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Perceba como a política de comunicação da Reserva Federal dos EUA está a afetar a margem de manobra da mesma.

Aqui estão as razões para a Reserva Federal dos EUA estar a entrar num beco sem saída. Wall Street está no meio de um jogo de adivinhas. A pergunta número um é: setembro ou dezembro?

Esta dúvida surge no contexto da Reserva Federal ter dito que o aumento histórico das taxas vai ser aplicado durante este ano. Wall Street apostou todas as suas esperanças nestes dois meses. Poucos acreditam que o aumento surja em outubro. E não é por Janet Yellen, a diretora executiva da Reserva Federal, ter medo do Halloween. Mas porque ao contrário do que acontece com as reuniões de setembro e dezembro, a Reserva Federal não organiza uma conferência de imprensa em outubro. Os investidores sabem que estes eventos televisivos – que acontecem quatro vezes por ano – são perfeitos para Yellen explicar cuidadosamente ao mundo o processo por detrás das suas decisões, decisões estas que podem afetar os mercados financeiros.

Outubro deveria ser considerado como uma opção viável

Uma subida da taxa da Reserva Federal em setembro quase confirmou a tão esperada subida. Isto é, até que aconteceram as mudanças vertiginosas nos mercados de ações mundiais nas últimas semanas e isso ter lançado questões relativamente ao facto de que se a Reserva Federal agisse não acabaria ela por lançar mais caos do que ajuda nos mercados.

Toda esta agitação dos mercados é precisamente a razão para outubro não ser descartado. Se setembro for tão volátil como agosto, quem sabe se dezembro não será também um mês agitado?

A Reserva Federal pode estar desnecessariamente a caminhar para um beco sem saída numa altura de rápidas mudanças na economia global. O Banco Central Europeu, após cada uma das suas reuniões, tem conferências de imprensa, por isso não existe razão para a Reserva Federal não fazer o mesmo. Falámos com vários e diversificados grupos de especialistas na matéria e questionámos se faria sentido uma mudança na posição da Reserva Federal.

O ex-secretário de imprensa da Casa Branca pede uma mudança

Tony Fratto teme que a Reserva Federal esteja “restringida” ao seu atual calendário de conferências de imprensa.

O ex-secretário de imprensa da Casa Branca reconhece – tal como a própria Yellen já avisou – que cada reunião é “ao vivo,” o que tecnicamente quer dizer que a Reserva Federal pode aumentar as taxas quer os jornalistas estejam ou não presentes.

Mas não é assim que Wall Street vê a situação. E isso é importante. Ao decidir aumentar as taxas durante uma reunião sem ter convocado uma conferência de imprensa, a Reserva Federal arriscaria apanhar os investidores de surpresa

“Gostaria que alterassem as medidas e que depois de cada reunião tivessem uma conferência de imprensa para assim não terem estes problemas,” disse Fratto.

Um economista de Wall Street diz : Janet Yellen é uma pessoa muito ocupada

Drew Matus, um economista na UBS, aponta que conferências de imprensa regulares podem não fazer muito sentido. Yellen tem de investir muito tempo e esforço para se preparar para as perguntas difíceis dos jornalistas. Afinal, um pequeno deslize pode alterar os mercados – como aconteceu durante a apresentação com perguntas e respostas de Yellen em 2014.

“Está a tirar muito tempo a uma pessoa extremamente ocupada,” disse Matus.

O colaborador Bernanke diz: conferências de imprensa mais frequentes

Mark Gerler, um economista na Universidade de Nova Iorque, que tem colaborado por diversas vezes em trabalhos académicos com o antigo chefe da Reserva Federal, Ben Bernanke, acredita que o ciclo do aumento das taxas vai necessitar de esforços adicionais de relações públicas por parte da Reserva Federal.

Afinal, o mais importante não é o primeiro aumento das taxas. Yellen também vai ter que ajustar cuidadosamente as expectativas do mercado relativamente a futuros movimentos.

É por esta razão que Gertler diz que não ficaria surpreendido se a Reserva Federal adotasse, em último caso, um modelo como o do BCE que utiliza conferências de imprensa mais frequentes.

“Não é bom ter dúvidas quando se tem uma conferência de imprensa,” disse Gertler

Um antigo funcionário da Reserva Federal diz: Qual reunião de outubro?

Ted Peters, um antigo diretor da Reserva Federal que agora gere um fundo de risco, está muito confiante de que o banco central vai aumentar as taxas em setembro ou dezembro.

O diretor executivo da Bluestone Financial Institutions Fund está tão concentrado nestes dois meses que disse à CNNMoney que não se tinha dado conta que a Reserva Federal tinha agendado uma reunião para outubro.

“Janet Yellen e o Comité de Operações de Mercado Aberto (FOMC) não farão nada para assustar as pessoas,” disse Peters.

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