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A coligação de centro-direita manteve o poder numas eleições legislativas vistas como um referendo às políticas de austeridade, mas perdeu a maioria absoluta no parlamento.

Apoiantes da coligação celebram em Lisboa

A coligação “Portugal à Frente” do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho ficou com 38,5% dos votos, enquanto o Partido Socialista do ex-presidente da câmara de Lisboa António Costa obteve 32,4% dos votos.

António Costa, que fizera uma campanha com a promessa de aliviar algumas das dolorosas reformas impostas naquele que é o país mais pobre da Europa ocidental, foi rápido a conceder a derrota mas afastou a hipótese de se demitir de líder do partido..

“O partido Socialista não atingiu os objetivos que tinha estabelecido, e eu assumo inteiramente a responsabilidade política e pessoal.”

Mas ele acrescentou: “Não me vou demitir.”

A vitória de domingo do centro-direita, depois de quatro anos de forte austeridade que levaram a um forte aumento do desemprego e da emigração, assinala o raro caso de um país que depois de sujeito a resgate reelege o seu governo.

Mas a coligação entre o sociais-democratas do PSD e os centristas do CDS não conseguiu eleger os 116 deputados necessários para controlar um parlamento de 230 lugares, sendo ultrapassada em números pelos Socialistas e ou outros partidos de esquerda.

Os quatro deputados eleitos pelos votos dos emigrantes serão decididos a 14 de outubro, mas o resultado não alterará significativamente a composição já conhecida do parlamento.

O Bloco de Esquerda, o partido irmão do grego Syriza, obteve a sua melhor votação de sempre com um total de 10,2% dos votos e elegendo assim 19 deputados. (Nas últimas eleições tinha obtido apenas 8 assentos.)

Um governo sem maioria no parlamento pode revelar-se um grande desafio para Portugal, pois nenhum governo sem maioria conseguiu completar um mandato desde que o país regressou à democracia em 1974.

Apoiantes da coligação “Portugal à Frente” ouvem os resultados das primeiras sondagens

A coligação de Pedro Passos Coelho impôs fortes aumentos de impostos assim como cortes na despesa, mas argumenta que o país tem visto os frutos de tais medidas, com uma recuperação gradual após três anos de recessão.

Estas eleições inserem-se numa série de eleições deste ano que testam a prontidão dos eleitores para continuar com os planos de austeridade destinados a restaurar as finanças públicas depois das crises de dívida soberana. No mês passado os gregos reelegeram o primeiro-ministro Alexis Tsipras mesmo após ele se ter comprometido com os exigentes termos de um novo resgate, enquanto os espanhóis vão às urnas em dezembro.

A vitória para os partidos no governo era impensável há uns meses atrás, quando todas as sondagens davam uma sólida vitória à oposição do PS, que prometeram aliviar a austeridade e fazer uma maior distribuição dos rendimentos pelas famílias.

Na últimas eleições legislativas, em 2011, os partidos da coligação obtiveram 50,03% dos votos, o que lhes assegurou uma estável maioria parlamentar, enquanto os Socialistas obtiveram apenas 28%.

A formação do governo dependerá ainda do presidente Aníbal Cavaco Silva, a pessoa incumbida de nomear o próximo primeiro-ministro. Porém a constituição não especifica como o presidente deve escolher o vencedor, se pelo número de votos ou pelo número de deputados eleitos para o parlamento.

“Estou confiante no trabalho que fiz (…) É um dia de esperança porque os próximos quatro anos serão muito diferentes dos últimos quatro,” disse Pedro Passos Coelho aos jornalistas depois de ter votado nos arredores de Lisboa, apelando às pessoas que fossem votar apesar do mau tempo.

A economia portuguesa registou um tímido crescimento no ano passado depois de três anos de recessão, e o crescimento está agora a acelerar. Os juros da dívida pública estão a recuar, com as yields das obrigação a 10 anos a atingirem hoje os números mínimos dos últimos 5 meses.

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