Como a descida do petróleo afeta a OPEP
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Todos os 12 membros da OPEP estão a sofrer com os baixos preços do petróleo, porém não estão todos a sofrer da mesma maneira.

Todos os membros da OPEP estão descontentes com a descida do preço do petróleo – mas nem todos estão a lutar ao mesmo nível.

“O ‘espetro de dor’ é amplo.” – escreveu Helima Croft, Chefe da Estratégia de Commodity na RBC Capital Markets, numa nota aos seus clientes.

Alguns países são mais pequenos e ricos e suportam a tempestade relativamente bem. Outros são mais pobres e enfrentam maior instabilidade política interna – encarando assim maiores desafios.

A RBC Capital Makets avaliou a situação de cada produtor da OPEP e identificou quais os países que estão a lidar bem com a situação e quais os que se encontram “em risco de colapso nos próximos meses”.

A cada país é dado um ranking de “risco para o próximo ano”, onde 10 é o mais alto. Listamo-los por país em menor risco até ao país em maior risco.

Kuwait

Sheikh Sabah al-Khaled al-Sabah, Ministro dos Negócios Estrangeiros

Risco para o próximo ano: 2

Produção de petróleo no mês passado: 2.83 milhões de barris por dia (mb/d)

Produção de petróleo em 2014: 2.87 mb/d

O Kuwait tem uma população pequena, um “substancial” fundo de riqueza soberana e mais amortecedores para gerir o descontentamento. No entanto, de acordo com analistas da RBC Capital Markets, considerando que o petróleo representa 94% das receitas do país a descida do preço do mesmo tem prejudicado esta nação da OPEP.

Qatar

Mohammed Saleh al-Sada, Presidente da OPEP e Ministro da Energia e Indústria do Qatar

Risco para o próximo ano: 2

Produção de petróleo no mês passado: 0.67 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 0.71 mb/d

O Qatar tem uma população pequena e muitos recursos, o que oferece a esta nação da OPEP um dos maiores PIB/per capita do mundo. Além disso, tem focado a maior parte dos seus recursos em gás natural liquefeito. “Os desafios para o Qatar irão surgir no final desta década.” – escreve Helima Croft da RBC Capital Markets.

Emirados Árabes Unidos

Um grupo de nacionais passeia em frente à Burj Dubai Tower, a torre mais alta do mundo, no dia da sua inauguração, no Dubai

Risco para o próximo ano: 2

Produção de petróleo no mês passado: 2.80 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 2.77 mb/d

Croft escreve: “Cheios de dinheiro e com poucos cidadãos os EAU estão confortáveis.” Apesar disto o ano passado foi ainda difícil para os Emirados e o governo anunciou que iria cortar cerca de 4.2% dos seus gastos e subsídios aos combustíveis.

Irão

Um membro do Exército iraniano aguarda pela cerimónia de despedida do Presidente russo, Vladimir Putin, em Teerão

Risco para o próximo ano: 3

Produção de petróleo no mês passado: 2.85 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 2.79 mb/d

Croft escreve: “O Irão é a história que deu meia volta este ano considerando que se encontra prestes a emergir de décadas de isolamento económico e internacional, depois do recém-concluído acordo nuclear. (...) Embora o ritmo do alívio das sanções possa provar-se mais lento do que alguns antecipam, considerando a baixa base a partir da qual o Irão está a começar, acreditamos que o país irá revelar uma melhoria significativa – especialmente com acesso ao SWIFT e divisas em contas congeladas.”

Arábia Saudita

Ali bin Ibrahim Al-Naimi, Ministro do Petróleo e dos Recursos Minerais da Arábia Saudita

Risco para o próximo ano: 4

Produção de petróleo no mês passado: 10.57 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 9.67 mb/d

Croft avança: “A Arábia Saudita continua a mergulhar profundamente no vermelho a fim de manter os seus amplos programas sociais e de muscular a sua política externa. (...) O país recorreu recentemente a endividamento interno, pela primeira vez desde 2007, para evitar uma queda ainda maior das suas reservas cambiais.”

Angola

Diretor da Sonangol, empresa petrolífera do estado, em Luanda

Risco para o próximo ano: 5

Produção de petróleo no mês passado: 1.81 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 1.65 mb/d

Angola esteve em guerra civil entre 1975 e 2002 mas agora o país encontra-se relativamente estável. Além disso, verificou-se um aumento de investimento direto estrangeiro nesta nação da OPEP ao longo dos últimos cinco anos. Croft afirma: “Embora existam riscos decorrentes de cortes nos gastos governamantais, necessários pela descida do preço do petróleo, acreditamos que a emissão de obrigações e a diversificação económica irão ajudar a reduzir estes ventos contrários e a manter a estabilidade.”

Equador

Rafael Correa, Presidente do Equador

Risco para o próximo ano: 6

Produção de petróleo no mês passado: 0.54 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 0.56 mb/d

O Equador foi alvo de recentes protestos em relação à economia mais fraca, apesar do historial do Presidente. Segundo Croft “Os protestos poderão piorar daqui para a frente”. “Infelizmente não vemos uma saída para Correa, considerando que até mesmo a recém-emitida dívida começou a descer em termos de preço, tornando as perspetivas de empréstimos ao governo ainda mais caras e exacerbando o risco de um população rebelde.”

Argélia

Os guardas de segurança utilizam binóculos para observarem ao seu redor durante a última partida de futebol do Cup da Argélia – entre o CR Belcourt e o Entente Setif, em Argel

Risco para o próximo ano: 7

Produção de petróleo no mês passado: 1.10 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 1.12 mb/d

De acordo com Croft: “Acreditamos que a iminente transição de liderança venha colocar um maior risco político no curto prazo. O Presidente Bouteflika (78) encontra-se debilitado em termos de saúde e a recente demissão de três generais de topo tem alimentado temores de uma luta por poder dentro da elite dominante.” Adicionalmente, a violência entre árabes e berberes está em ascensão e o terrorismo continua a ser uma preocupação na sequência dos assassinatos da Al Qaeda em julho.

Nigéria

Muhammadu Buhari, novo Presidente da Nigéria, em caravana enquanto inspeciona a guarda de honra na Eagle Square em Abuja

Risco para o próximo ano: 8

Produção de petróleo no mês passado: 1.88 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 2.04 mb/d

Segundo Croft: “O Presidente Buhari está a lutar uma guerra com duas frentes – (1) contra Boko Haram e (2) contra a corrupção corrosiva – com cofres vazios e postos no governo criticamente livres. (...) O antigo general dissolveu o Conselho de Administração da empresa de petróleo estatal e proibiu mais de 100 petroleiros de acederem às águas nigerianas – depois de os acusar de cumplicidade no tráfico de petróleo bruto roubado.”

Venezuela

Um motorista de moto-táxi espera por clientes no centro de Caracas

Risco para o próximo ano: 9

Produção de petróleo no mês passado: 2.49 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 2.46 mb/d

Croft: “A Venezuela parece estar a ir do pior para pior (...) os problemas para os incumbentes nas eleições parlamentares de dezembro de 2015 irão aumentar na medida em que os baixos preços do petróleo vêm completar a preocupante combinação de inflação galopante e diminuição de reservas de câmbio.”

Iraque

Iraquianos gritam slogans durante uma manifestação contra os cortes de energia em plena onda de calor intenso na Praça Tahrir, no centro de Bagdade, no Iraque

Risco para o próximo ano: 10

Produção de petróleo no mês passado: 4.19 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 3.26 mb/d

“O Iraque é o exemplo de divergência entre a estabilidade política e a história do petróleo.” A produção de petróleo encontra-se em níveis recorde enquanto “o quadro económico e de segurança continua a escurecer.”

Líbia

Um camião tanque sai do portão principal da refinaria e porto petrolífero de Zawiya em direção ao mercado local na Líbia

Risco para o próximo ano: 10

Produção de petróleo no mês passado: 0.38 mb/d

Produção de petróleo em 2014: 0.45 mb/d

Os analistas escrevem que houve um progresso “próximo de zero” em conversações de paz e que o país continua instável.

Croft conclui: “No geral, vemos pouca indicação em como o pais irá melhorar em breve e cautela contra o fomento comercial no retorno dos barris da Líbia a qualquer momento em breve.”

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