Estão a construir o maior navio de sempre
Página principal Análise

Propriedade da Shell, este monstruoso navio tem a capacidade de processar a bordo gás que tenha sido extraído do solo e transformá-lo em gás natural liquefeito. A necessidade da construção deste colosso advém das recentes transformações do mercado do gás natural.

A Royal Dutch Shell, a gigante energética anglo-holandesa, está a financiar a construção da maior embarcação marítima de todos os tempos, um navio tão grande que tem o volume de seis dos maiores porta-aviões do mundo e é apenas um pouco menor do que o novo One World Trade Center. O Prelude, de 488 metros (1.601 pés), está a ser construído na Coreia do Sul pela Samsung, e é um monstro.

A 30 de Novembro de 2013 – fotografia fornecida pela Shell, terça-feira, 3 de dezembro, 2013 – a instalação flutuante "Prelude" encontrava-se no estaleiro da Samsung Heavy Industry em Geoje, Coreia do Sul. O Prelude está ser construído para processar gás natural ao largo da costa ocidental da Austrália e está projetado para tirar o equivalente a 110 mil barris de petróleo por dia de gás natural, e arrefece-lo tornando-o em gás natural liquefeito para o transporte e venda na Ásia. Este vai flutuar por cima de campos de gás e a empresa diz que será capaz de permanecer no mesmo local mesmo com um ciclone de categoria 5.

O que o torna tão especial é que ele pode processar gás a bordo que tenha sido extraído do solo e transformá-lo em gás natural liquefeito (GNL). Normalmente, este processo – que transforma os gases até ficarem com um volume 600 vezes menor, portanto muito mais fácil de transportar- é feito em terra e depois o GNL é enviado em linhas de canos para os navios que, em seguida, levam o LNG aos países asiáticos sedentos de energia. O Prelude vai ser um atalho no processo de um campo da Shell, a mais de 100 milhas ao largo da costa noroeste da Austrália.

O Prelude é especial, mas não é o único navio em alto-mar que transporta super-refrigeradores de combustível. Os gregos, maiores proprietários de navios do mundo, gastaram um recorde de $1,8 mil milhões este ano (paywall) na compra de 11 novos transportadores de GNL. Hoje em dia estão em segundo em relação aos japoneses no que toca a possuir navios transportadores de GNL, que custam aproximadamente $200 milhões cada um, pelo menos três vezes mais do que outros tipos de embarcações de tamanho similar, apesar de estarem ligados a contratos lucrativos a longo prazo que pagam de volta o investimento.

Tudo isto está a ser impulsionado por um “boom” no gás natural, em especial da parte dos EUA. A extração de gás de xisto empurrou a produção de gás natural dos EUA para um nível recorde todos os anos desde 2011, e tornou os EUA o maior produtor do mundo. Os norte-americanos vão começar a competir com a Austrália e Qatar para exportar o material por todo o mundo no próximo ano. E é aí que entram estes navios.

E isto pode começar a quebrar a ligação, em tempos rígida, entre o preço do GNL e o preço do petróleo, que é definido através de uma fórmula complicada incluída em contratos de longo prazo. O preço no norte da Ásia para o GNL caiu apenas 5% desde meados de Junho, enquanto o petróleo bruto caiu 50% desde o seu pico, segundo dados da Bloomberg. Mas esses contratos têm um desfasamento de seis meses – por isso podemos esperar que o preço do gás caia mais cedo ou mais tarde.

Muitos compradores asiáticos acham que a entrada de gás americano no mercado pode significar o fim (paywall) de pagar demasiado pelo gás importado e o vínculo entre petróleo bruto e de GNL, bem como de ter coisas como "cláusulas de destino" incluídas em contratos, que especificam para que porto pode um navio navegar. Como disse um oficial japonês:

"Os fornecedores tradicionais precisam se defender, ou manter-se a par das mudanças."

Por favor, descreva o erro
Fechar