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As economias espanhola e irlandesa estão a recuperar da crise e são já os países com o crescimento mais rápido da zona euro. Será uma prova de que a austeridade funciona?

As economias espanhola e irlandesa estão em forte crescimento, à medida que recuperam da crise e se tornam nos países com o crescimento mais rápido da zona euro, de acordo com os dados mais recentes.

Tanto a Espanha como a Irlanda foram dos países mais afetados pela crise financeira global mas ambos conseguiram uma forte recuperação, numa altura em que o longo período de austeridade chega ao fim e a confiança dos consumidores e das empresas regressa.

Um gasto recorde dos turistas estrangeiros ajudou a Espanha a registar o seu trimestre com o crescimento mais rápido desde 2007, enquanto a economia irlandesa regressou aos seus níveis anteriores à crise e cresceu seis vezes mais depressa que a média da zona euro.

Os turistas injetaram 6,5 mil milhões de euros na economia espanhola durante o mês de junho, um aumento de 4,3% em relação ao ano anterior. Os números da primeira metade deste ano são também um recorde de 28,3 mil milhões de euros, mais 7,4% que no mesmo período de 2014, ajudando a economia espanhola a crescer pelo oitavo trimestre consecutivo.

Em termos globais, a economia cresceu 1% no segundo trimestre, em comparação com os 0,9% registados no primeiro trimestre, segundo os dados preliminares do INE, o instituto nacional de estatística espanhol. Os dados oficiais de Dublin, que foram adiados devido a uma série de revisões, mostram que a economia irlandesa cresceu 1,4% no primeiro trimestre.

O Fundo Monetário Internacional prevê que a economia espanhola cresça 3,1% durante este ano e que a economia irlandesa tenha uma expansão de 4%. A semana passada, o banco central irlandês, um dos mais conservadores nas suas previsões, aumentou as suas perspetivas de crescimento para este e para o próximo ano, para 4,1% e 4,2%, respetivamente.

“A normalidade está de volta”, afirmou Danny McCoy, presidente do Ibec, a organização de empregadores irlandeses. A agência Goodbody calculou que a economia irlandesa regressou aos níveis anteriores à crise durante o terceiro trimestre do ano passado.

Espera-se que a economia espanhola desempenhe um papel fundamental nas próximas eleições nacionais, que vão ter lugar antes do final do ano.

Depositando a sua esperança de reeleição no bom desempenho económico, o primeiro-ministro Mariano Rajoy tem vindo a afirmar repetidamente que as reformas postas em prática pelo seu partido – o Partido Popular de centro-direita – têm sido o principal responsável pela recuperação económica espanhola.

A semana passada, o INE anunciou que a Espanha tinha criado 411 mil empregos no último trimestre, o maior aumento desde 2005. A taxa de desemprego caiu de 23,8% para 22,4%, do primeiro trimestre para junho.

Mas segundo José Ignacio Conde-Ruiz, professor de economia da Universidad Complutense de Madrid, o crescimento atual está fortemente apoiado no aumento do consumo interno.

“Seria melhor se tivéssemos um crescimento ligeiramente mais lento mas com mais investimento e menos consumo”, afirmou Conde-Ruiz. “Porque não podemos ter um crescimento baseado no consumo doméstico durante muito tempo”, explicou.

O desemprego é o assunto mais importante para os eleitores espanhóis, revelou um inquérito recente. A corrupção e a economia foram os segundo e terceiro temas mencionados no inquérito do mês passado.

A opinião dos eleitores espanhóis sobre a sua economia tem vindo a melhorar, com 28,3% dos inquiridos a afirmar que a economia estará melhor dentro de um ano, comparando com os 15% que registaram a mesma opinião há dois anos.

Mas a recuperação poderá ser demasiado tardia e demasiado desigual para dar a maioria a Mariano Rajoy, considera Pablo Simon, editor do blog político Politikon e professor de ciência política na Universidad Carlos III, de Madrid.

“Será muito difícil ao PP tirar grande partido [da economia] até que haja uma recuperação muito consolidada”, explica o professor.

Javier Díaz-Giménez, professor de economia da IESE Business School, afirma: “O crescimento durante o segundo trimestre confirma o forte desempenho da economia espanhola no primeiro semestre. Mas será mais difícil continuar a crescer a essa velocidade durante a segunda metade do ano. As eleições que se aproximam aumentaram o nível de incerteza e muitos investidores internacionais estão agora à espera de ver o que acontece.”

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