Califórnia é o melhor estado americano para negócios
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Apesar de um pesado sistema de impostos e altos custos de atividade, a Califórnia é a melhor zona dos E.U.A. para fazer negócios. Descubra porquê.

Existem muitos motivos para se pensar que a Califórnia deve ser um mau local para se fazer negócios. O grupo Tax Foundation afirma que a estrutura de impostos desse estado é a terceira pior dos E.U.A.. A Forbes coloca os custos de atividade do estado da Califórnia no quinto lugar no ranking dos estados com custos mais elevados e classifica o seu quadro regulamentar como o oitavo mais oneroso.

Mas então, porque é que o mercado, no qual os compradores e os vendedores é que determinam o valor relativo, demonstra o contrário? As empresas sediadas na Califórnia ultrapassam as suas concorrentes nos E.U.A., sendo as suas medidas de desempenho as preferidas por parte dos investidores.

Desde de janeiro de 2011, quando Edmund G. “Jerry” Brown Jr. se tornou governador pela terceira vez, as 63 empresas californianas cotadas na bolsa Standard & Poor’s 500 produziram o melhor rendimento total entre os cinco estados mais populosos. As empresas californianas obtiveram no S&P 500 rendimentos de 134%; segundo os dados recolhidos pela Bloomberg, o úcnico estado que lhe fez frente foi a Flórida, cujas empresas S&P obtiveram rendimentos de 82%. As empresas sediadas no Texas conseguiram 52% durante esse período.

As empresas com sede na Califórnia também superaram o S&P 500 durante os últimos quatro anos, com uma margem de 23%. Entre as indústrias da Califórnia que a colocam no primeiro lugar em termos de negócios, estão a indústria dos cuidados de saúde, que obtém cerca de 267% de rendimentos, a de consumo quotidiano (302%), de farmácia especializada (235%), a indústria energética (30%) e a biotecnológica (333).

Talvez os impostos altos e os rígidos regulamentos não desencorajem os líderes empresariais, desde que o dinheiro seja bem investido e direcionado. As localidades que se preparam para os grandes desafios do século XXI, tais como a urbanização, as alterações climáticas e a globalização, serão muito provavelmente as mais bem-sucedidas. As empresas californianas impulsionam os E.U.A. a confrontar esses riscos com resultados de nível superior para os acionistas e os obrigacionistas. O desempenho das sociedades coincide com a crescente confiança no estado dirigido pelo governador Brown, atualmente no seu quarto mandato. A prova disso está na maior queda nos últimos quatro anos no custo do swap de risco de incumprimento do estado, um tipo de seguro contra as perdas dos obrigacionistas e uma forma de especular a qualidade do crédito.

Edmund G. “Jerry” Brown Jr.

Os rendimentos obtidos com a indústria tecnológica são provavelmente a medida mais reveladora do sucesso da Califórnia a lidar com a interrupção. Neste mês, o rendimento de 12 meses das empresas de tecnologia desse estado foi de $715 mil milhões, ou 52% obtidos em vendas. A cidade de Nova Iorque ficou em segundo lugar com 11%, seguida de Washington com 7%, Massachusetts com 4% e Virgínia com 3%.

Das 122 empresas americanas incluídas no Bloomberg Americas Clean Technology Index, 26 são sediadas na Califórnia. Estas empresas cotadas na bolsa investiram uma média de $118 milhões ou 25% dos rendimentos das suas vendas em investigação e desenvolvimento. Essa foi a maioria na indústria americana do ano passado, enquanto 9,4% foi a média. O crescente compromisso do estado da Califórnia para com a tecnologia limpa está a proporcionar-lhe mais empregos, com um crescimento médio de 7,5% na taxa de empregados nessa tecnologia nos últimos dois anos, quando comparando com os 2,3% em empresas do mesmo tipo nos outros estados. Os analistas também preveem um crescimento de 70% para as empresas de tecnologia limpa nos próximos 12 meses, quando comparados com os 33% de crescimento para a indústria. A sua liderança na inovação faz com que os analistas sejam mais teimosos com as empresas com sede na Califórnia, como se pôde constatar na sua previsão do crescimento médio em 12 meses de 24% de potenciais rendimentos, quando comparando com os 19% do Russel 3000.

O desempenho excecional das empresas californianas ajudam a explicar (se bem que ainda sem os dados oficiais sobre o produto interno bruto disponíveis) por que motivo o estado seria a sétima maior economia do mundo se fosse um país, uma posição maior que a do Brasil, que viu o seu PIB descer em 2014.

Eis o cálculo aproximado: as empresas californianas tiveram um crescimento de 4,7% durante os primeiros trimestres do ano passado. Utilizando esses 4,7% como variável alternativa para o crescimento da capitalização bolsista da Califórnia, o total da capitalização bolsista do estado cresceu dos $2,2 biliões em 2013 para os $2,3 biliões deste ano. (O PIB do Brasil desceu 1% dos $2,25 biliões dos primeiros trimestres de 2014 devido às exportações de matérias-primas terem caído.) No dia 10 de março, 33 empresas californianas estavam incluídas nas 500 maiores empresas do mundo. Segundo os dados da Bloomberg, no final de 2009, quando os E.U.A. estavam a recuperar da pior recessão sofrida desde da Grande Depressão, só 24 empresas californianas se encontravam na lista Global 500.

Tendo o desemprego baixado dos 12,4% de 2011 para os 7% em dezembro do ano passado, o crescimento da Califórnia foi substancial o suficiente para fazer com que esse período de 24 meses terminasse no dia 30 de setembro de 2014 com a taxa de desemprego a descer mais do que em qualquer outro estado dos E.U.A. Este facto ajuda a explicar porque é que a Califórnia permanece como o estado principal para o fabrico, produzindo $293 mil milhões ou 12% do fabrico total do país, de acordo com os dados da Bloomberg. O Texas vem logo a seguir com um rendimento de $233 mil milhões.

Se os impostos são de facto o aspeto negativo da Califórnia, porque é que não estão a impedir que as pessoas mais abastadas façam dele a sua residência predileta? Tendo em conta os dados da Bloomberg, das 400 pessoas mais ricas do mundo, 123 vivem nos E.U.A, e 28 ou 23% delas residem na Califórnia. Segundo o índice de milionários da Bloomberg, Nova Iorque ocupa o segundo lugar com 22 milionários ou 18%.

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