Damir Sagolj/ Reuters
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A empresa recebe 90% dos lucros da indústria dos smartphones mas os seus concorrentes continuam a apostar fortemente numa mudança. Perceba porquê.

prova de água. Tem uma câmara Superior Auto com 13 megapixéis o que significa, de acordo com a empresa, que o telefone “reconhece 52 diferentes cenários e ajusta automaticamente as configurações ideais – para que você não tenha que se preocupar.” Finalmente, é o fim da era em que os seres humanos, como animais comuns, têm de fazer todo o próprio reconhecimento do cenário.

Tal como acontece com tantos smartphones, no entanto, muito poucas pessoas irão ver o Xperia M4 Aqua – quanto mais tê-lo. Mesmo depois de gastar milhões de dólares e de rever a sua liderança para se voltar a focar nos dispositivos a Sony saiu do top 10 de vendas de smartphones. (A empresa não quis comentar). É uma história comum para dezenas de fabricantes que trabalham no que se tornou um dos mais brutalmente competitivos negócios do planeta. A não ser que você seja a Apple ou a Samsung “não consegue fazer dinheiro com telemóveis.” Afirmou Roger Kay, diretor de consultoria na Endpoint Technologies Associates. Então porquê continuar a tentar?

Juntas, a Apple e a Samsung são responsáveis por mais de um em cada três smartphones vendidos – dados da Bloomberg. Mais importante: a Apple detém mais de 90% dos lucros da indústria e a Samsung leva grande parte do que resta. Isso deixa migalhas para a meia dúzia de outros grandes fabricantes de smartphones e para mais um mar de arrivistas.

Após anos trapalhões a Hewlett-Packard, a Nokia e outras potências de outrora desistiram dos mesmos. A Microsoft, que comprou a unidade de telemóveis da Nokia por 9,5 mil milhões de dólares no ano passado, amortizou 7,5 mil milhões em julho. Para marcas teimosas, como a LG, Sony, HTC e Lenovo o cenário continua difícil. São como Sísifo a empurrar a pedra colina acima – apenas para a pedra se tornar um pouco maior a cada dia que passa.

O domínio total da Apple sobre os lucros da indústria provém do seu modelo de negócio e unicidade da marca. Desde os tropeções em 2013 – com o ligeiramente abaixo do mercado iPhone 5C – a empresa redobrou o seu foco num telemóvel bandeira anual, altamente desejado e com um preço alto, virando as costas a modelos baratos para as massas. Com o iPhone como seu principal centro de lucro a maior empresa do mundo foi capaz de investir no desenvolvimento dos seus próprios chips rápidos e de baixo consumo de energia e em materiais leves e resistentes, continuando a aperfeiçoar o seu software.

A Samsung imitou a Apple em muitos aspetos – no entanto, com menor sucesso. Também produz os seus próprios chips e software e muitas vezes desenvolve características únicas – incluindo telas curvas e carregamento de bateria mais rápido. A Samsung, que também vende telemóveis de gama média e mais baixa, expede cerca de 72 milhões por trimestre – comparando aos 48 milhões da Apple, segundo a Gartner. Mas esse número inclina-se para opções de nível inferior, modelos com baixas margens, e os lucros da Samsung caíram ao longo de sete trimestres – enquanto vendas medíocres do Galaxy S6 de topo mantêm a empresa. Kay da Endpoint disse:

“A Samsung não está a ganhar dinheiro com smartphones. A boa notícia para a empresa é que é grande o suficiente, e diversificada o suficiente, para fazer alguns erros e continuar a poder jogar.”

Outras empresas grandes, como a chinesa Lenovo, têm tido dificuldade a racionalizar os seus negócios no setor dos telemóveis. A Lenovo comprou a Motorola à Google, no ano passado, por 2,9 mil milhões de dólares – na esperança de aumentar a sua fortuna expandindo-se para além dos PC. Não teve essa sorte: no último trimestre, a unidade de mobilidade da Lenovo publicou um prejuízo de 292 milhões de dólares que basicamente eliminou os seus lucros com o setor de PC. A empresa avança que consegue consertar as coisas reduzindo o número de dispositivos que comercializa e desenvolvendo um “modelo de negócio mais rápido e definido.”

Para a maioria dos fabricantes de smartphones não há muita razão para otimismo – avança Kirt McMaster, CEO e cofundador da Cyanogen, uma empresa de software que vende uma versão mais sofisticada do Android. Se o mercado de smartphones tem já uma parcela de prejuízo, muito em breve irá tornar-se mais áspero – de acordo com McMaster. “Os telemóveis estão comoditizados.” – Afirmou. “Deixaram de ser dispositivos tecnológicos para passarem a bens de consumo que se movimentam depressa. É como a Coca Cola e a Pepsi. É essa a guerra que estas empresas estão a travar. Já não é uma área sexy.”

Em 2001 a HTC chegou a ser, durante pouco tempo, a fabricante de smartphones nº1 do mundo. Fundada em 1997 a empresa sediada em Taiwan foi uma das primeiras a fazer nome no mercado. Depois de experimentar o sistema operativo Windows Mobile – quando o mesmo parecia promissor – a HTC produziu o primeiro dispositivo que corria Android, o sistema operativo da Google. “Começou a girar.” – Afirmou o presidente da HTC Américas, Jason Mackenzie.

“Nós já fazíamos esses produtos antes de os mesmos serem amplamente conhecidos como smartphones.” No entanto, o golpe um-dois da Apple e da Samsung obliterou as suas vendas.

A HTC tentou distinguir-se neste setor criando telemóveis com melhores câmaras e altifalantes, mas estas características não foram suficientes para reconquistar os consumidores. A empresa já não se encontra entre o top 5 de fabricantes de smartphones e divulgou um prejuízo trimestral de 257 milhões de dólares em junho. Está agora a aplicar as suas sofisticadas características a dispositivos progressivamente mais baratos, uma jogada para as margens baixas do mercado. Mackenzie afirma que o gosto das pessoas em relação aos smartphones varia ao longo do tempo e que a HTC continua pronta para capitalizar na próxima mudança.

“Os consumidores têm uma relação muito mais profunda com os seus smartphones do que com os seus PC.” – Afirma. “Estão sempre à procura de algo novo.”

A HTC também se está a mover para além dos telemóveis ao formar parcerias com empresas como a Under Armour, ajudando a marca de roupa de desporto a construir tecnologia móvel para os seus produtos.

“Pode ser muito fácil ficar deprimido com o facto de a Apple dominar as margens.” – Afirmou Mackenzie. “Ou então você pode ser super otimista com a possibilidade de tudo no mundo estar conectado.”

Tornar-se mais amplo e mais barato não garante lucros. As empresas como a Samsung, Lenovo e HTC têm carecido de negócio mesmo em mercados em rápido crescimento pois viram os seus preços rebaixados por arrivistas locais famintos. A Xiaomi defendeu-se habilmente dos três na China e na Índia os grandes foram pressionados para igualar os preços ao fabricante de telemóveis local, Micromax.

McMaster da Cyanogen diz que os mercados em expansão, como a Indonésia e África, irão desenvolver os seus próprios fabricantes dominantes. Alguns fabricantes de telemóveis em situações difíceis acreditam que podem lucrar com a venda de toneladas de telemóveis baratos, com margens baixas, diz Kay da Endpoint, enquanto empresas como a Microsoft e a Sony irão continuar no setor para levarem o seu software tão longe quanto possível.

Até mesmo a Apple poderá não estar imune a essas tendências. De acordo com estimativas da EMarketer cerca de 2 mil milhões de pessoas têm smartphones hoje e outros 150 a 200 milhões irão comprar o seu primeiro em cada um dos próximos três anos. A maioria dos compradores de primeira viagem irá procurar telemóveis de alta potência ao preço mais baixo possível – e cada empresa terá que lidar com essa corrida para baixo, afirma McMaster. As empresa que irão prosperar serão as empresas locais que consigam construir serviços pagos nos seus telemóveis baratos. Avançou:

“Iremos ver dispositivos por menos de 35 dólares na África Subsaariana nos próximos dois anos – é apenas uma questão de tempo.”

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