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Vivemos num mundo em grande parte organizado pelo poder norte-americano. Mas estarão os Estados Unidos prestes a perder o papel de grande superpotência? Se sim, quem os substituirá?

Que país, se algum, será a próxima superpotência global?

É espantoso que os EUA quase nem foram considerados uma potência regional em 1800, e na altura acontecia uma guerra civil devastadora, sendo que muitos descartaram o potencial EUA iria ter no final do século XIX.

Mas nesse momento, num espaço de tempo de 40-50 anos (entre a Guerra Hispano-Americana e a Segunda Guerra Mundial, essencialmente), os EUA tornaram-se num grande agente global econômico, militar e político. Não creio que a maioria das pessoas no final de 1800 teriam sido capazes de prever isto isto.

Daí a minha pergunta: quem se segue?

Coisas a considerar:

  • Natureza cíclica da história: necessita de um declínio de domínio dos EUA técnico e militar e de um declínio econômico (seguindo o exemplo de Roma, Espanha, Grã-Bretanha, dinastia Qing da China, etc.)?
  • Fatores demográficos (o meu palpite é se considerar os fatores demográficos, tem de descartar a Rússia, China, Japão, e grande parte da Europa Ocidental: eles não podem simplesmente ganhar. Mas países como a Tailândia / e outros localizados no sudoeste da Ásia podem vencer)
  • Recursos naturais (Uma nação em África / Austrália / América do Sul?)
  • Será o mundo diferente agora? Será que a ascensão da próxima superpotência requer uma dominação militar e tecnológica no sentido militar? Ou será a hegemonia económica / softpower suficiente no mundo de hoje?

Vou lançar aqui alguns nomes, e talvez alguém se possa juntar e dizer-me se estes são plausíveis para se tornarem na próxima superpotência em digamos nos próximos 25-75 anos:

Índia, Venezuela, Brasil, Canadá, Noruega, Irão, Sudão (eu sei), Nigéria, Austrália, Nova Zelândia, Tailândia, Vietnam, Myanmar (sim), Malásia, Indonésia. E não falo de uma potência regional. Quero dizer uma Superpotência Global. Quem é plausível?

Quero dizer, uma resposta totalmente legítima seria os EUA, devido a ainda comandarem uma série de recursos naturais, e apesar da demográfica não ser fantástica, têm uma vantagem inicial tão grande que pode ser capaz de suportar a sua liderança durante bastante tempo... Apenas não tenho a certeza, é só isso.

Sei que isto é uma pergunta difícil. Felizmente a Quora pode ajudar!

Alex Song, analista da Hedge Fund

"1,4 dezenas de milhares de votos positivos por Yair Livne (doutoramento ECON de Stanford GSB), John Hegeman (ex-aluno de doutoramento em Economia, Universidade de Stanford (mais) ), Erik Madsen (candidato de doutoramento em Análise de Economia e Política... (mais) ), (mais)

Se perguntasse às pessoas em 1600 sobre quem se tornaria na potência dominante global, a maioria ter-lhe-ia dito Espanha. Seria comprovado que estavam errados num espaço de 100 anos.

Se perguntasse às pessoas no final dos 1800 quem seria a potência dominante global, a maior parte teria dito a Grã-Bretanha: um enorme império, a sair da revolução industrial, uma grande marinha, etc. Seria comprovado que eles estavam errados num espaço de 50 anos.

Se perguntasse às pessoas na década de 1960 quem se tornaria na potência dominante global, 50% teriam dito os EUA, e os outros 50% teriam dito a União Soviética. Seria comprovado que metade dessas pessoas estavam erradas em apenas 30 anos.

Se perguntasse aos Americanos nos 1980 quem seria a potência dominante global, aposto que 60-70% teriam dito o Japão. Seria comprovado que essas pessoas estavam erradas em apenas 10-20 anos.

As desgraças acontecem. E acontecem rapidamente. E este passo tem apenas acelerado desde que a globalização começou a tomar conta do mundo. Talvez seja apenas eu, mas creio que há muitas crenças da população de momento e as pessoas assumem naturalmente que os EUA ou a China irão dominar / continuarão a dominar. E enquanto isso pode provar estar correto no final, acho que devemos pelo menos tentar desafiar essa afirmação. Os EUA estão numa situação muito semelhante à Grã-Bretanha quando estava no auge da revolução industrial. E isto também passará. Talvez daqui a 20 anos. Talvez daqui a 200.

Como investidor, gosto de pensar em termos de probabilidades. Aqui temos um exercício mental:

Vamos fingir que há uma probabilidade de 40% da China se tornar na próxima superpotência (digamos que isso é plausível). Mas se olhar para as reações a este tópico, parece que algumas pessoas pensam que este número está mais próximo de 80-90%. Praticamente uma conclusão inevitável. Gostaria de chamar a isso um bem sobrevalorizado. Apostar nisso é uma proposição de baixo rendimento.

Agora vamos também fingir que um país como a Austrália ou a Nigéria tem uma hipótese de 1 em 10,000 de alguma forma se tornar na próxima superpotência global (talvez plausível), mas parece que as pessoas estão efetivamente a descartá-las e a valorizá-las com uma hipótese de 1 num milhão de isso alguma vez suceder (se não menor que isso). Como investidor, chamaria a isso um bem subvalorizado, porque se essas pressuposições nem sequer foram remotamente corretas, a minha valorização esperada nesse investimento é de 100x. Esse erro na avaliação é algo a que devemos prestar atenção. Quero estar preparado para o inesperado. Pense nisso como comprar uma opção mais acessível.

É apenas uma ideia. Muito pode acontecer em 25 anos."

Balaji Viswanathan, amante de história

"Não há mais nenhuma superpotência nas vizinhanças.

Enquanto a influência dos EUA sobre o resto do mundo irá provavelmente diminuir, não haverá mais ninguém para ocupar a sua posição no futuro próximo. Os EUA tornaram-se numa superpotência não apenas devido ao seu poder econômico. A economia era uma das partes do puzzle. Mas, para além da dimensão da economia os EUA têm 5 elementos fundamentais:

  1. Finanças. Os mercados norte americanos são muito mais abertos e transparentes do que a maioria dos mercados do mundo.
  2. Entretenimento e Informação. As marcas norte americanas (desde os estúdios de Hollywood até a Apple, CNN, Google, Microsoft, Youtube, Nike) moldaram as suas necessidades de entretenimento/informação.
  3. Defesa. Gasta mais do que o resto do mundo em conjunto.
  4. Educação. 70 das 100 melhores universidades mundiais são nos EUA. Googles e Apples não aparecem do nada. Quer seja uma aterragem na lua ou a Internet ou uma defesa de guerra avançada, necessita de uma superioridade educacional. Os EUA estão na melhor posição para uma era de guerra de informação (acolhendo a maioria das maiores empresas de informação).
  5. Energia. O xisto deu uma segurança energética que nenhuma outra grande economia tem. A China tem de depender da transportação de óleo pelas duas zonas de pirataria mais perigosas - o Nordeste Africano e os Estreitos de Malaca.

No seu auge, o Japão estava equiparado aos EUA quanto a poder económico, mas nunca foi uma superpotência. Os EUA têm bastante softpower que nenhuma outra grande economia possui agora.

  • Alcance cultural. Nações exercem o seu poder sobre os outros através da cultura. Desde Hollywood às comédias, de Mcdonald’s à Coca-Cola, da Apple ao Gap, de P&G ao Google, os EUA exercem uma quantidade enorme de softpower sobre o mundo através das suas marcas & difusão. Estes artefactos culturais fariam uma criança em Kuala Lampur ou Kinshasa relacionar-se mais com as cidades norte americanas do que digamos com Chengdu, na China. Diga-me como muitas marcas chinesas por que você anseia ou quantos programas televisivos chineses vê.
  • Infusão cultural. Os EUA estão muito mais abertos à imigração e é uma mistura próspera de múltiplas culturas. O Japão nunca teve isso. A USSR nunca teve isso. A China nunca terá isso. A infusão cultural é necessária para manter a constante inovação. Nos anos 30 e 40, os imigrantes Judaicos deixaram as luzes nos seus laboratórios. Agora, as crianças Russas, Chinesas e Indianas têm um grande papel em Silicone Valley. Um Japão e uma Alemanha monoculturais fraquejaram no início da era informática, enquanto os EUA facilmente a atravessaram - parte disso ajudado por imigrantes como Sergey Brin e Vinod Khosla. A China dificilmente terá essa vantagem.
  • Centro financeiro. Os EUA têm a democracia e transparência, que é essencial para os mercados. Em qualquer dia, é mais provável confiar na NYSE do que digamos na SSE (Xangai). Os seus títulos e ações de mercado evoluíram ao longo de um século devido a experiências (de regulamentação, investigação e educação do cliente).
  • Falar a língua franca. Os EUA falam a língua dos instruídos do mundo. Através de uma combinação de razões (desde a extensão do Império Britânico até Hollywood) o inglês tem-se firmemente tornado no centro do mundo instruído. É pouco provável que o mandarim seja adotado (devido às grandes diferenças que possui comparativamente com a maioria dos outros idiomas) em grandes números por pessoas fora da China.
  • Os gastos em defesa. Levaria à China bastante tempo até aumentar os seus gastos em defesa ou criar relações de aliados remotamente perto do que aquelas que os EUA têm agora.
  • Bagagem histórica. Ao longo de toda a sua história, a China tem carregado uma enorme bagagem. A sua postura agressiva é mais temida do que a postura dos EUA. Uma pessoa da Coreia, Vietnam, Japão ou Índia é mais propensa a aceitar uma presença militar Americana na sua região do que presença chinesa.

Eu não vou falar acerca do maior problema (o envelhecimento da China) que já foi falado anteriormente. Os EUA terão uma população muito mais jovem do que a China nas próximas três décadas.

Em suma, a China não tem a maioria das vantagens que os EUA tinham para se tornar numa superpotência. A China será uma grande potência, mas nunca será capaz de rivalizar com os EUA no seu auge. Provavelmente, não vai existir nenhuma superpotência num futuro próximo.

Riscos para os EUA:

  • A saúde fiscal dos governos locais (como Detroit e Califórnia) está em mau estado.
  • Não há qualquer solução viável a ser tomada contra o aumento dos custos dos serviços de saúde.
  • Os custos da educação estão a destruir um pedaço significativo dos estudantes e a levar outros a um grande fardo de dívidas.

Estes 3 são enormes problemas para os quais não vejo soluções. Tendo dito isto, na sua história de mais de 230 anos, os EUA passaram por várias situações de crise e resolveram os seus problemas através de inovação e espírito empresarial.

Vamos considerar outras potenciais superpotências:

  • A Rússia. Com exceção da energia e da engenharia, não tem muitos pontos fortes (em economia, finanças, educação, tecnologia, entretenimento ou estrutura política) que a possam levar a grandes feitos. A Índia. Demasiado carenciada. Levariam décadas até a Índia ter um rendimento médio firme, quanto mais um rendimento alto. Historicamente, a Índia pouco se interessa em tornar-se numa superpotência. Mesmo no seu auge, os seus impérios normalmente mantinham-se longe das invasões do tipo que conhecemos agora.
  • O Japão, a Europa. Estão a envelhecer rapidamente.
  • O Sudeste Asiático. Em população, defesa, economia, todos são pequenos demais.
  • A Austrália. Pequena, isolada, com gastos em defesa limitados.

As pessoas tentam descartar os EUA prematuramente. A próxima guerra será travada pela superioridade da informação / comunicação.

Os EUA têm base para essa guerra pois controlam uma grande parte da informação do mundo. A PRISM da NSA é apenas um aviso assustador da vantagem que os EUA têm. As empresas que controlam as informações do mundo como Google, Twitter, Facebook, Apple, Yahoo e Microsoft ainda estão sediadas nos EUA e muitas mais estão a chegar diariamente (apoiadas pelas universidades mais avançadas do mundo). Então, não tentem prever o fim do estatuto norte-americano como superpotência tão cedo.

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