O futuro não parece risonho para a Alibaba
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A maior empresa chinesa de e-commerce desaponta os investidores ao crescer bem menos que o esperado. E com a competição a aumentar, o futuro pode ser ainda mais difícil para a empresa de Jack Ma.

O lento crescimento da Alibaba na China custa aos investidores 70 mil milhões de dólares

Depois do Alibaba Group Holding Ltd. angariar um recorde de 25 mil milhões de dólares no ano passado, o fundador Jack Ma disse que a empresa chinesa de e-commerce estava em perigo por causa das falsas expetativas. E pode ter razão.

Evaporaram-se cerca de $70 mil milhões em valor de mercado desde que Ma fez esta declaração em Novembro, com os investidores preocupados com a desaceleração do crescimento. O domínio da Alibaba em casa como mercado de compradores e vendedores de bens está a ser prejudicado por uma economia chinesa que deverá crescer ao ritmo mais lento desde 1990 e por uma mudança do consumidor para as compras móveis que diminui as receitas publicitárias.

O empurrão de Ma fora da China ainda está também por ganhar força – a sua presença nos EUA e em grande parte da Europa continua a ser insignificante.

Os resultados que se esperam na quinta-feira devem mostrar que o ritmo de expansão de receitas da Alibaba caiu abaixo da média dos sete trimestres anteriores. As ações da Alibaba fecharam na terça-feira nos 79,54 dólares em Nova Iorque, 33% abaixo do seu pico de Novembro e o menor valor desde que a empresa com sede em Hangzhou vendeu ações a 68 dólares cada na sua oferta pública inicial, em Setembro.

Cao Lei, diretor da Central de Pesquisa sobre E-Commerce da China, em Hangzhou, disse:

"Com a economia chinesa em geral a abrandar e o mercado saturado nas grandes cidades, a expansão no exterior parece ainda mais importante."

O sucesso da Alibaba na China tornou-a a maior operadora de e-commerce do país, com tudo desde roupas e comida, a jatos e carros, que estão a ser vendidos através das suas plataformas.

Rússia, Brasil

Ma quer replicar isso em todo o mundo, tendo estabelecido uma meta de gerar metade das vendas e oferecer o serviço a mais de 10 milhões de pequenas empresas fora da China. Mas, enquanto a empresa tem feito incursões na Rússia e no Brasil, a Alibaba atualmente recebe menos de 5% da sua receita de fora da China, disse Ma em Março numa conta no Twitter da empresa.

As vendas da Alibaba subiram provavelmente 41% no quarto trimestre, para 16,9 mil milhões de yuans (2,7 mil milhões de dólares), de acordo com a média de 23 estimativas compiladas pela Bloomberg. Isso compara-se com uma média de cerca de 50% durante os últimos sete trimestres.

A estratégia da empresa de expandir em regiões mal servidas da China e no exterior está a aumentar os custos de marketing à medida que mais consumidores compram em dispositivos móveis, onde os anúncios normalmente geram menos receitas do que aqueles em computadores desktop. O lucro operacional vai provavelmente encolher 18%, para 4,5 mil milhões de yuans, de acordo com as estimativas.

“Crise de credibilidade”

"Eles têm enfrentado obstáculos e dificuldades que precisam de superar para alcançar o próximo nível de crescimento", disse Matthew Kwok, estrategista-chefe da China Yinsheng Asset Management Ltd. em Hong Kong.

"A empresa teve tanto sucesso na China, faria sentido replicarem este modelo de negócios no exterior."

A Alibaba recusou-se a comentar num e-mail, citando restrições do período de espera antes da divulgação dos resultados.

Somando-se às preocupações em torno das perspectivas de crescimento da Alibaba estão a ser relembradas as alegações de que as plataformas da empresa, incluindo o mercado Taobao e o Tmall.com, são um paraíso para os falsificadores. Este ano, o governo chinês disse que a Alibaba enfrenta uma "crise de credibilidade" por não reprimir os comerciantes obscuros, produtos falsificados e promoções enganosas.

Enquanto os investidores puniram a Alibaba, um índice de empresas chinesas com negócios nos EUA deu um salto de 17% este ano. Os operadores rivais de e-commerce também subiram com a JD.com Inc. a subir 46% em Nova Iorque e a Tencent Holdings Ltd. a ganhar 40% em Hong Kong, na terça-feira.

As duas empresas uniram forças para competir com a Alibaba. A Tencent está a tentar conduzir os mil milhões de utilizadores das suas aplicações WeChat e QQ para a JD.com, que iniciou recentemente um serviço para acelerar as importações dos compradores chineses.

À medida que a JD.com, a segunda maior empresa de e-commerce da China, “eleva o seu jogo”, disse Mark Tanner, fundador da China Skinny, uma agência de pesquisa e marketing com sede em Xangai, o crescimento anterior da Alibaba "parece insustentável a médio prazo."

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