Frequentemente temos que defender posições contrárias às dos outros. Saiba como manter-se firme.
Alguma vez teve de ter uma conversa complicada no trabalho, determinado a explicar os seus argumentos e levar a sua avante… para depois acabar a conversa a prometer dar os seus fins de semana, a sua sanidade e os seus sapatos?
“Como é que isto aconteceu?” pensa você, à medida que caminha para a sua secretária.
Assim, para o ajudar na próxima vez que alguém lhe faz um pedido pouco razoável ou o puxa para uma conversa difícil, eis algumas dicas de como se manter firme e levar a sua avante.
1. Conheça os seus limites
Antes de entrar numa conversa, tem de saber quais são os seus limites – as coisas em que não está disposto a ceder. Por exemplo, trabalhar no fim de semana de aniversário dos seus filhos. Ficar até tarde quando tem um encontro. Levar com as culpas de algo que não teve nada a ver consigo.
Os seus limites estão provavelmente relacionados com os seus valores pessoais: as coisas que estão bem enraizadas em si; as coisas que, se se quebrarem ou forem desvalorizadas, acabam por lhe custar a sua felicidade e autoestima.
Conheça os seus limites, e depois certifique-se de que os respeita.
2. Mantenha-se forte através do dilema do favor pessoal
Acontece com muita frequência: o seu chefe pede-lhe para se envolver naquele novo projeto – o tal que já tinha dito que não tinha tempo – porque o iria mesmo ajudar nesta situação complicada. Ou é-lhe pedido que assuma mais responsabilidade porque isso significaria muito para a pessoa que lhe pede o favor. Ou, após demitir-se, é-lhe pedido para adiar a sua saída até que as coisas acalmem, porque iria ajudar todas as pessoas da sua equipa com a transição.
Esta é uma situação difícil, porque se disser que não a um favor pessoal, será que o seu chefe o vai ver como uma pessoa que não é de confiança ou que não se empenha?
Ninguém gosta de dizer que não quando alguém lhe pede um favor pessoal – mas lembre-se, estamos a falar do seu chefe, não do seu melhor amigo ou do seu parceiro. E isto é acerca de trabalho, não de ajudar um amigo durante uma crise ou de apoiar um familiar que acabou de receber más notícias.
É uma decisão difícil, mas se quer levar a sua avante, a sua resposta deve ser civilizada, profissional e absoluta. Diga que compreende o que a outra pessoa lhe está a pedir, mas devido aos seus compromissos, desta vez não está disponível para contribuir. Diga que gostaria de poder ajudar, mas que não poderá fazer justiça ao projeto devido à sua carga de trabalho com outros projetos. Ou até pode dizer que terá todo o prazer em encontrar uma forma de ajudar, mas apenas dentro do seu tempo disponível.
3. Faça com que dizer não seja uma coisa boa
Tem todo o direito em dizer não a um pedido que não é razoável ou injusto. O truque é encontrar uma maneira de dizer não de uma forma em que seja claro para toda a gente de que está a agir corretamente.
Por exemplo, se o seu chefe lhe pedir para assumir um projeto trabalhoso além do trabalho que já tem, explique que ao dividir-se por tantas tarefas não será capaz de dedicar o tempo ou o esforço necessários para qualquer um dos projetos. Em vez disso, sugira que talvez seja melhor pausar esse projeto enquanto a equipa procura a forma mais eficiente de concluir todas as tarefas.
Ou talvez lhe tenham pedido para dar um pouco do seu tempo pessoal para ficar no escritório até mais tarde. Neste caso, poderá dizer que vai ajudar quando puder, mas, por experiência própria, sabe que trabalhar durante mais horas raramente resulta em trabalho de grande qualidade. Depois sugira a procurar novas abordagens que possam beneficiar todos os envolvidos.
Em essência, esta estratégia pega naquilo que lhe está a ser pedido e devolve-o dizendo “Posso ajudá-lo a encontrar uma forma melhor?”
4. Conheça o seu valor
Permanecer firme em conversas complicadas é muito mais difícil quando pensa que ao faze-lo está a revelar-se uma má pessoa: “Se recusar este pedido, estou a ajudar muito pouco. Ele vai odiar-me se digo que não. Se tentar levar a minha avante, ela vai ficar com má impressão minha.”
Tudo isto são pensamento razoáveis – até que se apercebe que o seu valor não é determinado pela quantidade de pedidos que aceita ou recusa, mas sim pela qualidade do seu trabalho.
Não deixe que a necessidade de agradar aos outros ou a falta de confiança o levem a desistir dos seus princípios. Por vezes, manter-se firme em conversas complicadas resume-se a uma questão: “o que faria se não tivesse nada a provar e se já fosse respeitado?”