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Títulos como “chefe” e “diretor” têm um impacto negativo nas organizações. Por outro lado, o conceito de “treinador”, à imagem dos clubes de futebol, está muito mais conectado com sucesso e entrosamento.

Eu odeio a palavra “chefe”. E nem me falem em “diretor”. Estes títulos poderão estar a causar mais problemas no local de trabalho do que imaginamos, e está na altura de mudar. Não precisamos de ir muito longe, e basta olhar para os desportos para encontrarmos uma alternativa melhor: treinador.

Tom Brady e Bill Belichick ganharam 77% dos jogos em que participaram em conjunto ao longo dos últimos 13 anos. É um recorde tanto para um jogador como para um treinador.

Joe Kohen/Getty Images

No desporto, uma carreira com quase 80% de vitórias é simplesmente fantástica. E essa seria uma marca impressionante também noutras disciplinas. Imagine que no seu trabalho era capaz de tomar a melhor decisão oito vezes em dez ocasiões.

É óbvio que Brady e Belichick são dois dos melhores nas suas respetivas posições. Mas foi a relação entre ambos, como jogador e treinador, que os conduziu ao pináculo da sua indústria.

Bill Belichick nunca chefiou Tom Brady. Ele desenvolveu-o.

Ele pegou uma escolha de 6ª posição, com um leque básico de habilidades, e ensinou-lhe o jogo de futebol americano. Ensinou-o a vencer. Ensinou-o a treinar-se a si próprio.

E por seu lado, Belichick já não precisa de lhe “dar a mão” constantemente. Brady é um treinador em campo. Ele toma a maior parte das decisões por si próprio. E agora ajuda a desenvolver outros jogadores mais jovens e a construir uma equipa mais forte.

O que me choca acerca desta relação ganhadora é que não a tentamos transportar para o local de trabalho. Damos às pessoas os títulos de empregados e chefes, em vez de jogadores e treinadores.

Por definição, um chefe dirige outra pessoa. Por definição, um treinador desenvolve outra pessoa. E não é este o objetivo da chefia nas empresas? Ensinar os outros a alcançarem o seu máximo potencial

É por isso que precisamos de erradicar o termo “chefe” das nossas empresas e substituí-lo por “treinador”. Para que assim possamos desenvolver a futura geração de líderes.

Podem argumentar que esta ideia não passa de semântica. O termo “chefe” é apenas um título e alterá-lo não vai causar nenhum impacto real. Se também pensa assim, dê uma olhadela à experiência com guardas e prisioneiros. Poderá ver o impacto que um simples título pode ter no comportamento de uma pessoa.

Quando chamamos alguém de “chefe”, essa pessoa irá começar a mandar. Se chamarmos a essa mesma pessoa “treinador”, ela irá começar a treinar.

O treinador de futebol norte-americano John Wooden disse:

"No final de contas, trata-se de ensinar as pessoas, e o que sempre gostei acerca de ser treinador foram as sessões de treino. Não os jogos, não os torneios, mas sim poder ensinar os jogadores durante os treinos. Isso sim, para mim é treinar."

Existem outras razões pelas quais isto seria melhor para empresas e organizações.

Expetativas claras

Ninguém espera que um treinador entre em campo e faça um remate. Ele não pode. Mas muitas vezes existe um ressentimento entre empregados e chefes devido à confusão de responsabilidades.

As pessoas deixariam de estar constantemente a queixar-se aos seus amigos de que “o chefe não faz nada”. É fácil de compreender o papel de um treinador. É muito mais difícil delinear o papel de um chefe.

Responsabilidade

Quem é despedido quando uma equipa não tem um bom desempenho? Isso mesmo, o treinador.

O talento é importante num campo de futebol, mas a liderança é tão ou mais importante. Eu sou da opinião que muitas vezes temos esta situação mas empresas. É fácil para um chefe despedir um empregado quando as coisas não correm bem. É fácil desviar a responsabilidade para alguém abaixo de si. É fácil culpar um subordinado quando alguém comete um erro. A relação chefe/empregado cria uma hierarquia natural que permite e promove este comportamento.

Não estou a dizer que a “culpa” nunca é de outra pessoa. Mas tentar encontrar “culpa” não passa de uma escapatória. Em vez disso, tente encontrar a raiz do problema. Descubra onde é que o processo falhou. Desenvolva as pessoas para terem um melhor desempenho. Se o líder não consegue fazer isto, então a culpa é deles, não do indivíduo.

Estas mudanças podem ser subtis. Talvez sejam psicológicas. Talvez são difíceis de medir. Mas esta é uma mudança que precisamos que aconteça nas empresas. Precisamos de substituir os diretores por professores. Para o benefício de toda a organização e das suas pessoas.

Menos chefes. Mais treinadores. Por favor.

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