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Perceba porque é que a forma como Obama se opõe à ameaça terrorista o faz parecer fraco e indeciso.

À primeira vista, o massacre de San Bernardino é o outro extremo da escala dos ataques de 11 de setembro — 14 pessoas mortas contra 3.000, um par de islamistas auto-radicalizados contra os 20 terroristas treinados da Al-Qaeda, e um ataque efetuado a pé num subúrbio contra os aviões a entrar nas Torres Gémeas de Nova Iorque.

No entanto, o recente ataque provocou uma onda de choque que poderá afetar as eleições presidenciais do próximo ano. Os norte-americanos têm uma nova sensação de vulnerabilidade. É difícil sobreestimar o impacto do ataque em San Bernardino sobre o estado de espírito dos Estados Unidos.

Mesmo antes da atrocidade da quarta-feira passada — rotulada pelo FBI como um ataque terrorista — o medo do terrorismo já tinha ultrapassado a economia, tornando-se a maior preocupação dos norte-americanos, de acordo com as sondagens. Uma grande parte disso foi em resposta aos massacres em Paris no mês passado que causou 130 mortes.

Mas o índice de medo estava constantemente a crescer desde que os vídeos de decapitação dos cidadãos norte-americanos e não só começaram a ser publicados há mais de um ano atrás. É fácil subestimar as preocupações públicas sobre os eventos improváveis — é muito mais provável que você morra de um acidente de carro ou por se engasgar a comer pão do que se tornar uma vítima do terrorismo no solo norte-americano. Mas o medo não é uma calculação estatística. Essa é a particularidade do terror.

O que é que isso significa para o ano de 2016? Quanto mais ansiosos ficam os norte-americanos com a ameaça do terrorismo no seu próprio país, menos confiança têm na sua administração. O presidente Barack Obama era o exemplo de calma diante das especulações sobre os ataques em San Bernardino. Ele alertou para aguardar os factos, mas apontou que este tipo de massacre reforçam o caso de leis para um controlo de armas mais rígido.

Ele mostrou a mesma posição depois do massacre em Paris, e apontou que foi um retrocesso na guerra contra o Estado Islâmico, embora tal esteja a progredir. Alguns dias mais tarde ele disse que o sucesso das negociações das alterações climáticas em Paris seria um ato de 'resistência' contra os terroristas que queriam perturbar o modo de vida ocidental.

É difícil culpar o conteúdo da resposta de Obama. Os líderes devem evitar alimentar o pânico e ponderar as provas antes de agir. Mas a forma como Obama se opõe ao EI fá-lo parecer fraco e indeciso.

Tendo inicialmente chamado ao grupo militar islamista uma ameaça insignificante há 18 meses, Obama tem sido pressionado para dar uma série de passos. Assim começou a campanha de ataques aéreos e o aumento gradual dos deslocamentos militares ao Iraque.

Cada movimento foi feito com cuidado. Em outubro, o presidente disse que 50 tropas de operações especiais iriam para a Síria. Ainda não chegaram. Nesta semana, outras 100 tropas foram alegadamente enviadas para o Iraque. É difícil escapar à impressão de que Obama é vítima de uma missão na qual ele não acredita.

O abismo entre Obama e os críticos dele, especialmente os adeptos republicanos da Casa Branca, está rapidamente a tornar-se mais evidente. Agora eles têm uma nova frente — interna — na qual podem atacar o presidente. De acordo com o FBI, o par de San Bernardino — Syed Rizwan Farook e Tashfeen Malik — tinham montado um pequeno arsenal de armas em casa e mais de 6.000 cartuchos. Em parte, porque eles eram casados e não tinham que comunicar por meio dos serviços eletrónicos, conseguiram escapar à vigilância.

Não importa se foram inspirados ou dirigidos pelo Estado Islâmico, as conclusões são assustadoras. Farook nasceu nos EUA e era da classe média com o salário de $70,000 por ano. O casal teve o seu primeiro filho no mês passado de maio.

O facto de eles serem muito normais é preocupantes. Os críticos perguntam porque é que o FBI não reparou no facto de eles terem montado um arsenal de armas de fogo tão grande. Talvez seja melhor perguntar porque é que a polícia dos EUA e os serviços de informações internos deveriam ter feito isso. As compras das armas do casal eram legais e eles deixaram poucas pegadas online — ou na vida real — das suas visões extremistas.

O risco de que outros ataques podem ocorrer está a crescer. Também está a crescer a divisão na sociedade. Os líderes da Al-Qaeda chamaram a atenção dos seus adeptos para realizar ataques onde for que estivessem. Há pouco tempo, o líder dos republicanos Donald Trump apelou aos norte-americanos para estar alerta em relação aos seus vizinhos muçulmanos. Trump pediu para denunciar caso haja suspeitas

"É bem provável que vocês se possam enganar, mas não é grave. Todos nós devemos ser um pouco de polícias. Vocês têm que o fazer."

Com as eleições presidenciais por vir, estão criadas todas as condições para uma polarização contínua da sociedade, o que pode favorecer ao Estado Islâmico. Trinta e um governadores disseram que não iriam dar asilo aos migrantes sírios. Por outro lado, os democratas discutem o possível fortalecimento do controlo das armas. Parece que os dois partidos vivem em mundos diferentes.

O melhor exemplo é o destino de uma proposta modesta de proibir comprar armas de fogo para 47.000 pessoas a quem o FBI proibe de efetuar voos. O projeto de lei ainda não está aprovado e é pouco provável que tal aconteça. As autoridades norte-americanas podem proibir uma pessoa de efetuar voos, podem ter razões importantes para achá-lo perigoso. Mas Deus os livre de lhes tirar o direito de portar armas.

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