Enquanto a China e os Estados Unidos da América competem pelo título de maior economia mundial, outro gigante aproxima-se silenciosamente – a Índia. Porém os desafios com que o subcontinente indiano se depara são enormes. Estará a hora da Índia prestes a chegar?
Pobreza e corrupção ainda estão espalhadas na Índia, mas a maior democracia do mundo está pronta a elevar-se ao estado de superpotência. Um ano atrás, o futuro da Índia parecia frouxo. Um crescimento económico anémico, medo da inflação, e uma falta de liderança credível em Nova Deli espalhavam incerteza e pessimismo. Isso mudou drasticamente quando Narendra Modi se tornou Primeiro-Ministro com a promessa de reformar o governo da Índia e “dão um empurrão” à economia.
A maioria dos sinais apontam para um futuro brilhante e para a possibilidade da Índia se tornar uma superpotência. No entanto existem obstáculos, claro. As reformas que Modi iniciou estão ainda nos primeiros passos. Factores políticos, culturais, e macroeconómicos podem atrasar ou mudar a direcção do progresso; a corrupção governamental pode ser mais difícil de erradicar que o que se imaginava, e ambições demasiado grandes para a economia podem chocar com a difícil realidade de pobres infra-estruturas e pobreza espalhada por todo o país. Ao mesmo tempo, o levantamento de tensões com o vizinho “nuclear” Paquistão, e o crescente poder militar da China, podem requerer que a Índia invista demasiado numa linha de defesa, e podem ainda criar uma contenda interna entre hindus e muçulmanos, e distrair de outras prioridades.
Mas apesar disto tudo, a promessa e um futuro mais brilhante para a Índia ainda se mantém firme. Existem três razões para isso.
Economia
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As iniciativas de Modi que tinham em vista reformular as regulamentações estritas de negócio e criar um verdadeiro mercado livre parecem estar a resultar. Apesar do crescimento do PIB no terceiro trimestre de 2014 ter abrandado ligeiramente desde o verão para 5,3%, ainda é mais alto que o dos últimos anos. A economia de 1,9 biliões de dólares da Índia é prevista expandir-se em 6,4% este ano, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, e o país já ultrapassou o Japão como a terceira maior economia em termos da igualdade do preço de compra, uma medida que é ajustada pelas diferenças de preço entre economias, segundo o Banco Mundial.
Além disso, a caída do preço do petróleo reduziu o risco de inflação e irã permitir que o país corte os seus caros subsidiários de petróleo. Cada decréscimo de 10 dólares por barril pode aumentar o PIB em 0,1%, diminuir a inflação em 0,5%, e estreitar o presente défice de contas; escreveram economistas da Nomura liderados por Sonal Varma, no relatório de Outubro. A reforçar ainda mais a economia estão os mil milhões de dólares em investimentos estrangeiros acrescidos, incluindo 33 mil milhões de fontes públicas e privadas do Japão, ajudados pelo aumento de capitalizações de investimento da parte do governo e um ambiente estável de taxas de juro.
Infraestrutura
A segunda parte do plano de Modi é melhorar a infra-estrutura nacional da Índia. Isto inclui um aumento de 800 mil milhões nos gastos para infra-estruturas para chegar ao crescimento económico previsto de 7%, bem como permitir que os bancos comprem títulos de infra-estruturas para estimular o negócio no mercado da dívida. No fim do ano passado, Modi também assegurou um investimento em infra-estruturas de 20 mil milhões da China.
Num todos, estas iniciativas podem permitir à Índia melhorar o seu sistema de transportes que é sobre taxado, trazer o abastecimento de água e eletricidade a mais áreas, e expandir o uso de tecnologia pelo país.
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Mas o aspecto mais importante da infraestrutura Indiana é o capital humano. O que torna a população da Índia tão valiosa é a enorme quantidade de trabalhadores jovens – 65% da população tem menos de 35 anos, o que garante ao país uma vantagem forte nas próximas décadas.
Para maximizar o potencial do capital humano, o governo lançou uma série de iniciativas com vista a melhorar a educação, voltando a treinar trabalhadores rurais para fazerem outros trabalhos noutros setores, providenciando contas bancárias a todos os Indianos para ensinar a planear as finanças pessoais, oferecendo seguro de vida grátis, encorajando o uso alargado de computadores e da internet, e, de grosso modo, modernizando a força de trabalho para o grande boom de trabalho que está para vir nas áreas da saúde, tecnologias de informação, Telecom, e setor de vendas.
Geopolítica
O fator final que pode colocar a Índia como uma superpotência é a sua vantagem geopolítica. Desde a sua eleição, Modi tem feito um esforço visível para fortalecer relações com a Rússia, Japão, China e Estados Unidos. Para cada um, a Índia é um parceiro de negócios valioso com uma base de consumo vasta e uma força de trabalhadores prontos a trabalhar. Mas mais significativa ainda é a importância estratégica de uma aliança com todas estas nações.
Depois das sanções económicas do Ocidente e dos preços baixos do petróleo, a Rússia precisa da parceria da Índia mais que nunca para apoiar a sua economia na Asia e contra atacar a influência dos Estados Unidos. Da mesma forma, os Estados Unidos gostariam de estender o comércio bilateral na Índia, que chegou aos 95 mil milhões de dólares em 2013, enquanto também se servem da nação democrática para balançar o poder da China na região (No Domingo, o Presidente Obama começou uma visita de três dias à Índia para cimentar as relações da América com a Índia). Estendendo a mão da amizade a todos, Modi está a ser diplomático; mas também está a manter as suas opções em aberto para formar alianças que irão maximizar os benefícios da Índia, politica e financeiramente.
A Índia pode não chegar a esta desejada posição numa linha direita ou no espaço de tempo que Modi previu, mas as probabilidades são bastante certas que o país será um jogador principal nas esferas económica e geopolítica mais cedo que o esperado.