A fortuna dos líderes mundiais
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O pouco amado líder de Hong Kong é um dos políticos mais bem pagos do mundo. Tal situação contrasta com a do presidente da China, que aufere muito menos de um décimo desse valor. Claro que muitos duvidam que seja esse o rendimento real do presidente da China. Qual será então o critério adequado para estabelecer o vencimento dos políticos?

O presidente chinês Xi Jinping anunciou recentemente um aumento de salário para uns insignificantes $22.300 por ano, o que gerou algum ceticismo relativamente ao facto de o líder daquela que pode estar prestes a ser considerada a maior economia do mundo estar a ganhar uma quantia tão pequena. E o salário de Xi é particularmente dissonante se se considerar que os líderes das regiões administrativas especiais que a China controla representam alguns do políticos mais bem pagos do mundo. O chefe do executivo de Hong Kong CY Leung – que controla uma população de cerca de 7 milhões de pessoas, mais pequena do que quase a maioria das cidades chinesas de “1º nível” – é o segundo Chefe de Estado mais bem pago do mundo. Leung, que é impopular entre os ativistas pró-democracia, suspendeu uma legislação de bloqueio de salários instituída em 2009.

O chefe do executivo de Macau Fernando Chui, que controla uma população de 56.000 pessoas e correu uma campanha incontestada em 2009, também ganha mais do que muitos dos líderes das maiores economias do mundo. As suas tentativas de dar mais vantagens a interesses políticos no verão passado originou um dos maiores protestos alguma vez ocorridos na cidade em muitos anos.

Todos os salários apresentados no gráfico em cima foram convertidos para dólares americanos segundo as taxas de câmbio do dia 22 de janeiro, e normalmente não incluem regalias como habitação, transporte, alimentação e pessoal de apoio que geralmente vêm incluídas com a posição. Alguns salários, como foi o caso do presidente russo Vladimir Putin, sofreram bastante com a flutuação monetária.

O vencimento elevado do chefe do executivo de Hong Kong tem as suas origens nos tempos coloniais – o último chefe de estado antes dos ingleses devolverem a cidade aos chineses em 1997, o governador Christopher Patten, recebia um vencimento de $273.000 por ano, “22passeava-se num Rolls-Royce com uma coroa em vez de uma matrícula” e recebia “um iate de 90 pés, uma vivenda de férias e pessoal doméstico com 56 funcionários”, segundo relatou o New York Times quando Patten aceitou o cargo em 1992. Apesar do vencimento elevado definido pela colónia e criticado pelo Reino Unido, segundo o New York Times, poucos foram os que cobiçaram o seu cargo, devido à dificuldade evidente em equilibrar as exigências vindas dos líderes de Londres e da Grã-Bretanha.

Poucas coisas mudaram com a devolução da cidade a Pequim, pelo menos no que toca ao pagamento dos líderes da cidade. O sucessor de Patten, Tung Chee-hwa, um magnata aprovado por Pequim, recebia mais de $378.500 por ano durante o seu mandato. O seu sucessor Donald Tsang, um funcionário público que mais tarde se tornou Secretário de Estado das Finanças, ganhava um ordenado ainda maior.

Esta disparidade entre aquilo que Xi ganha e o que os seus homólogos menos poderosos de Macau e Hong Kong ganham é mais evidente tendo em conta o recente movimento de governo de austeridade e as fortes tentativas de Pequim de forçar Hong Kong a aderir às leis de Pequim em termos de liberdade de expressão e de imprensa. No que diz respeito ao pagamento de líderes públicos, pelo menos, o modelo “um país, dois sistemas” parece estar a funcionar e a correr bem.

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