Petróleo a $15 o barril?
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Perceba porque é que é provável que o petróleo continue a descer até atingir valores ridiculamente baixos.

Na semana passada, o petróleo bruto desceu para os $42 por barril, uma descida radical em relação aos $100 do ano passado e um investidor de renome está a prever uma descida ainda mais acentuada.

“Não existe qualquer prova que sugira que tenhamos atingido o fundo. Conseguia-se arranjar petróleo a $15 ou $20 – na maior das calmas”, contou o influente agente financeiro David Kotok à CNNMoney.

Uma queda para lá dos $15 o barril seria enorme. O petróleo nunca foi negociado a um preço tão baixo desde 1999, quando nos EUA gasolina estava a ser vendida nas bombas de abastecimento abaixo dos $1 o galão (4,55 o litro).

As previsões de Kotok sobre a economia e os mercados financeiros estão a ser estreitamente vigiadas. O cofundador da Cumberland Advisor de 72 anos gere mais de $2 mil milhões em ativos e realiza anualmente uma viagem de pesca cuja participação só pode ser feita por convite que duplica como uma cimeira económica. Conhecida como o “Camp Kotok”, o evento atrai vários líderes da área das finanças a Maine todos os verões.

“Eu sou um velho teimoso. Lembro-me de quando o petróleo custava $3 por barril”, disse Kotok, cujos clientes incluem o antigo governador em Nova Jersey Thomas Kean.

O excesso de fornecimento de petróleo pode piorar

Os preços do petróleo já sofreram uma queda impressionante. Já desceram quase 60% e são negociados a níveis que já não eram vistos desde o início de 2009. O que tem sido uma bênção para os condutores americanos. Segundo a AAA, nos EUA o preço médio da gasolina encontra-se atualmente nos $2,66 por cada 4,55 l, uma diminuição em relação aos $3,45 de há um ano atrás.

O grande problema é que o mundo continua com muito mais petróleo do que aquele que precisa, especialmente se se considerar o abrandamento económico da China. O boom energético americano que teve início na década passada criou um excesso de fornecimento. Os OPEP, liderados pela Arábia Saudita, não se têm mostrado muito cooperadores em equilibrar o mercado com o corte de produção.

O problema do fornecimento em excesso pode piorar ainda mais com o acordo nuclear do Irão. Se o acordo histórico for para a frente, o alívio das sanções vai permitir que o Irão aumente drasticamente a produção. Tal poderia desencadear uma reação por parte dos árabes-sauditas, o rival de longa data do Irão na região.

“A melhor arma dos árabes-sauditas é a diminuição ao máximo do preço do petróleo. Têm reservas financeiras suficientes para resistir durante anos”, refere Kotok.

Por outro lado, o Irão tem uma flexibilidade financeira bem mais frágil e precisa de aumentar preços para conseguir algum lucro.

“Com um preço diminuído, os árabes-sauditas estão a recusar o seu inimigo no dinheiro do Golfo Pérsico. É uma autêntica guerra do petróleo”, argumentou Kotok.

Alguns níveis do petróleo bruto já estão nos $20

Pode parecer loucura petróleo a $15, mas alguns níveis do petróleo bruto já se encontram próximos deles. Por exemplo, o petróleo bruto Western Canadian, um tipo de petróleo bruto mais pesado e por isso, mais difícil de refinar, está atualmente a ser vendido na faixa dos $20.

Se a história serve de indicador, as forças sazonais também podem começar a exercer pressão nos preços do petróleo. O final do verão normalmente enfraquece a procura por energia, levando os preços a diminuir ainda mais.

É por isso que Kotok está a avisar os investidores a manterem-se longe, bem longe, das ações do petróleo.

Ao contrário dos gigantes dos fundos de cobertura como David Einhorn e Carl Icahn, Kotok tem reduzido o peso das suas ações ligadas ao setor da energia desde que o petróleo começou a ser vendido a $100 o barril. Essa tem sido uma jogada inteligente da sua parte. O ETF XLE Energy Select SPDR (XLE) perdeu mais de um quarto do seu valor no ano passado.

“Vai chegar a hora de entrada no setor da energia, sem dúvida. No nosso ponto de vista, ainda não é agora”, disse Kotok.

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