Não é a Ásia que nos irá salvar
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A região que mais tem contribuido para o crescimento económico global nos últimos anos está a sofrer uma desaceleração que se adivinha prolongada.

Tomando em conta o facto de o mercado de trabalho norte-americano estar a enfraquecer e de a Europa ver-se ainda a braços com dificuldades, poderiamos esperar a ajuda por parte da Ásia, que nos últimos anos tem sido a maior fonte de crescimento económico. Porém, apesar de alguns momentos positivos, ligados, em primeiro lugar, à Índia, a região em geral está a desacelerar. Na segunda-feira, o Banco Mundial apresentou uma previsão de crescimento lento das economias dos países em desenvolvimento da Ásia Oriental, na qual são levados em consideração o risco do abrandamento chinês e um provável aumento da taxa de juros dos Estados Unidos.

O Banco espera que os países emergentes da Ásia-Pacífico cresçam 6,5% ao ano, o que é 0,2% menos do que na previsão anterior. O Banco também antecipa o crescimento de 6,4% no ano que vem, o que é 0,3% menos do que previsto inicialmente.

O volume de produção na região que inclui 14 países (como a China, a Índia, a Indonésia e o Vietname entre outros) aumentou 6,8% no ano passado. Na previsão não foram incluídos o Japão e a Coreia do Sul.

Desde que foi publicada a previsão em Abril, “a incerteza na economia mundial cresceu, o que, por sua vez, infuenciou a efetividade e as perspetivas dos países emergentes da Ásia Pacífico”, relata a organização baseada em Washington.

Sudhir Shetty, economista-chefe do Banco Mundial na Ásia Oriental e a região do Pacífico, disse:

“É esperado um abrandamento do crescimento dos países em desenvolvimento da Ásia Oriental por causa do reequilíbrio da economia chinesa e o ritmo da normalização esperada da taxa de juros dos EUA que depende da política. Estes fatores podem causar uma volatilidade dos mercados financeiros a curto prazo, mas tais ajustes são necessários para um crescimento estável a longo prazo.”

A China é um parceiro comercial muito importante para a maioria dos seus vizinhos na Ásia, e a sua constante desaceleração do crescimento durante os últimos cinco anos provocou a queda da procura de matérias-primas e componentes industriais.

Se não considerarmos a China, é esperado que as economias emergentes da região cresçam 4,6% em 2015, assim como no ano passado. O Vietname deveria ter crescido 6,2%, mas as economias mais pequenas estão a abrandar.

Pode parecer que um crescimento de 6,5% é bom, mas é muito pior que a média de 8% dos últimos 10 anos. Há receios de que a situação se agrave. As exportações estão a diminuir, as dívidas a crescer e as moedas a cair. Tudo isso leva à ameaça de que se pode repetir a situação de 1997-1998 quando a Ásia sofreu uma crise financeira.

Felizmente, isso é bastante improvável, pois os governos elaboraram medidas intensivas de prevenção e agora têm grandes reservas de moedas. No entanto, a Ásia está a ir em direção ao abrandamento prolongado, o que não será fácil de ultrapassar.

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