Dicas para uma boa saúde financeira

Tal como o seu corpo, as suas finanças requerem cuidados constantes para se manterem saudáveis.

Lembre-se de que poupar 5% num produto que custe $10.000 não é o mesmo que poupar 5% num produto que custe $10. No entanto, para processar problemas de decisões de escalas diferentes, o cérebro tem tendência para normalizar as coisas para que os dois casos pareçam semelhantes. Desde que comecei a estudar economia comportamental que comecei a perder menos tempo a preocupar-me em poupar 20 cêntimos no esparguete mas a dedicar bastante tempo a ponderar sobre que carro comprar e certificar-me de que faço um bom negócio com isso. Pode-se comprar muito esparguete com um desconto de $4.ooo num carro, mas ainda assim vejo pessoas a perder imenso tempo por causa de um recorte de cupão de supermercado e que nunca consideraram a hipótese de mudar para um apartamento mais barato ou conduzir um carro mais económico, etc.

Mas ao mesmo tempo… converta os pagamentos mensais em períodos maiores enquanto pensa neles. Um “simples” contrato de comunicações eletrónicas de $100 custa-lhe na verdade $2.400 ao fim dos dois anos abrangidos pelo contrato, e obter um contrato de $80 permite-lhe poupar $480.

Pela mesma razão, renegociar ou mudar o seu contrato de tv por cabo (diga-lhes que está a planear mudar para a fibra), de seguro, ou hipoteca tem provavelmente o melhor rácio-de-dinheiro-poupado-por-menos-tempo-gasto do que um recorte de cupão. Pode até demorar algumas horas a investigar como pode renegociar a sua hipoteca, no entanto, pode poupar muito dinheiro todos os meses nos próximos 20 anos graças a isso.

Do mesmo modo, a renda de um apartamento é também tão traiçoeiro. A diferença entre um apartamento de $1.400 e um de $1.600 não parece, à primeira vista, assim tão grande, e por isso mesmo, a renda é cotada ao mês e não pelo período completo de arrendamento. (Ouvi dizer que em Londres, a renda é cotada à semana!) (Para um exemplo ainda mais extremo, a estação NPR local começou a pedir recentemente que os ouvintes começassem a pagar $1 por dia.)

Pense na aversão ao risco e veja se está a ser inconsistente, especialmente no que toca ao seguro (normalmente é um esquema fraudulento) e as extensões de garantia (quase sempre esquemas fraudulentos).

Na minha família temos uma antiga expressão que diz que nós devemos assegurar-nos em relação a coisas que nos possam levar a falência. Ficaria na falência se destruísse aquele Corolla de 2000? Se não fizesse uma extensão da garantia do seu frigorífico e ele se avariasse, de que forma ficaria desprovido depois de pagar $700 por um novo?

Já ouvi falar de pessoas a fazerem seguros para as suas janelas (caso alguém as parta). Se possui tão poucas poupanças e um limite de crédito tão pequeno que mal pode pagar uma janela nova… então, é precisamente nesses casos que deve reconsiderar essas despesas tão frívolas como seguros de janelas.

E por último, mais uma vez não a partir da economia mas sim a partir das minhas experiências pessoais: descobri que ser demasiado sovina levou-me muitas vezes a comprar coisas de qualidade inferior que mais tarde tiveram de ser substituídas, e por muitos valores de X, dois Xs baratos custam mais do que um X mais caro.

Agora combine isso com a regra do IKEA: todas as categorias de produtos no IKEA têm um item mais barato, que é inferior em termos de qualidade, um segundo item mais barato, que é um pouco melhor que o anterior e um monte de outros produtos que pouco diferem uns dos outros. (Os meus exemplos canónicos são woks e estantes, sendo que ambos vêm em variedades consideráveis e dos quais apenas o produto mais barato é mesmo de qualidade inferior.)

Ou, para generalizar um pouco mais isto: não vale a pena pagar mais pois a margem dos retornos em função da qualidade são poucos. Tenho um cabide para casacos que custou $70 e que, ao contrário do que acontece com o de $25 que eu mencionei por momentos, não cai quando penduramos um casaco pesado nele. Só por isso acho que compensa pagar três vezes mais por ele. No entanto, é muito fácil desfazer-se de $700 num cabide para casacos. Será que um cabide a esse preço é 10 vezes melhor do que o meu?

A primeira coisa que lhe ensinam (ou deviam ensinar) sobre otimizar um programa de computador é primeiro medir e depois otimizar.

O mesmo se passa com as finanças pessoais. Se for otimizar todas as coisas que se atravessam no seu caminho como interessantes ou por serem fáceis de otimizar, vai ser como o tipo que procurou as suas chaves debaixo do poste de eletricidade “porque é aí que há luz”. Arranje um programa tipo o mint.com para reunir todos os seus dados financeiros e controlá-los. Onde se encontram as melhores vantagens que se podem ter? Pode não ser nos pagamentos com os quais lida todos os dias e são esses que vêm mais facilmente à memória (supermercados, combustíveis, esse tipo de coisa).

A melhor opção para reduzir o seu custo de vida é ir viver para um sítio mais barato. Se o meu apartamento de $1.500 por mês em Redwood City fosse em Topeka, no Kansas, só pagaria $500 por ele. Mas tal como é o caso, tenho boas razões para não viver em Topeka: Redwood City tem algumas vantagens, tais como um melhor clima atestado pelo Governo, proximidade com o meu emprego, proximidade com os meus amigos, proximidades com vários potenciais empregos e potenciais amigos, etc. Contudo, se realmente precisa de começar a gastar menos neste preciso momento, então mudar-se para um lugar mais barato é algo que precisa de ter em mente.

Uma vez a minha avó assinou um plano de telemóvel no tempo em que os telemóveis tinham antenas que se puxavam para melhorar a receção da chamada. O custo daquele plano era ultrajante, extremamente caro para os parâmetros dos dias de hoje e não é sugerido a novos clientes há muitos anos, mas a empresa de telecomunicações não se incomodou em informá-la de que podia obter o mesmo serviço por uma fração do dinheiro.

Por outras palavras: só porque foi responsável e encontrou um bom acordo para o seu plano de serviços de telecomunicações, seguro do carro, limpeza da chaminé anual, seja o que for, não quer dizer que hoje em dia ainda seja um bom acordo.

Uma dívida de consumidor sem garantia pode sair muito cara. Efetuar pagamentos num cartão de crédito ou de crédito de loja com uma TAEG de 20% é um investimento muito melhor do que qualquer fundo mútuo pode proporcionar-lhe. A menos que esteja prestes a declarar falência, talvez deva considerar qualquer opção para se livrar de dívidas de juros elevados, incluindo tocar em poupanças que tinha prometido a si mesmo não tocar.

No geral, acho que andar à caça de cupões e de ofertas especiais e semelhantes é um esforço mais problemático do para as vantagens que trazem, para além de o expor à tentação de comprar coisas que de outra forma não iria comprar só porque são, ou parecem ser, mais baratas do que o costume.

Mas… se entender a economia que está por detrás destas coisas, torna-se muito mais fácil topar casos onde pode realmente poupar algum dinheiro.

Caso um esquema de descontos em particular realmente o façam poupar uma quantia significativa de dinheiro está provavelmente relacionado com a possibilidade de haver uma razão económica subjacente óbvia para oferecerem esses descontos. (Ou seja, uma razão que vai além do facto de gritar aos quatro ventos “temos descontos” ter um efeito psicológico nas pessoas independentemente se os seus preços são alguma coisa de jeito.)

Um desses casos é quando se fazem descontos para se ajustar à flutuação da procura. Isto é especialmente relevante para os restaurantes. Estes precisam de cobrar mais em tempos de picos e para o poderem fazer sem que sejam acusados de estar a cobrar demais, dão descontos em alturas em que não há picos. Todos o fazem de várias formas e feitios, e pode comer muito barato se descobrir todos os Almoços Especiais de Quarta-feira e semelhantes.

Outro caso de flutuação de procura é a sazonalidade. Os aparelhos eletrónicos, brinquedos, etc, são realmente mais baratos depois do Natal. Isso porque uma grande parcela dos aparelhos eletrónicos são vendidos mesmo antes do Natal. Depois disso, os retalhistas ficam com inventário que ou fica ultrapassado ou mais caro manter na loja até ao próximo Natal (custos de oportunidade, custos de armazenamento, etc.) O mesmo se passa com roupas fora de época.

Comprar coisas usadas faz sentido, dependendo do porquê dos antigos donos estarem a vender o produto usado. Coisas que as pessoas se livrem por razões puramente estéticas têm imensas probabilidades de ainda estarem boas para usar.

O melhor exemplo em que comprar usado é um bom negócio é provavelmente os eletrodomésticos ou aparelhos elétricos. As pessoas deitam fora máquinas de lavar e secar roupa porque arranjaram umas maiores, mudaram o gás para eletricidade ou vice-versa e muitas outras razões que nada têm a ver com se o aparelho ou eletrodoméstico está funcional ou não. Aparelhos de cozinha (frigoríficos, fogões, etc.) podem ser deitados fora por razões puramente ligadas à estética. Pode encontrar vendedores de eletrodomésticos usados em todas as áreas metropolitanas dos EUA. Normalmente até fazem entregas e instalações, por isso fica com as mesmas conveniências que teria se comprasse na Sears ou na Home Depot.

Coisas como o eBay e o Craiglist melhoraram imenso a liquidez e a eficiência dos mercados dos bens usados, mas tenha atenção e verifique se está mesmo a fazer um bom negócio. Já vi produtos da Harbor Freight Tools baratos a serem vendidos no Craiglist a um preço muito mais elevado que o seu preço original. Reclamações pelos preços da madeira têm estado a atingir níveis alucinantes, pelo menos aqui na região da Baía e em muitos casos sai-lhe muito mais barato comprar produtos novos.

Em caso de dúvidas sobre a qualidade de um produto, perguntar simplesmente ao vendedor por que motivo está a vender o produto pode ajudar. Em geral, a maioria das pessoas que estão dispostas a vender produtos defeituosos ao público não são muito boas a mentir quando têm um possível comprador à sua frente.