Num poderoso discurso na Universidade George Washington, o presidente da Apple exortou os estudantes a seguirem princípios morais e a seguirem o exemplo de Steve Jobs. Cook refere ainda acontecimentos que o marcaram ao longo da vida.
Muitas pessoas veem o trabalho como uma tarefa aborrecida e inútil – uma perspetiva que o próprio Tim Cook admitiu partilhar em 1997, quando chegou à Apple. Mas Cook revelou que Steve Jobs fê-lo questionar tudo aquilo que pensava ser verdade. Jobs convenceu-o que “fazer o bem e fazer bem” não eram mutuamente exclusivos.
“Sempre pensei que o trabalho era trabalho”, afirmou Cook. “Havia certas coisas que eu queria mudar no mundo, mas achava que isso era o que teria de fazer no meu tempo livre. O Steve não via as coisas dessa forma. Ele convenceu-me que se fizermos bons produtos, também nós podemos mudar o mundo.”
Como exemplo, o presidente da Apple apontou à funcionalidade dos iPads, Macs e iPhones que permite aos invisuais comunicarem com os seus amigos e família.
Acerca de como mudar o mundo
Cook também referiu o caso dos “jornalistas quotidianos” que utilizam os seus telemóveis para capturar e comunicar a brutalidade policial. E foi muito aplaudido quando afirmou que os produtos da Apple podem dar poder às pessoas que testemunham injustiças, porque hoje em dia as pessoas têm sempre uma câmara de filmar no seu bolso.
“Na Apple, acreditamos que o trabalho deve ser mais do que melhorar a nossa própria situação; trata-se também de melhorar as vidas das outras pessoas”, afirmou Cook. “Acreditamos que uma empresa que tem valores e que age em conformidade com eles pode mesmo mudar o mundo”, concluiu.
Acerca de conhecer George Wallace e Jimmy Carter
Tim Cook afirmou que o seu “compasso moral” encontrou o norte quando conheceu o ex-governador do estado do Alabama George Wallace e o antigo presidente norte-americano Jimmy Carter, enquanto estudante de liceu durante o verão de 1997.
O presidente da Apple nasceu no seio de uma família pobre no Alabama, e na altura que frequentava o liceu ainda estava a viver no sul dos EUA. Mas afirmou que conhecer George Wallace, defensor do segregacionismo, “não foi uma honra”.
“Apertar-lhe a mão foi como uma traição às minhas próprias crenças, como se estivesse a vender um pedaço da minha alma”, afirmou Cook, referindo-se ao momento em que foi apresentado ao conhecido governador racista.
Pelo contrário, conhecer Jimmy Carter foi um ponto alto na sua vida. Embora Carter tivesse sido governador de outro estado do sul (Geórgia) e, tal como Wallace, também fosse um democrata, Cook considerou que o antigo presidente tinha uma outra abordagem à vida. “Ele era bondoso e cheio de compaixão”, afirmou Tim Cook.
“Um estava certo e o outro estava errado”, afirmou acerca de Carter e Wallace.
Acerca de Steve Jobs e da “Estrela Polar”
O conselho de Cook para os estudantes foi para se guiarem pela sua própria moral. Ele encorajou a audiência a adotar o otimismo de Steve Jobs e a acreditar que o seu trabalho pode melhorar o mundo, e instigou todos os estudantes a seguirem o exemplo da humanidade de Jimmy Carter – algo que o antigo presidente “nunca sacrificou” apesar de possuir o cargo mais importante do mundo, considerou o responsável da Apple.
“Os vossos valores são importantes. Eles são a vossa Estrela Polar”, afirmou Cook. “Caso contrário é apenas um trabalho, e a vida é demasiado curta para isso. Não querem viver a vossa vida fora de campo. Existem problemas que precisam de ser solucionados e injustiças que têm de ser resolvidas.”
Tim Cook concluiu o seu discurso usando o iPhone para fotografar os licenciados. A declaração do passado domingo foi o primeiro discurso de graduação conduzido por um presidente da Apple desde a declaração de Steve Jobs na Universidade de Stanford, em 2005. Tim Cook também já tinha discursado na Universidade de Auburn, em 2010, numa altura em que era o responsável de operações da Apple.