Preparámos uma série de perguntas e respostas para que fique mais esclarecido sobre a atual crise de migração.
Enquanto este ano pessoas procuram em números record refúgio na Europa, os líderes governamentais tentam encontrar uma solução. O Presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker lançou hoje a sua proposta para lidar com a pior crise de refugiados na região desde a Segunda Guerra Mundial.
Juncker quer deslocar 120.000 migrantes da Itália, Grécia e Hungria, que como pontos principais de chegada estão sobrecarregados, para países da União Europeia (UE) através de um sistema de quotas.
Cinco coisas que precisa de saber sobre o atual debate.
Quem está a impulsionar mudanças?
A proposta de Juncker chega depois de, na semana passada, a chanceler alemã Angela Merkel e do Presidente francês Francois Hollande terem pressionado a UE a concordar com um plano de redistribuição de refugiados e de acelerar o processo quando eles chegarem. Atualmente, os refugiados precisam de ser registados no país onde entram. Com base numa proposta da UE em Maio, Merkel e Hollande querem criar centros nos sítios onde normalmente chegam primeiro os refugiados à UE para registar os migrantes e passar aqueles que se qualificam para asilo para outros países dentro do bloco dos 28 membros. Sob o plano, as nações da UE teriam que aceitar uma quota acordada de refugiados.
Porque é que a Alemanha está por trás disto e quem está contra?
A Alemanha prevê ser o destino de 800.000 pessoas à procura de asilo este ano, embora muitos venham dos Balcãs e acabarão por ser enviados para trás. A Merkel tem o apoio de vários países incluindo a Áustria, a Suécia, a Grécia e a Itália. Outros discordam.
A Roménia diz que ira pedir a entrada no espaço Schengen, onde não são necessários vistos, se tiver que acolher um número obrigatório de refugiados. O primeiro-ministro húngaro Viktor Orban disse que o sistema de quotas é um “erro terrível” porque encorajará mais pessoas a virem — um ponto de vista que é apoiado por outros países do leste da Europa.
O Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca não serão incluídos na proposta de Juncker porque têm uma opção de exclusão na política migratória. Os países poderão participar se quiserem — o primeiro-ministro Lars Lokke Rasmussen está disposto a aceitar 100 refugiados na Alemanha.
Que outras propostas estão na mesa?
Orban quer antes concentrar-se na segurança externa — construiu um muro ao longo da fronteira do seu país com a Sérvia — e leis mais duras. Hollande, que disse na segunda-feira que o seu país está a preparar-se para efetuar ataques aéreos na Síria, apelou a uma “ajuda maciça” para suportar campos nos países vizinhos da Síria para que os refugiados possam ficar o mais perto possível de casa.
O primeiro-ministro do Reino Unido David Cameron, que prometeu na segunda-feira aceitar 20.000 refugiados no espaço de cinco anos, aceitará pessoas diretamente dos campos no Médio Oriente invés daqueles já na Europa. Argumenta que o seu plano tornará o processo mais ordeiro e reduzirá o tráfico humano e as mortes.
Quanto custará?
Merkel disse na segunda-feira que provavelmente a Alemanha necessitará de gastar uns extras 10 mil milhões de euros no próximo ano para lidar com o influxo de migrantes que chegam ao país.
O plano de Juncker inclui 6.000 euros em fundos por refugiado para o país que os acolhe e providencia 500 euros por migrante para o país onde entraram na UE, disse o funcionário. Países que recusem participar terão de pagar taxas adicionais proporcionais ao seu PIB.
Como chegámos a este ponto?
Enquanto muitos líderes políticos e organizações de comunicação social se focaram na Grécia, a crise de refugiados europeia tem vindo a fervilhar há meses enquanto pessoas fugiam de países em guerra como a Síria. O foco de atenção mudou bruscamente para os migrantes no fim de Agosto, quando foi encontrada na Áustria uma carrinha de entregas com 71 refugiados mortos. A imagem de uma criança morta por afogamento na costa da Turquia também atraiu a atenção global.