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Estudo do Pew Research Center concluiu que o apoio ao bloco europeu caiu drasticamente no seguimento da crise dos refugiados

Está a aumentar a oposição à União Europeia por todo o bloco europeu, sugerindo que o sentimento anti-UE se estende muito além do tradicionalmente cético Reino Unido.

Com o Reino Unido a preparar-se para o referendo quanto à possibilidade de permanecer no clube de nações a que aderiu em 1973, uma sondagem a mais de 10.000 cidadãos por toda a Europa mostrou que os eleitores de Itália e Polónia à Grécia e Suécia perderam a fé na União Europeia. Os cidadãos franceses – um dos seis países fundadores – veem agora o bloco de forma menos favorável, ainda mais do que os cidadãos britânicos, com a crise da dívida na zona euro e o influxo de refugiados como as principais razões por detrás do descontentamento.

Brexit: jovens europeus preocupados com o seu futuro no Reino Unido

Bruce Stokes, principal autor do relatório do Pew Research Center, publicado na terça-feira, avançou:

“Os britânicos não são os únicos com dúvidas quanto à União Europeia. (...) A UE está a experienciar novamente uma forte queda de apoio público nos seus maiores Estados-membros.”

Depois da crise da dívida na Grécia ter desencadeado ondas de choque pela zona euro, elevando o desemprego e forçando os governos a anos de austeridade, o ano passado viu 1 milhão de imigrantes chegar à Europa, oriundos do Médio Oriente e África, testando os sistemas de segurança social e os ideais de livre circulação do bloco. O referendo de 23 de junho está a expor a profundidade do sentimento anti-UE no Reino Unido – mas as raízes do descontentamento vão muito mais longe.

França e Espanha

Em França, assolada pela desaceleração económica e aumento do sentimento anti-imigração, nomeadamente através da Frente Nacional, a proporção de indivíduos com uma visão favorável quanto à União Europeia caiu para 38% este ano, de 69% em 2004. Em Espanha, cujo setor bancário oscilava à beira do colapso e precisava de um resgate da UE em 2012, verificou-se uma queda semelhante: para 47% de 80%.

O estudo revela que a hostilidade quanto à UE fratura o continente de norte a sul e de leste a oeste, deixando os líderes com enormes desafios para construir confiança pública – com os partidos populistas anti-Europa a ganhar apoio.

Na Grécia, país cujas margens receberam o maior número de refugiados chegados à Europa, 94% dos cidadãos rejeitam a forma como o bloco europeu tem lidado com a questão da migração. O número está apenas ligeiramente acima dos 88% que se sentem da mesma forma a 3.220 km a norte, na Suécia – país cujo bem-estar social o tornou o destino final para milhares de requerentes de asilo. Na Hungria e Polónia, cujos governos têm estado por detrás de posturas anti-imigração, a desaprovação da gestão da crise dos refugiados situa-se nos 72% e 71% respetivamente.

Crise dos Refugiados

De acordo com Stokes:

“Grande parte do descontentamento com a UE entre os europeus pode ser atribuído à forma como Bruxelas tem lidado com a situação dos refugiados. (...) Em cada país inquirido, a esmagadora maioria desaprova a forma como Bruxelas lidou com o problema.”

Se o Reino Unido votar pela saída da UE as coisas poderão piorar. As maiorias em todos os países inquiridos avançaram acreditar que o chamado Brexit irá causar mais danos. É o caso não só junto de aliados europeus do Reino Unido, como a Suécia (89% consideram que a saída do Reino Unido seria negativa) e Holanda (75%) mas também Grécia (65%), França (62%) e Itália (57%).

O contágio do Brexit está a espalhar-se também de outras formas, confirmando os receios detidos por líderes da UE de como o referendo do Reino Unido e o sucesso do primeiro-ministro David Cameron a renegociar os termos da adesão poderão desencadear um efeito dominó em todo o bloco.

A última chance para que a Europa mantenha o Reino Unido

Na tradicionalmente pró-UE Alemanha, 43% dos cidadãos questionados afirmaram acreditar que algumas das competências da UE deveriam retornar ao governo nacional. Percentagens semelhantes na Suécia (47%), na Holanda (44%) e uma maioria na Grécia (68%) sublinham que mesmo que o Reino Unido vote para permanecer na UE, o referendo quanto ao Brexit poderá não terminar o impulso de refrear o alcance da UE.

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