O investimento privado vira-se para o espaço
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O desejo de explorar o desconhecido faz parte da natureza humana. E se até à atualidade as missões espaciais eram essencialmente programas governamentais, a iniciativa privada está agora a ter uma relevância crescente. Mas quais são as vantagens e condicionantes da exploração espacial privada?

Ao longo da história, a exploração de novas fronteiras tem vindo a potenciar recompensas económicas na forma de recursos, espaço, vantagem militar e investigação científica.

Hoje em dia, as nossas novas fronteiras estão no espaço, cuja humanidade tem eventualmente de colonizar na busca por minerais, energia e novos lares. Como referiu Carl Sagan, todas as civilizações viram-se para o espaço, ou acabam extintas. "A exploração espacial é uma força da natureza em si própria, e que nenhuma outra força na sociedade consegue rivalizar," comentou Neil deGrasse Tyson.

A comercialização do espaço começou em 1965 com o lançamento do primeiro satélite de comunicações privado, o IntelSat1, apenas quatro anos após o Comissionário da Comissão Federal de Comunicações norte-americana ter dito que não via “qualquer hipótese dos satélites espaciais de comunicação serem utilizados para fornecer melhores serviços de telefone, telégrafo, televisão ou rádio, dentro dos EUA”.

IntelSat1

Atualmente, mais de mil satélites operam no espaço, graças aos vários programas financiados pelo governo americano.

A missão Lunar Apollo exibiu a melhor face da investigação governamental, contudo, de certa forma a tecnologia aeroespacial estagnou desde então. Os sistemas computorizados atualmente em órbita não são muito diferentes da tecnologia dos anos 60 e, nas quatro décadas que se seguiram a 1963, não houve qualquer redução nos custos de lançamento.

A maioria da tecnologia espacial – imagens, comunicações e transporte – está ainda inacessível ao público. De acordo com um proeminente engenheiro aeroespacial, Burt Rutan, “o transporte espacial é a única tecnologia que é mais perigosa e mais cara agora do que era no seu primeiro ano”.

Mas tudo isso está a mudar, com a entrada em cena das start-ups aeroespaciais.

Empresas particulares como a SpaceX, Skybox, Planet Labs e O3B estão a agitar a indústria espacial com produtos melhores, mais baratos e mais rápidos a chegar ao mercado. Livre da burocracia governamental, esta nova vaga de empresários pode mover-se rapidamente, atrair os programadores mais talentosos aliciando-os com sociedade igualitária, e aceitar riscos calculados que estão fora do alcance dos agentes governamentais.

Este novo renascimento na tecnologia especial coincide com várias tendências gerais. A economia da Internet encheu os cofres de empresas particulares (como a BVP) e até empresários como Jeff Bezos, Richard Branson e Elon Musk, que agora possuem recursos para investir em programas que exigem elevado capital, ao passo que a crise financeira de 2008 obrigou muitos governos a colocarem os seus programas espaciais internos em segundo plano ou até a divergi-los para o setor privado. Após anos aquém da curva da Lei de Moore, existe agora um enorme dividendo à espera de ser colhido no desempenho e custo da tecnologia, e estas novas empresas tiram vantagem de ferramentas modernas como o código aberto, eletrónica pronta a usar, breves ciclos de iteração com integração contínua, e impressão 3D. Elas dão prioridade à escala e ao tempo que demora a ser lançado, pensando em termos de redes em vez de anfitriões.

As recompensas mais imediatas estarão na órbita terrestre mais próxima, onde constelações de satélites com sensores e redes potenciam as nossas comunicações, agricultura, média, segurança, previsão meteorológica, logística global, e ciência geológica. Os benefícios a longo prazo irão derivar da exploração mineira espacial, e das viagens humanas até luas e planetas.

“Durante os próximos 50 anos, em inúmeros ciclos, em inúmeras empresas privadas, esta mentalidade “vamos arriscar” vai ajudar-nos a finalmente sair deste planeta e irreversivelmente abrir a fronteira espacial”, afimou Peter H. Diamandis, o presidente da fundação X-Prize.

“O capital e as ferramentas estão finalmente a ser colocados à disposição daqueles dispostos a arriscar, dispostos a falhar, dispostos a perseguirem os seus sonhos”, conclui.

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