulheres ocupam uma taxa de 2% dos marinheiros. A grande maioria dos tripulantes são Filipinos, aproximadamente 250.000.
  • No ano de 2010, na Somália, os piratas capturaram e fizeram 544 reféns. Todos os anos morrem no mar em média 2.000 marinheiros, e perdem-se mais de 2 barcos por dia. Em 2012 os ataques violentos aos marinheiros atingiram taxas altíssimas na Africa do Sul – uma das cidades com mais criminalidade no mundo.
  • Mundialmente são inspecionados fisicamente de 2% a 10% dos contentores, apenas 5% dos navios que aportam nos EUA, passam por alguma inspeção.
  • O transporte marítimo é barato, ao ponto de ser mais barato enviar bacalhau escocês para ser transformado em filetes na China do que fazer isso na Escócia.
  • A indústria marítima é uma boa fonte de receita: em 2011 os EUA receberam mercadoria internacional no valor de 1.73 mil milhões de dólares.

No seu livro, George expõe as várias necessidades do setor marítimo. Pretende promover a mudança através da transparência. Depois da publicação do livro, 30 países já assinaram um tratado através da ONU que estabelece normas trabalhistas básicas para os marinheiros. No entanto os Estados Unidos, ainda as descartam.

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