Quem investe em armas adora Obama
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Quem tem armas pode não gostar quando o presidente dos EUA fala de armamento, mas quem investe em armas certamente gosta.

Sempre que o presidente discute a necessidade de leis mais duras de controlo de armas, as ações de empresas de armamento sobem.

Foi isso que aconteceu no rescaldo do massacre na escola primária de Sandy Hook em Newtown, Connecticut, há mais de três anos atrás.

E foi isso que aconteceu novamente na passada segunda-feira na sequência de relatórios que indicavam que Obama iria revelar novas medidas na terça-feira para aumentar a verificação de antecedentes das pessoas que querem adquirir armas.

Naquele que foi um dia mau para o mercado em geral, as ações das empresas de armas Smith & Wesson e Sturm Ruger subiram 6 e 3% respetivamente.

As fabricantes de munições Olin (que detém a Winchester) e Vista Outdoor também subiram.

E ações da retalhista de bens desportivos Cabela, que gera quase metade das suas vendas em equipamento de caça, também tiveram um bom desempenho apesar da agitação do mercado.

A maioria destas empresas voltaram a subir na terça-feira quando Obama formalmente revelou os seus novos planos de controlo de armas.

A Smith & Wesson estava a subir 11% ao meio-dia enquanto a Sturm Ruger estava a ganhar 7%.

Porque é que isso aconteceu?

A Smith & Wesson divulgou a sua perspetiva de vendas e ganhos para o último trimestre e inteiro ano fiscal, citando “forte crescimento” das verificações de antecedentes de pessoas que têm ou querem adquirir armas por parte do FBI em dezembro.

“Forte” é na verdade um eufemismo. Foi um mês recorde para verificações de antecedentes. Houve mais de 3,3 milhões. O anterior máximo foi de 2,78 milhões em dezembro de 2012 – o mês do massacre de Newtown.

Como resultado, as vendas da Smith & Wesson para o trimestre que acabou em dezembro podem agora ser mais 38% do que eram há um ano atrás, em comparação com as estimativas prévias de crescimento de 18%.

Este aumento da procura de armas não deveria ser uma grande surpresa.

Os ataques terroristas em San Bernardino, Califórnia, no mês passado fizeram regressar novamente o tópico do controlo de armas para o centro do debate político.

Rommel Dionisio, analista da Wunderlich Securities, diz:

“A ameaça de legislação de controlo aparenta novamente ser o motivo por detrás da aceleração das vendas de armas a retalho, à medida que os consumidores se apressam a comprar armas de fogo que acreditam que um dia deixarão de estar disponíveis.”

A Smith & Wesson e a Sturm Ruger beneficiaram desta procura ao longo de 2015. As ações da Sturm Ruger subiram mais de 75% no ano passado enquanto as ações da Smith & Wesson subiram mais de 132%.

Vários investidores agradeceram com sarcasmo a Obama no Twitter por ajudar a impulsionar as vendas e lucros para os fabricantes de armas.

É possível que as ações de empresas de armamento continuem a subir ao longo do resto da semana enquanto Obama planeia levar o seu caso de controlo de armas diretamente ao povo americano numa reunião que será transmitida pela CNN na noite de quinta-feira.

Há ainda uma grande feira da indústria de armamento em Las Vegas no final deste mês. Chris Kreuger, um analista da Lake Capital Markets, afirmou que anúncios de novos produtos poderão excitar ainda mais os investidores em ações de empresas de armas.

Kreuger acrescentou que as conversações relativas ao controlo de armas não são a única coisa que está a impulsionar as vendas das ações. Sempre que há um massacre, alguns consumidores apressam-se a ir comprar armas para a sua própria segurança pessoal – particularmente armas pequenas com podem ser transportadas sem dar nas vistas.

Ele disse também que os ataques terroristas em Paris em novembro foram provavelmente outra razão para que as vendas de armas tenham atingido um pico no fim do ano passado.

Mas investir em ações destas empresas é altamente arriscado dada a sua ligação à retórica política.

As ações da Smith & Wesson e da Sturm Ruger afundaram em 2014, depois de uma forte subida no ano prévio. As vendas de armas caíram enquanto Obama se focava menos no controlo de armas de fogo do que fizera logo após o massacre em Sandy Hook.

E caso se tenha esquecido, este é um ano de eleições nos EUA. A Casa Branca terá um novo habitante em janeiro de 2017, e também o Congresso terá outra composição.

É impossível prever agora se o futuro presidente será mais liberal em relação às armas ou continuará a pressionar para uma maior regulamentação, como Obama.

As vendas de armas podem estar a subir agora, mas a procura pode cair se o controlo de posse de arma deixar de ser notícia. Ironicamente, um presidente Republicano poderá fazer com que os donos de armas fiquem mais felizes… mas causará o fim da grande subida das ações das empresas de armas.

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