África: crescimento económico não se traduz em prosperidade
Akintunde Akinleye/File Photo/Reuters
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O índice de prosperidade em África do Legatum Institute avança que a Nigéria – a maior economia de África – é apenas o 26º mais próspero país de África, com a escassez de combustível a prejudicar o crescimento

Décadas de crescimento económico em África não contribuíram para melhorar a vida de milhões de pessoas – de acordo com o relatório The African Prosperity Report 2016 do Legatum Institute.

O índice de prosperidade em África do Legatum Institute, publicado esta quarta-feira, avalia os países em termos de oportunidade, liberdade, educação e segurança – bem como laços sociais.

Concluiu que alguns países africanos são muito melhores na criação de prosperidade do que outros – algo desproporcional à quantidade de riqueza que possuem. Os investigadores deram o exemplo do Ruanda, que apesar de ter um terço da riqueza de Angola – rico em petróleo – tem sido muito mais bem sucedido na criação de uma sociedade próspera.

Embora a Nigéria seja a maior economia de África é apenas a 26ª mais próspera, de acordo com o índice, enquanto a África do Sul se encontra no topo. O Ruanda surge em 9º lugar e Angola em 33º.

A diretora do índice, Alexandra Mousavizadeh, avançou que se trata de uma “mensagem poderosa para os decisores políticos que tentam escrever uma nova narrativa da ascensão de África num clima de crescimento lento.”

Mousavizadeh afirmou:

“Os países como o Ruanda têm criado e distribuído bastante com muito pouca riqueza enquanto em Angola a situação é o oposto. O país beneficiou, até recentemente, de uma perspetiva de riqueza devido ao boom no preço das matérias primas – no entanto, tem gerado muito pouca prosperidade para os seus cidadãos.”

E prosseguiu:

“Os mais importantes motores da prosperidade, juntamente com a capacidade de um país para gerar riqueza, são de longe a promoção das liberdades civis, um forte Estado de direito e instituições eficazes – bem como uma economia diversificada. Ao fazerem estas alterações estruturais, muitos países poderão começar a ver o aumento rápido dos níveis de prosperidade, mesmo que o crescimento global comece a diminuir.”

O crescimento em África, que tem sido forte nos últimos dez anos, poderá deslizar para 2,9% este ano – de acordo com diversos analistas.

Yvonne Mhango, economista focada na África Subsaariana, avançou que o continente precisa de vários anos de crescimento significativo – “de 4% - 5% no mínimo” – para que a riqueza comece a ser distribuída.

“Pode soar contraintuitivo mas o que tenho observado no continente [é] que não existe substituição para a governação. Não importa qual a matéria prima que o país produz e a que preço vende – se não tiverem os líderes certos, a implementar as políticas certas, não se verá a distribuição pelas pessoas. Alguns dos países mais ricos no papel têm das populações mais pobres do continente.”

Apesar de tudo, o crescimento tem algum impacto e as duas maiores economias do continente estão em dificuldades.

De acordo com Mhango, na Nigéria “teremos sorte se virmos crescimento positivo este ano. Tiveram uma realmente terrível e épica escassez de combustível. Mesmo que aumente na segunda metade do ano, há quem pense que a economia se irá contrair como um todo.”

A escassez tem afetado a produtividade na medida em que as pessoas têm de passar horas em filas para combustível para que os carros e geradores funcionem.

Adicionalmente, a África do Sul tem também lidado com baixos preços das matérias primas.

“Se os dois países não conseguirem juntar 2% de crescimento em cada provavelmente assistiremos a uma das mais baixas taxas de crescimento da África Subsaariana desde o início do milénio.” – Afirmou Mhango.

Fonte: The Guardian

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