A imparável Uber
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Apesar dos problemas que enfrenta na Europa a Uber está prestes a obter um financiamento de mais dois mil milhões de dólares, o que a tornará a startup mais valiosa do mundo.

Uber, a controversa e cada vez mais popular aplicação de partilha de transporte, está em alta.

O Wall Street Journal noticia que a empresa está em negociações para obter mais dois mil milhões de dólares em financiamento, num negócio que iria avaliar (se aceitarmos todas as condições e obscuros cálculos matemáticos envolvidos nestas avaliações do mercado privado) a empresa em 50 mil milhões de dólares e colocá-la como a startup mais valiosa do planeta.

Porque está a Uber a tentar angariar este dinheiro? A empresa acabou de obter financiamento, e não é claro se já gastou todo, ou sequer algum desse dinheiro. A história que prevalece entre a imprensa de tecnologia é a de que a companhia está a recolher mais dinheiro simplesmente… porque pode. Como como diz o New York Times, a empresa está a tirar partido da “abismal quantidade de interesse por parte dos investidores”.

Esse enorme interesse reflete, sem dúvida, um clima altamente favorável para o investimento em startups de tecnologia. Mas também reflete o facto de que a Uber está a crescer de forma incrível. Em dezembro, a Business Insider obteve acesso a vários documentos que sugerem que as receitas da empresa estão a crescer a um ritmo verdadeiramente desconcertante. Um dos seus maiores apoiantes, o responsável pela Google Ventures Bill Maris, colocou a Uber como a startup com o crescimento mais veloz que ele alguma vez conheceu. A Uber não teceu qualquer comentário quanto à possível nova movimentação de financiamento.

As estimativas para o potencial tamanho do mercado da Uber são muito díspares entre si, mas é perfeitamente claro que o negócio desta aplicação é lucrativo. Assim, se aceitarmos que a Uber já conquistou todo o mercado, levanta-se uma questão: há alguma coisa que possa descarrilar este negócio?

Um espinho no pé da companhia são as suas relações de trabalho. O modelo de negócio da empresa depende de um “exército” de motoristas que colaboram com a Uber. E tal como o gráfico acima, elaborado a partir de um estudo comissionado pela Uber, demonstra, a empresa tem um problema em manter os seus condutores.

Os motoristas da Uber têm mais semelhanças com colaboradores a tempo parcial, mas querem ser pagos e tratados como empregados. Quanto mais financiamento a companhia consegue obter, maior pressão irá enfrentar neste campo. A verdadeira extensão deste problema está ainda por ser esclarecida.

Entretanto, o maior obstáculo, pelo menos a curto prazo, é a sua própria soberba. Existem várias pistas que apontam para as práticas duvidosas da companhia e para a dificuldade em lidar com as relações públicas: comentários de um executivo acerca de como deveria descobrir os “podres” dos jornalistas; alegações de que a empresa tentou sabotar o negócio dos seus competidores; preocupações de privacidade, e críticas sobre o aumento dos preços durante períodos problemáticos, para nomear apenas algumas.

Sob esta perspetiva, a maior ameaça para a Uber talvez não seja a Lyft ou a oposição das empresas de táxis tradicionais, mas sim a própria Uber.

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