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Entre os planos delineados pelos representantes da campanha pelo Brexit encontra-se o sistema de pontos ao estilo australiano

De acordo com Boris Johnson, Michael Gove e Priti Patel, os europeus que pretendam imigrar para o Reino Unido terão de provar que sabem falar (bem) Inglês e ficarão sujeitos a um sistema de pontos ao estilo australiano – se o Reino Unido votar pela saída da UE.

Os três líderes conservadores, envolvidos na campanha pelo Brexit, emitiram uma declaração conjunta quanto às regras que gostariam de implementar num Reino Unido pós-Brexit.

É possível ler na declaração:

“Aquando das próximas eleições gerais iremos criar um genuíno sistema de imigração baseado em pontos – ao estilo australiano. O direito automático de todos os cidadãos da UE para vir viver e trabalhar no Reino Unido irá acabar, tal como o controlo da UE sobre aspetos vitais do nossos sistema de segurança social.”

Alegando que as mudanças irão criar igualdade de condições para cidadãos da UE e cidadãos provenientes de países da Commonwealth, acrescentam:

“Aqueles que procurarem entrar no país para trabalhar ou estudar deverão ser admitidos com base nas suas habilidades, sem discriminação baseada na nacionalidade. Para obter o direito a trabalhar, os imigrantes por razões económicas deverão ser adequados para o trabalho em questão. Para os trabalhos relevantes, seremos capazes de garantir que todos os que chegam conseguem falar um bom Inglês.”

No entanto, insistem que não haverá alterações para cidadãos irlandeses, que poderão continuar a viajar livremente para o Reino Unido (apesar dos avisos de que tal poderá oferecer uma porta dos fundos para imigrantes da UE) e que os cidadãos da UE que já se encontram no país verão concedida autorização de residência.

Gisela Stuart, trabalhista e apoiante da campanha pelo Brexit, não avançou se o sistema baseado em pontos – semelhante ao australiano – levará a um corte no número de migrantes. Afirmou, num programa de rádio da BBC, que os números dependerão das necessidades da economia britânica. De acordo com o avançado pela mesma o Reino Unido não tem, atualmente, controle sobre a política de imigração devido à sua adesão à UE.

“O mercado único significa a automática livre circulação. (...) A [atual] política de imigração não tem o consentimento das pessoas.” – Afirmou Stuart.

No entanto, Frances O’Grady, Secretária-geral da TUC (sindicato nacional), avançou que um relatório da mesma mostrou que sair da UE seria “um desastre” para os trabalhadores britânicos – que até 2030 seriam prejudicados em 38 libras semanais (se fora da UE).

Esta quarta-feira, os ativistas conservadores irão tentar dar seguimento à declaração ao levar o caso a todo o país no autocarro Vote Leave (“Vote pela saída [da União Europeia]”).

Além de referirem os potenciais imigrantes, acusam a União Europeia de permitir que traficantes de seres humanos explorem a crise dos refugiados nas fronteiras da Europa, avançando que “não estão a conseguir fazer face a esta exploração da miséria humana”.

O grupo admite que a imigração é culturalmente, socialmente e economicamente enriquecedora para o Reino Unido mas avança que a população precisa de mais segurança e que a adesão à UE impede o controle. Em particular, destacam a pressão sobre as dimensões das turmas e hospitais.

No entanto, os defensores da permanência do Reino Unido na UE afirmam que a proposta retiraria a UE do mercado único, destruindo a economia e desencadeando mais imigração. Avançaram que o Migration Watch, um think tank, terá afirmado que o sistema baseado em pontos seria “totalmente inadequado para o Reino Unido”.

Will Straw, diretor executivo da Britain Stronger in Europe, afirmou:

“O sistema não irá funcionar... A Austrália, que tem um sistema de imigração baseado em pontos, tem o dobro dos imigrantes por cabeça do Reino Unido. Os especialistas em economia concordam que deixar o mercado único levará a recessão – desencadeando a perda de postos de trabalho e aumento de preços.”

Os analistas têm alertado que a votação pelo Brexit poderá prejudicar o mercado imobiliário durante anos, com os números a mostrar um abrandamento do crescimento anual do preço das casas no mês passado. Howard Archer, economista no IHS Insight e focado no Reino Unido e Europa, avançou que o voto pelo Brexit poderá atenuar a atividade, pelo menos nos próximos dois anos.

“A votação quanto à permanência na União Europeia a 23 de junho representa um potencial risco para a atividade do mercado imobiliário e para os preços. (...) O voto pela saída da UE poderá provocar uma queda da atividade económica ao longo do resto do ano e 2017, no meio de incertezas – que provavelmente irão pesar fortemente sobre o mercado imobiliário.” – Afirmou.

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