EUA reforçam presença militar na Europa
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EUA procuram aumentar a segurança na região e apoiar os seus aliados na NATO.

O Exército dos EUA pretende reforçar a sua presença na Europa, no próximo ano, com o destacamento a longo prazo dos seus melhores veículos militares, helicópteros antitanque e veículos de combate de infantaria, capazes de destruir veículos russos, blindados, para o transporte de pessoal.

Verificar-se-á o aumento do posicionamento de equipamento de combate que soldados dos EUA poderão utilizar durante uma crise. De acordo com oficiais e documentos do exército, os EUA e a NATO procuram deter a agressiva Rússia. Também estão a ser reequipadas as forças de treino para encenarem com se fossem tropas russas, aplicando táticas que poderão ser utilizadas em ataques contra o exército ucraniano, incluindo em caso de ciberguerra.

"Estamos a trabalhar muito e a recorrer às lições aprendidas na Ucrânia" e a incorporá-las no Joint Multinational Readiness Center em Hohenfels, na Alemanha - Avançou Ben Hodges, Tenente-general a comandar o exército norte-americano na Europa.

O regresso do exército à Europa, reduzido depois da Guerra Fria, faz parte da European Reassurance Initiative (Iniciativa de Garantia Europeia) do Departamento da Defesa. Segundo o orçamento fiscal previsto para 2017 o Presidente Barack Obama está à procura de $3,4 mil milhões para esse programa - quatro vezes mais do que o financiamento para este ano.

Segundo o orçamento, o objetivo será "aumentar a segurança e acalmar os nossos aliados da NATO e estados-parceiros na Europa" em resposta a "crescentes tentativas da Rússia para constranger as decisões de política externa e interna de países-vizinhos."

A iniciativa significa o regresso de carros de combate M1A2 Abrams e de helicópteros AH-64 Apache e UH-60 Black Hawk à Europa. Estes equipamentos estão entre os sistemas militares "Big 5" que foram utilizados nos anos 1980 para deter a ameaça de veículos armados do Pacto de Varsóvia através do Fulda Gap na Alemanha.

EUA reforçam presença militar na Europa
M1A2 Abrams

A expansão não representa um aumento da presença permanente do Exército - 30.000 soldados na Europa - nem desacelera planos para reduzir a força total do serviço para 450.000 indivíduos até ao ano fiscal de 2018, em relação aos 471.000 de hoje. Com o equipamento adicional na Europa, as equipas das brigadas de combate blindadas irão rodar por diversas regiões.

Operações especiais

O Exército pretende gastar cerca de $25 milhões em formação aos aliados - conduzida pelas forças de operações especiais dos EUA - bem como em possíveis missões. Também irá melhorar o processo e distribuição de informações aéreas entre aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Hodges sublinhou a importância de dar às "opposition forces" (unidade militar responsável por representar o inimigo), novas habilidades baseadas em recentes iniciativas militares da Rússia - tais como a guerra eletrónica ou operações virtuais ofensivas.

"Já fornecemos às nossas ‘opposition forces’ este tipo de habilidades - virtuais, de guerra eletrónica, ataques de artilharia com mísseis de longo alcance - para que possamos praticar contra este tipo de ameaças - como é que nos devemos camuflar, como devemos dispersar. Coisas que não fizemos na última década."

No entanto, Hodges subestimou a hipótese de guerra aberta com a Rússia. Uma "situação cinética séria" com forças russas "é improvável e nós queremos mantê-la improvável," avançou. "É o que queremos - garantir que a probabilidade de conflito permaneça reduzida."

Evelyn Farkas, antigo responsável político do Pentágono para assuntos relacionados com a Rússia, avançou que os russos precisam de "saber que somos forças capazes e prestes a responder rapidamente." caso a Rússia ataque um aliado da NATO.

Demonstração de determinação

“Os russos vão entender que é uma demonstração de determinação; os aliados também, mas podem exigir mais," disse Farkas num e-mail. "Eu espero que outros grandes países da NATO também contribuam para a dissuasão a leste."

Hodges afirmou que a primeira unidade blindada a chegar no próximo ano, para uma rotação de nove meses, será a Terceira Brigada Blindada de Combate da quarta divisão da infantaria com base em Fort Carson, no Kansas. Uma brigada típica inclui cerca de 87 carros de combate, 138 veículos de combate Bradley e 18 morteiros móveis. Hodges avançou:

"Todos os dias - ao longo de 2017, 2018 e 2019 - haverá uma brigada, com todo o equipamento e todas as tropas, a realizar exercícios e treino."

A solicitação fiscal para 2017 inclui $507 milhões para a rotação constante de brigadas blindadas.

A expansão das operações também inclui a rotação da aviação de combate depois de o Exército ter dissolvido todas as divisões, exceto a sede da sua anterior unidade, a Brigada de Aviações de Combate 12-A, que esteve posicionada durante anos na Alemanha, disse Hodges.

Dissuasão de Apache

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AH-64 Apache

“Ter helicópteros Apache é uma parte importante da dissuasão." disse Hodges. Uma brigada de aviação de combate típica inclui cerca de 2,8 mil militares, 48 helicópteros AH-64 Apache, 53 helicópteros UH-60 Black Hawk e 24 drones Shadow e Gray Eagle.

Uma iniciativa pequena mas significativa apela à soma de cerca de $530 milhões, para alguns anos, para a instalação de canhões de 33 mm em veículos de infantaria Army Stryker na Europa.

"Depois de ver aquilo com que os ucranianos lidaram, é necessário pensar se precisamos de ajuda adicional, capaz de destruir veículos russos, blindados, para o transporte de pessoal.” - Afirmou. "Um Stryker não é um carro de combate, mas a mudança de 20 mm para 30 mm permite-nos ser muito mais eficazes no caso de um confronto aberto."

O Exército planeia que a General Dynamics Corp. integre canhões de 33 m da produção da Orbital ATK Inc. em torreões automatizados construídos pela Kongsberg Gruppen ASA da Noruega. A General Dynamics irá primeiro construir oito veículos de teste. Jim Hasik, membro sénior do Conselho do Atlântico em Washington afirma:

"O canhão de 33 mm é uma coisa séria. Na verdade, eu duvidava disto mas muitos soldados de infantaria convenceram-me que é assim mesmo: esta arma permite deter tanques pesados em terreno acidentado, destruindo os seus sensores, armas e rolamentos."

Fonte: Bloomberg

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