Grécia: possíveis cenários de um futuro próximo
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Elaborámos vários cenários, dos mais aos menos otimistas, que tentam demonstrar como será a situação da Grécia nos próximos tempos.

Com a luta para manter a Grécia no euro agora no seu sexto ano, toda a gente está a perder a paciência. Mais importante, o governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras em Atenas está a ficar sem dinheiro. Enquanto os rendimentos de títulos sugerem que os investidores esperam que a Grécia fique no euro, economistas como Erik Nielsen do UniCredit Bank AG dizem que pode ser apenas uma questão de tempo antes que ele seja forçado a imprimir uma nova moeda.

A adopção do euro foi sempre suposto ser um bilhete só de ida, portanto, não há nenhum precedente jurídico ou roteiro político para uma saída. Se está à espera de um anúncio formal de uma resolução clara, pode ter de esperar muito tempo.

Os próximos passos para a Grécia vão desde manter o euro a um divórcio catastrófico; meias medidas como ter várias moedas em circulação, com o auxílio reciclado para pagar as dívidas em moeda estrangeira, também estão na mesa.

Igualmente turvo é quem anunciaria ao mundo – e como – que a Grécia entrou numa vida após a morte económica. Possíveis mensageiros incluem Tsipras, o Banco Central Europeu, o Presidente da União Europeia, Donald Tusk, e o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, entre outros.

A seguir estão cenários possíveis, com base em entrevistas com economistas, investidores e antigos responsáveis políticos.

Cenário A – Evitar o “Grexit”

Tsipras, cujo partido Syriza ganhou as eleições de Janeiro prometendo desfazer os termos difíceis dos empréstimos de resgate, rende-se às demandas dos credores. As suas diplomacias arriscadas drenaram as reservas de dinheiro e partiram as pernas aos bancos gregos.

Confrontado com uma escolha entre a expulsão da zona euro ou implementar uma austeridade em troca de empréstimos, Tsipras escolhe o dinheiro. O BCE mantém o seu apoio ao sistema financeiro.

Enquanto a ajuda continua a correr, os dias do governo estão contados à medida que os seus partidários mais ferrenhos se amotinam. Uma nova coligação é formada, e o apoio de partidos da oposição pró-europeus mantém Tsipras no seu posto – ou são pedidas novas eleições.

A adesão ao euro da Grécia está assegurada, em ultima instância, já que os novos empréstimos são utilizados para reembolsar o BCE e o Fundo Monetário Internacional, e os cofres do país são reabastecidos. A Grécia recebe condições de reembolso dos empréstimos de resgate mais fáceis e condições mais favoráveis para “domar” a reação popular.

Cenário B – Hotel California

Ververidis Vasilis/Shutterstock.com

O ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis já disse que ser membro da zona euro é um pouco como a letra da canção de 1976 dos Eagles: " Pode fazer o check-out quando quiser, mas nunca pode sair”. Esta cadeia de eventos pode acontecer se Tsipras não conseguir chegar a um compromisso aceitável com os vários focos de poder, que vão desde o governo alemão a facções comunistas do seu partido Syriza.

Os empréstimos de resgate, a única fonte de financiamento da Grécia, permanecem estagnados. Com os líderes europeus políticos indisposto a continuar, o BCE raciona a Assistência de Liquidez de Emergência, a salvação que mantém os barcos gregos à tona.

Isso requer a imposição de controlo de capital – como não há dinheiro suficiente para satisfazer a procura – e, provavelmente, um feriado bancário.

Estamos a chamar aos dois resultados possíveis "cambalhota" e "check-out".

Cenário B1: cambalhota

As consequências dramáticas de controlo de capital – limites para levantamentos e transferências – forçam Tsipras a comprometer-se. Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos gregos – entre dois terços e três quartos da população – quer ficar na zona euro "a qualquer custo".

Tsipras forja uma nova coligação com parlamentares da oposição dos partidos pró-europeus. Um referendo, realizado em meio do controlo de capital e com os bancos fechados, dá-lhe um mandato para reverter caminho. Um governo de unidade é formado e a Grécia permanece no euro, mas não antes da interrupção desencadear uma nova recessão.

Cenário B2: check-out

Com os bancos fechados, a situação política deteriora-se e a revolta popular intensifica-se, com a Alemanha apontada como antagonista principal do país. As votações mostram um balanço a favor da quebra com zona euro.

O controlo de capital dá ao governo espaço e tempo para imprimir uma nova moeda ou IOUs para pagamentos domésticos. O novo plano cai rapidamente, refletindo os fundamentos fracos de uma economia que encolheu cerca de um quarto desde 2008.

Os governos da zona euro dão à Grécia um "adoçante", um empréstimo em dinheiro real. A razão para isso é de evitar o colapso económico total, o que criaria um Estado falhado numa região estrategicamente importante.

Aa dívida da Grécia a entidades públicas é reestruturada, possibilitando o reembolso dos empréstimos ao FMI, quer através de fundos crise da zona euro ou de crédito de partida. A Grécia permanece fora dos mercados de dívida.

A maioria das empresas e dos bancos gregos abre falência. Alguns depósitos bancários são apreendidos para recapitalizar um sistema financeiro quebrado. A reestruturação da dívida soberana de 2012, já garantiu que o Estado não vai ter que pagar o principal na maioria dos seus empréstimos existentes a investidores privados e da zona euro nos próximos anos, ou até que a economia estabilize.

A nova moeda e o euro circulam igualmente. A Grécia não saiu oficialmente da zona euro – a porta está aberta para um retorno – embora o país permaneça num purgatório financeiro.

Cenário C – o “C” é de catástrofe

A Grécia separa-se da zona euro numa falência confusa, por entre manifestações, com o agravamento da miséria para a maioria, que o governo culpa nos alemães.

Nenhuma ajuda é fornecida para apoiar uma nova moeda e manter laços de manutenção e dívida com o FMI. Isso desencadeia cláusulas de incumprimento cruzado com todos os credores. O governo e os bancos colapsam, o que significa que serão necessários anos antes que uma nova estrutura possa emergir.

A economia da Grécia mergulha numa segunda depressão. O golpe do maior incumprimento da história do capitalismo impulsiona a Europa de volta para uma recessão e isso coloca pressão sobre os países do euro mais vulneráveis, como a Itália.

Mau sangue leva à saída da Grécia da União Europeia. A ideia de que o euro é irreversível é colocada em causa, sacudindo os mercados globais.

A implosão económica abre caminho para extremistas, da esquerda ou da extrema-direita, para tomar o poder. Aqueles que podem, fogem do país.

O tumulto lança dúvidas sobre a adesão grega à NATO. Um novo – e instável – governo volta-se para a Rússia à procura de apoio, proporcionando um posto avançado no Mediterrâneo para Vladimir Putin.

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