Como é vender uma empresa à Google?
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O empreendedor Dave Baggett partilha a sua experiência de vender uma startup à Google.

Dave Baggett (Naughty Dog, ITA Software, inky.com)

Não posso falar muito sobre o processo de integração pois não fiquei funcionário da Google, mas estive bastante envolvido no processo de fusão e posso afirmar que a Google tem um processo de desenvolvimento de empresas bastante apertado.

Embora o seu método seja bem doloroso para a empresa adquirida, foi razoavelmente justo e, na minha opinião, totalmente ético. O nosso acordo foi dificultado – e suspeito que a maioria das grandes aquisições que a Google faz o sejam – devido ao Departamento de Justiça nos ter solicitado duas vezes o formulário Hart-Scott-Rodino (um documento de preenchimento obrigatório a ser entregue ao Departamento de Justiça e Comissão Federal do Comércio norte-americanos sempre que duas ou mais empresas pretendam fazer uma fusão) por motivos de obtenção de (muito) mais informação sobre a transação.

Isto levou a que a Google ficasse com mais coisas a pensar a respeito da nossa transação que não tiveram absolutamente nada a ver com a empresa em si, e que fez com que todo o processo de fechamento de negócio ficasse mais moroso (10 meses).

No que toca às emoções de se vender uma empresa, é quase como se estivéssemos a dar um filho nosso para adoção; é uma sensação inerentemente angustiante e normalmente horrível. Nas duas vezes em que estive envolvido em discussões sérias relacionadas com a venda de empresas das quais fui (co)fundador, fiquei fisicamente doente só do stress.

Contudo, um argumento forte a favor da Google como comprador para nós foi o facto de a cultura empresarial da Google ser, pelo que conseguimos entender, muito semelhante à cultura empresarial da ITA Software. E de facto, a integração correu tão bem que foram poucas as pessoas que trabalharam na ITA Software quando ainda me pertencia que deixaram a empresa devido a uma fraca integração à cultura após a fusão, ao aborrecimento, etc.

Se alguma vez ficar novamente na situação de ter de considerar a Google como compradora, definitivamente não vou hesitar em fazer negócio com eles. São muito bons em termos de integração e penso mesmo que esse é um dos seus principais motores de sucesso, agora que são tão grandes.

Sam Schillace (Writely, Box)

Fomos ao todo quatro pessoas a ir para as negociações.

Conduziram-nos até umas secretárias, deram-nos orientações e deixaram-nos mais ou menos à vontade. Secretárias, computadores portáteis, sem servidores, eis a intranet, vejam lá.

Tivemos de transferir o nosso código para java (a partir do C#) e aprender 12 tecnologias Google diferentes num trimestre só para podermos avançar (atualmente, esse número é muito maior). Imensas pessoas com quem nos reunir, agendas para descobrir e muita burocracia para descodificar. Tivemos bastante apoio por parte dos gerentes (especialmente do Eric Schmidt, que foi simplesmente o máximo connosco, e dos próprios Larry e Sergey).

A dimensão do processo é impressionante e um pouco intimidante. Quase como se primeiro nos dessem folhas de jornal para fazermos pequenos barcos de papel e logo a seguir nos dessem soldadores e pilhas de placas de aço e nos dissessem que tínhamos de construir um exército. Depois, todos têm uma ideia daquilo que devias fazer, para além de serem todos muito inteligentes e com um contexto muito maior da Google do que nosso. Por fim, está-se numa etapa muito pública em que todos os movimentos são analisados. Tenha cuidado com aquilo que diz!

De um modo geral, foi para todos nós uma boa experiência. Muito intensa, nem sempre agradável, mas fizemos exatamente aquilo que esperávamos – entregámos a Writely à Google Docs (com a ajuda de muitas, muitas pessoas talentosas, especialmente do grupo das folhas de cálculo de Nova Iorque que agora gere aquilo tudo).

Fonte: Quora

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