O que se passa com as empresas alemãs?
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O desempenho das maiores empresas alemãs está a ser dececionante no presente trimestre. Perceba as encruzilhadas em que se movem o Deutsche Bank, a Siemens e outros gigantes alemães.

Seja o Deutsche Bank AG (XETRA: DBK) ou a Deutsche Lufthansa AG, a Siemens AG (XETRA: SIE) ou a RWE AG (XETRA: RWE), os erros que atormentam os dirigentes do país ajudaram a tornar o DAX no índice de referência com o pior desempenho da Europa neste trimestre, assim como no mais atrasado quando comparando com os medidores dos E.U.A.

Algumas das maiores empresas no poder económico europeu estão numa agitação e a verem-se a ser ultrapassadas por empresas concorrentes que se adaptam mais rapidamente a tecnologias mais inovadoras e a novos concorrentes.

Deutsche Bank

O problema: à medida que os seus colegas na Europa reduzem a comercialização de rendimentos fixos e outras atividades de investimento bancário, o banco que outrora se gabava de conseguir ultrapassar a crise financeira sem qualquer ajuda do estado, comprometeu-se a ganhar quotas de mercado enquanto os outros desertavam. O plano não obteve propriamente o resultado esperado, à medida que o regulatório que exige que se impere no meio do risco está a cortar nas margens dos rendimentos e a incitar os acionistas a questionarem a estratégia do banco.

O precedente: o UBS Group AG. O Deutsche Bank nomeou John Cryan, co-Ceo na instituição, para suceder Anshu Jain no cargo de CEO no próximo ano, uma vez que o banco está a preparar-se para levar a cabo uma revisão estratégica semelhante à que Cryan realizou há seis anos atrás quando era diretor financeiro do banco suíço rival.

Siemens

O problema: frequentemente a maior empresa de engenharia da Europa atrasou a rentabilidade dos seus maiores concorrentes. A resposta do seu CEO Joe Kaeser sempre foi livrar-se de brechas no negócio tais como aparelhos domésticos com vendas anuais de cerca de 11 mil milhões de euros ($12,3 mil milhões) e focar-se na geração de energia e nos processos industriais. Essa aposta provou ser inoportuna com a quebra dos preços do petróleo a incitar cada vez mais cortes nos postos de trabalho.

O precedente: a General Electric Co (NYSE: GE). O CEO Jeff Immelt começou a livrar-se dos aparelhos de entretenimento, financeiros e domésticos há quatro anos atrás, quando tentava focar a Fairfield, uma empresa sediada em Conneticut no seu negócio industrial.

RWE AG

O problema: a maior empresa geradora de energia da Alemanha entrou no mercado das energias renováveis “provavelmente tarde demais”, afirmou no ano passado o CEO Peter Terium. Em 2013, a empresa registou a sua primeira perda anual desde que a República Federal foi fundada há 66 anos atrás, e 40% da sua energia ainda é gerada a partir da lenhite e cerca de 23% da hulha.

O precedente: possivelmente a rival da Alemanha EON SE (XETRA: EOAN), embora nenhuma empresa tenha reagido rapidamente à mudança de geração de energia por parte da Alemanha, devido ao desastre nuclear de Fukushima em 2011. Ao longo de quatro anos até 2014, a EON dividiu-se em duas, tirou partido dos combustíveis fósseis para se focar nas energias renováveis e cortou 26.000 postos de trabalho, para além de ter vendido os seus ativos a mais de 20 mil milhões de euros.

Deutsche Lufthansa AG

O problema: a principal companhia aérea da Alemanha subestimou a pressão das companhias low-cost que se expandem pela Europa e está com dificuldades em mover-se no trafego de curta distância devido à sua unidade Germanwings. Sejam grandes nomes como a Ryanair ou a easyJet, ou pequenos intervenientes como a Norwegian Air Shuttle e a Wizz, está aberta a guerra dos preços.

O precedente: a International Consolidated Airlines Group SA. O proprietário da British Airways Plc desistiu da maioria do trafego europeu que não contribui para os seus equipamentos de longa distância em Heathrow e comprou a transportadora espanhola low-cost Vueling SA para cobrir muitas das rotas de curta distância.

Adidas AG

O problema: a fabricante de artigos desportivos tem perdido nos últimos anos quotas de mercado para a sua arqui-inimiga Nike Inc. (NYSE: NKE), assim como para iniciantes como a Under Armour Inc. O CEO Herbert Hainer revelou um plano de reviravolta cujo objetivo era mudar as despesas para cidades como Nova Iorque e Paris, ao mesmo tempo que tenta patrocinar mais atletas de renome.

O precedente: a Nike derrotou a Adidas por ter feito o seu equipamento desportivo mais atrativo para clientes jovens urbanos e por contratar as maiores estrelas desportivas do mundo. A empresa alemã está a transferir mais designers para Brooklyn para recuperar o seu charme urbano.

Volkswagen AG

O problema: a maior fabricante de automóveis da Europa está prestes a tornar-se na líder mundial em termos de vendas. No entanto, o seu esforço pela liderança pública deste ano mostra que nem tudo está bem em Wolfsburg. Uma estrutura de tomada de decisão centralizada fez com que a empresa ficasse mais lenta a adaptar-se a tendências como uma maior popularidade dos SUV e contribuiu para que a VW (XETRA: VOW3) falhasse em derrotar o mercado americano.

Os precedentes: a Toyota Motor Corp. e a General Motors Co (NYSE: GM). Ambas têm sido mais ativas na delegação de poder a unidades regionais, vendendo modelos amplamente específicos para uma determinada região, tais como a carrinha de caixa aberta Tacoma da Toyota nos E.U.A. ou o minicarro Opel Adam da GM na Europa. Só agora é que a VW está a começar a dar mais autonomia às suas unidades.

Os problemas da Alemanha são mais graves do que estes mastodontes icónicos. O Commerzbank AG, a Lanxess AG, a Osram Licht AG e muitas outras também poderiam ser adicionadas à lista.

“O sucesso da Alemanha nos últimos anos significou que talvez tenha ficado um pouco complacente”, afirmou Gordon Riske, CEO da fabricante de empilhadores Kion Group AG. “É preciso adaptar-se em função da realidade económica em mudança, mas o país tem sido um pouco lento em fazê-lo.”

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