O fim do domínio económico dos EUA
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O banco britânico Standard Chartered prevê que os preços das matérias-primas passem a ser em yuans em vez de dólares, o que levará a uma grande transferência de poder para a China.

A era dos EUA como indisputável superpotência económica global está a chegar ao fim, e poderemos ver em breve grandes sinais de mudança nos mercados globais, de acordo com economistas no banco britânico Standard Chartered. O preço das matérias-primas é tipicamente em dólares quando estas são vendidas internacionalmente, mas há indicações de que largas porções do mercado poderão passar a ser vendidas em yuans, pois a larga procura chinesa por matérias-primas faz com que os produtos sejam vendidos na moeda do país.

À medida que a China representa uma proporção crescente do comércio internacional, o país introduziu um novo sistema de pagamentos baseado no modelo norte-americano que canalizará mais fundos através de Pequim e Xangai, potencialmente dando aos reguladores chineses o mesmo tipo de poder sobre as finanças globais que os EUA agora detêm.

Ao mesmo tempo, a economia chinesa continua a crescer a um ritmo rápido. Mesmo com a atual desaceleração do crescimento do PIB, os economistas do Standard Chartered acreditam que o país irá duplicar o seu PIB entre 2010 e 2020.

"Os EUA hoje têm menos de 10% das exportações globais, mas mais de 80% das exportações globais são denominadas em dólares, e acho que isso vai mudar,” disse o chefe executivo do banco para a Europa, Richard Holmes, descrevendo esta mudança como “o fim do domínio dos EUA”.

Ele acrescenta:

“Nós já vemos o yuan renminbi como a segunda moeda mais usada nas finanças do comércio há cinco anos atrás. Veremos um mundo mais equilibrado à medida que a China se torna mais e mais importante para a economia global.”

O presidente chinês Xi Jinping visitou o Barack Obama o mês passado, por entre preocupações norte-americanas face ao crescer do poder chinês e ao fim da supremacia económica dos EUA

A Bolsa de Metais de Londres já começou a oferecer transações denominadas em yuans, o que Holmes acredita ser o princípio de uma mudança internacional. “A partir do momento em que as matérias-primas apresentarem preço em yuans, uma série de outras coisas também passarão a apresentar o preço na moeda chinesa. Teremos um reequilibrar da ordem mundial,” disse ele.

É esperado que isso inclua negócios de financiamento e operações comerciais em yuans, à medida que o mundo empresarial segue as vendas das matérias-primas.

O Standard Chartered, chefiado por Bill Winters, está baseado no Reino Unido, mas os seus negócios estão focados nos mercados emergentes, incluindo a China.

O Standard Chartered está a observar atentamente o deslocar do centro de gravidade da economia mundial à medida que se especializa nas finanças dos mercados emergentes.

O crescimento económico da China aliado à adoção do yuan renminbi como substituto do dólar poderá trazer mais poder político à China.

Holmes refere que “A China acabou de lançar o Sistema Internacional de Pagamentos China, para que as transações possam ser liquidadas diretamente na China, que por sua vez foi criado à imagem do sistema de Nova Iorque. Eles supervisionam essas transações através dos bancos.”

As autoridades dos EUA têm sido capazes de impor as suas próprias regras e sanções sobre os bancos globais e sobre as transações nos outros países porque os dólares são liquidados através de Nova Iorque, aumentando assim a possibilidade de que a China ganhe um poder semelhante à medida que a sua moeda é mais adotada.

Tal iria certamente comportar considerações geopolíticas – e ter impacto na diplomacia global.

“Estou certo de que a Rússia ao exportar petróleo para a China preferiria fazê-lo em yuans do que em dólares”, diz Holmes.

Apesar do abrandamento económico da China, o Standard Chartered ainda acredita que o país continuará a crescer entre 5% e 7% por ano, guiando o crescimento nos mercados emergentes por todo o mundo.

“70% do crescimento económico entre agora e 2030 virá de mercados emergentes,” afirma Jinny Yan, economista do mesmo banco. “É esperado que a percentagem do PIB global pertencente aos mercados emergentes aumente para mais de 60% em 2030, quando em 2010 era apenas de 40%”.

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