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A ficção centrada em distopias e cenários apocalípticos está a atravessar uma forte onda de popularidade. Mas quais serão as mais prováveis causas para uma eventual extinção da nossa espécie?

É o fim do mundo como nós o conhecemos e você não deve, definitivamente, sentir-se bem com isso. As audiências modernas parecem mais finalmente sintonizadas com a ficção apocalíptica do que quaisquer outras, sintetizando a obsessão da geração anterior com o holocausto nuclear, outra guerra nuclear e formigas gigantes numa única besta com vários membros de destruição.

Ainda assim, os filmes, programas de TV e livros de fim-do-mundo de hoje em dia mantêm as coisas a uma distância irónica – Mad Max: Fury Road é sobre uma Terra devastada pela seca, mas é principalmente uma parábola feminista. The Maze Runner é sobre... Bem, é algo semelhante mas passa-se muito ao redor de pessoas bonitas e romance.

Na realidade, o fim dos tempos é muito mais aterrorizante. E estão a chegar – lenta mas seguramente, estão a chegar. Há grupos de cientistas a especular sobre quando exatamente a humanidade irá conhecer o seu criador e, talvez mais importante, que formato terá o apocalipse.

E surpreendentemente os filmes chegam lá perto – não exatamente sobre o dinheiro mas não muito longe. É só que em vez das bandas sonoras, grandes explosões e a Charlize Theron provavelmente será uma guerra, fome, pestilência e morte. O verdadeiro armageddon terá pouco a ver com o filme Armageddon. A menos que você coloque os Aerosmith a tocar à medida que se dirige para a luz...

Apresentam-se de seguida as dez mais prováveis formas que levarão a humanidade à extinção.

1. Robôs assassinos

Acontece que apesar de o cyborg em questão provavelmente não ser baseado num ex-Mr. Universo há uma hipótese de a humanidade conhecer o seu fim nas mãos daqueles que fazemos à nossa própria imagem. A ONU chegou a pedir a proibição de “robots assassinos” para coibir a utilização de soldados mecânicos... Mas provavelmente temiam que o Terminator acontecesse.

Deviam temer. A Universidade de Cambridge começou um projeto de pesquisa chamado Projeto para Risco Existencial, em 2012, para analisar potenciais ameaças à humanidade causadas por tecnologias em desenvolvimento. Concluíram que as maiores entre todas são a inteligência artificial, o aquecimento global, a guerra nuclear ou a biotecnologia trapaceira.

“The Singularity” é o nome dado ao momento em que a Inteligência Artificial floresce, começa a fazer robots cada vez mais inteligentes e eventualmente acaba por fazer excedentes de seres humanos consoante requisitos. Então sim, os robots assassinos poderão derrubar-lhe a porta de casa e matar a sua família – ou poderão tirar-lhe o trabalho e tornar-nos a todos extintos.

2. Somos dizimados por uma nova espécie

O aparecimento de uma nova espécie é realmente uma comum previsão para o apocalipse – apesar de não ser muitas vezes escolhida pela ficcção ao redor do fim-do-mundo. A forma mais prosaica é que uma espécie invasora – como os sapos que comeram tudo na Austrália num episódio dos Simpsons – poderia destruir o nosso ecossistema, causando fome.

A fome conduz a tumultos, os tumultos levam à fome, que por sua vez leva à morte. Fim.

Outra perspetiva muito mais aterrorizante é que algum organismo geneticamente modificado poderá derrubar o nosso lugar no topo da cadeia alimentar, o que também irá perturbar o equilíbrio do planeta.

Outra preocupação passa por um ser muito pequenino: algas. Os micróbios que vivem no fundo de lagos, rios e oceanos estão a evoluir lentamente podendo vir a transformar a atmosfera da Terra ao ponto de não existir oxigénio suficiente para os humanos, você sabe, respirarem. O fim do mundo poderá passar pelas algas a sufocarem-nos até à morte.

3. Um asteroide destrói a humanidade

Michael Bay foi preciso com o seu filme Armageddon, de 1998 – um filme que a NASA apresenta aos seus candidatos antes de lhes pedir que apontem todas as questões de má ciência no filme. Há toneladas disso mas o diretor de sucessos como os Transformers e todos os outros Transformers estava certo em relação ao facto de poder vir a ser um enorme asteroide a destruir o nosso planeta.

Parece que não se pode passar uma semana sem previsões condenadores relativamente a uma enorme rocha espacial a vir na nossa direção – e de cada vez ou por pouco não acerta na Terra, no último segundo, ou então explode na atmosfera e chega ao nosso planeta em pedras sob a forma de bola de golf. Nada para nos preocuparmos, certo?

A possibilidade de um asteroide matar a humanidade em qualquer momento em breve é de algo como 0.00013%, com os sistemas de alerta precoce a darem-nos tempo para pensarmos numa forma de o impedir (o que não passará pelo treino de astronautas em plataformas de petróleo). Mas é certamente verdade que uma rocha de cinco quilómetros atinge a Terra uma vez a cada 20 milhões de anos e a última vez já foi há algum tempo...

4. O aquecimento global derrete tudo, o mundo inunda

Quando até mesmo o Papa sugere que talvez devamos assumir alguma responsabilidade por essa coisa do aquecimento global – estes cientistas têm uma certa razão – você sabe que há um problema. Apesar de uma data de argumentos irracionais contra os factos, o aquecimento global é definitivamente um facto e não irá de forma alguma melhorar se mudanças importantes não forem realizadas.

Mesmo assim, poderá ser um caso de demasiado pouco e demasiado tarde. A alteração climática é algo que sempre ocorreu lentamente ao longo da história do nosso planeta mas tem sido dramaticamente acelerada pela poluição e questões relacionadas. No filme The Day After Tomorrow tal irá conduzir-nos a uma nova idade do gelo; mas poderá ir por outro caminho, derretendo calotes polares e inundando o mundo.

Mas mais provavelmente do que qualquer uma dessas hipóteses é que o efeito será lento e insidioso, causando secas por toda a Terra e eventualmente arruinando colheitas e coisas assim. Cumulativamente, tal poderá levar à fome em todo o mundo, tanto por comida como por água, eventualmente matando toda a nossa espécie numa combinação de fome e desidratação. Erk.

5. Fungos fatais que nos apagam totalmente

O jogo The Last Among Us, para a Playstation, tinha uma particularmente nova explicação para o fim do mundo: um apocalipse de zombies, sim, mas causado por um tipo de fundo que ataca o cérebro das pessoas, fazendo-o desaparecer pelos poros, tornando-as em monstros irracionais e violentos – o que provavelmente não irá acontecer na vida real.

Contudo, de acordo com David Wake, curador no Museu de Zoologia de Vertebrados na Universidade de Berkeley, na Califórnia, as ameaças fúngicas poderão ser ainda mais preocupantes do que novas formas de vida. Há algo que se chama fungo chytrid que se encontra neste momento a dizimar a população de rãs nos Estados Unidos.

Intimidado, hein? Não temos o monopólio da evolução, por isso existe a hipótese de um fundo semelhante se desenvolver e atacar as pessoas de forma parecida. Pelo menos temos antibióticos e coisas semelhantes para outras doenças mas basicamente não há preparação para fungos que crescem nos nossos pulmões e nos matam.

6. Hey, a guerra nuclear ainda pode acontecer!

A ameaça de iminente apocalipse nuclear não parece tão alta como durante a Guerra Fria, quando a Destruição Mútua Assegurada parecia ao virar da esquina quase constantemente – e se você não tivesse a premeditação de se esconder debaixo da sua secretária na escola quando as bombas eram lançadas você estaria atomizado dentro de segundos.

Nada mudou, no entanto. A União Soviética entrou em colapso, tal como o Muro de Berlim, mas as tensões entre a Rússia e o resto do mundo permaneceram preocupantes. Entretanto, a proliferação de armas nucleares significa que ainda mais países as detém do que antes – e poderão escolher detoná-las se alguém os chatear.

Na verdade, o documentário Countdown to Zero, de 2010, defende que a probabilidade de utilização de armas nucleares na verdade aumentou desde o fim da Guerra Fria e graças ao terrorismo, proliferação nuclear, roubo de materiais e armas nucleares, e por aí em diante. Basta esperar pela próxima crise dos mísseis de Cuba e provavelmente os que se encontrarem envolvidos serão mais entusiastas com o gatilho.

7. Uma pandemia global mata toda a gente

Este é um daqueles factos amplamente relatados – de como a humanidade se tornou demasiado boa com os antibióticos. Neste ponto desenvolvemos imunidade para quase todas as doenças identificáveis – estão a ser feitos notáveis avanços em relação ao VIH-SIDA – o que não é necessariamente motivo de celebração pois significa que essas doenças estão a evoluir para combater os antibióticos.

Nesse caso será uma corrida louca para os investigadores descobrirem uma nova cura para essas doenças assassinas super-evoluídas e que encontraram uma forma de contornar a nossa medicina. E esse tipo de pesquisa não costuma ser rápida. E depois existem aquelas que já são difíceis de tratar – imagine se o recente surto de Ébola tivesse tido uma escala global.

A combinação de uma doença incurável, altamente contagiosa e letal poderá vir a ser a nossa ruína, especialmente quando estamos sempre a viajar para outros países e a espalhar coisas. Se uma pandemia dessas ocorresse seria semelhante à Peste Negra, apenas uma centena de vezes pior. E você sabe quantas pessoas sobreviveram à praga, certo?

8. É lançada uma doença fabricada pelo homem

A única coisa que poderia ser pior do que uma pandemia global a evoluir e matar toda a população do mundo seria se criássemos o nosso próprio vírus assassino e o soltássemos acidentalmente – o que não significa necessariamente a existência de governos a trabalhar em infeções zombie, mas também não significa que não existam, certo?

Em 2011, um investigador brincou com o vírus H5N1 e chegou a uma estirpe da gripe das aves que era ainda mais potente do que a forma natural, uma doença mutante transmissível por furões e através do ar – o último dos quais é um dos pré-requisitos para uma pandemia global tomar lugar.

Desde então tem existido alguma preocupação em relação à possibilidade desses estudos correrem mal e de inadvertidamente serem lançadas doenças mutantes para o mundo, mais mortais do que as suas formas regulares. Ainda pior seria se alguém mexesse num vírus com a intenção explícita de o lançar e matar toda a população. Um movimento mesquinho.

9. Existem, simplesmente, muitos de nós

Tantos que muitos se recusam a admiti-lo. Damon Albarn poderá ter alguma razão. Os Blur retornaram com o álbum The Magic Whip que estava cheio de declarações políticas deselegantes, sendo a mais potente “há muitos de nós”, um tratado sobre o excesso de população e os perigos do mesmo para o futuro da humanidade.

O tipo que cantou “Parklife” está certo até determinado ponto. O planeta está loucamente sobrepovoado. Thomas Malthus previu-o no século XVIII, embora fosse um pouco cedo: é verdade que agora as pessoas vivem muito mais tempo e nascem muitos mais bebés, não existindo recursos ou espaço para os apoiar.

Enquanto alguns estimam que a população acabará por se equilibrar e que tudo ficará bem – avanços na ciência e na medicina poderão significar que as pessoas venham a viver até idades mais longas e que outros possam conceber com maior facilidade. Tal significa menos comida, menos espaço e menos felicidade para o resto de nós. Este último ponto não mata, mas é uma treta.

10. Tudo o que foi referido acima

Apesar de tudo a causa mais provável de um apocalipse será uma combinação de todas as hipóteses referidas. Uma população enfraquecida por doenças, em demasia e com fome – sem estar preparada para a insurreição de robots, guerras nucleares ou fungos. Basicamente, o filme Interstellar poderá ter lugar e não haverá um Matthew McConaughey a pesquisar uma forma de salvar toda a gente.

O especialista Joseph Miller é simpatizante deste “efeito bola de neve” como sendo o que eventualmente irá destruir a Terra – o que poderá tornar o fim dos tempos menos apocalíptico e mais imediato, “Não será como ser atacado por um tigre de dentes de sabre. Será mais como ser mordiscado até à morte por patos.” O que soa adorável mas lembre-se: envolve o fim de tudo.

Numa menor escala, até mesmo uma pandemia poderá ocorrer numa parte do nosso delicado ecossistema – como se o tal fungo começasse a afetar as abelhas – o que teria o resultado de desequilibrar a nossa cadeia alimentar e exacerbar um problema existente como a sobrepopulação ou a falta de alimentos graças ao aquecimento global.

Boas notícias: você não precisa de se preocupar com a hipótese de qualquer uma destas previsões se tornarem realidade. Más notícias: você tem que se preocupar com a hipótese de todas se tornarem realidade ao mesmo tempo.

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