O Facebook está a dar-se bem
AP Photo/Mark Schiefelbein
Página principal Análise, Facebook

Os lucros do primeiro trimestre de 2016 triplicaram face ao período homólogo de 2015. O sucesso da empresa está intimamente ligado à sensibilidade – e decisões – de Mark Zuckerberg.

O Facebook (NASDAQ: FB) superou as expectativas de Wall Street quando divulgou os resultados do seu primeiro trimestre. A empresa avançou que chega agora a mais de mil milhões de pessoas todos os dias e a 1,65 mil milhões de pessoas todos os meses.

Os lucros dos três primeiros meses do ano triplicaram comparados ao mesmo período do ano passado – para 1,5 mil milhões de dólares, de uma receita de 5,3 mil milhões de dólares. Em resposta, as ações do Facebook atingiram um máximo histórico.

O setor da tecnologia está a encarar bastante incerteza no momento, especialmente com algumas das suas maiores empresas – avançou Scott Kessler, diretor adjunto de equity research na S&P Global Market Intelligence.

“O Facebook, que rapidamente emergiu como uma das maiores empresas de tecnologia do planeta, apresentou resultados mais significativos e consistentes do que as restantes e acima do esperado.” – Afirmou.

O sucesso do Facebook é ainda mais surpreendente quando se considera que se trata de uma empresa complicada. Tal como a Alphabet (NASDAQ: GOOGL), gasta dinheiro em projetos ambiciosos com drones. Tal como a Apple (NASDAQ: AAPL), depende largamente de um produto (News Feed). E não há garantia de que o tão apregoado Oculus Rift venha a ser um grande sucesso entre os consumidores este ano.

No entanto, ao longo da evolução do Facebook, há uma constante que tem permanecido. Juntamente com a apresentação dos resultados do Facebook Mark Zuckerberg, CEO, revelou um plano para reestruturar a oferta de ações da empresa.

Em suma, Zuckerberg quer ser capaz de ceder as suas ações da empresa sem abrir mão do controlo da mesma. Poderá soar como tomada de poder – e é. Mas se for acionista do Facebook a sua única resposta deverá ser: mais poder para Mark.

Uma não tão secreta arma

Como é que isto aconteceu? O Facebook sabe como criar produtos de que cada vez mais pessoas gostam. E sabe como fazer bastante dinheiro com isso.

Enquanto outras empresas como o Twitter e a Google enfrentam dificuldades quanto à publicidade móvel, o Facebook levou – habilmente – os seus clientes a comprarem anúncios onde a maioria dos utilizadores os poderão ver: nos seus telemóveis.

De forma mais holística o Facebook tem sido muito bom a dar passos em frente. A empresa tomou uma série de decisões inteligentes nos últimos anos que começam agora a dar frutos. Juntamente com os anúncios para telemóvel, o Facebook começou a priorizar o vídeo (e, com o mesmo, os anúncios em vídeo).

Adquiriu o Instagram e o WhatsApp (o que foi encarado como um movimento controverso na altura) baseando-se no palpite – aparentemente correto – de que as pessoas tendem a passar algum do seu tempo online fora do Facebook – a partilhar fotografias e a enviar mensagens.

O Facebook tem uma visão agressiva quanto ao futuro – e está constantemente a testar e a explorar a sua visão. Não deve surgir como surpresa que foi o Facebook – não a Apple, não a Alphabet – que no início deste mês apresentou o seu roteiro para os próximos dez anos. Trata-se de uma estratégia que deriva da própria sensibilidade de Zuckerberg.

Uma classe própria

Zuckerberg tem sido capaz de envolver a sua sensibilidade na empresa pois é não só CEO mas também acionista. No ano passado, Zuckerberg e a sua mulher, Priscilla Chan, afirmaram que planeavam dar a maioria das suas ações – que valem milhares de milhões de dólares – através da sua fundação e ao longo das suas vidas. Essa generosidade foi vista como podendo ameaçar a capacidade de Zuckerberg para controlar a sua empresa – tendo provavelmente sido por isso que o Facebook propôs a criação de uma nova classe de ações sem direito de voto.

Estas ações Classe C permitirão à empresa – se aprovadas – emitir mais ações sem diluir o poder de voto de Zuckerberg. (Também há ações Classe A, em que cada tem um voto, e Classe B – a maioria das quais são detidas por Zuckerberg – em que cada tem 10 votos). Esta medida é semelhante ao que a Alphabet, empresa-mãe da Google, fez para permitir que os seus fundadores mantenham poder sobre a própria empresa. É importante para o Facebook pois a empresa precisa de ser capaz de emitir novas ações – seja para remuneração dos colaboradores ou para adquirir novas empresas, avançou Stephen Diamond, professor de Finanças Corporativas na School of Law da Santa Clara University.

Zuckerberg avançou em relação à proposta do conselho, caso venha a ser aprovada – o que é provável que aconteça pois Zuckerberg controla a empresa:

“Para ser capaz de manter o controlo como fundador do Facebook para que possamos continuar a construir a longo prazo – e para a Priscilla e eu sermos capazes de dar o nosso dinheiro para financiar importantes projetos mais cedo.”

Tudo isso mostra o incrível poder que tanto o Facebook como Zuckerberg têm. Zuckerberg apresentou a sua posição aos acionistas e a sua visão do futuro levou o Facebook a fazer movimentos arriscados – como comprar o Instagram ou o WhatsApp, que acabaram por ajudar a empresa. Ao controlar, argumentou, será capaz de continuar a tomar este tipo de decisões arriscadas. “É visto como um dos melhores CEO do mundo.” – Avançou Kessler.

Nem todos ficarão felizes. “Há muitas empresas que são geridas com uma única classe de ações e que compram outras empresas e assumem movimentos arriscados – como a Microsoft, a IBM e a Apple” – Afirmou Diamond, acrescentando que os investidores institucionais querem investir em empresas onde acreditam que a sua voz como acionistas importa.

“Quando se está a utilizar o dinheiro de outras pessoas e o mercado público para receber fundos tem de se balançar a prestação de contas e a transparência.” – Acrescentou.

No entanto, por agora, o Facebook está a dar-se muito bem. Como as suas ações mostram os investidores estão entusiasmados. Assim, é lógico que mesmo que Zuckerberg deixe as suas ações do Facebook os acionistas poderão não querer que deixe o Facebook.

Fonte: Wired

Leia também:
Por favor, descreva o erro
Fechar