E se o Reino Unido votar pela permanência na União Europeia?
Facundo Arrizabalaga/Pool/Reuters
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Cenários quanto à moeda, mercado de ações, taxas de juro e política em caso de permanência do Reino Unido na União Europeia

Segue-se o que se irá passar amanhã caso o Reino Unido vote pela permanência na União Europeia.

A libra poderá saltar até 6% contra o dólar e o líder do Partido da Independência do Reino Unido, Nigel Farage, poderá renunciar se o Reino Unido optar pela permanência na União Europeia no referendo de hoje.

Até ontem as sondagens apontavam a favor da campanha pela permanência (Remain) no Reino Unido: uma vantagem de 7 pontos sobre a campanha pelo Leave, numa sondagem do The Telegraph; uma liderança de 53% face a 46%, com 2% a dizerem que “não sabem”, numa sondagem da ORB International com uma amostra de 800 pessoas que afirmaram que “irão definitivamente votar”; e 45% de votos pela permanência, contra 42% pela saída, numa sondagem do Mail conduzida pela Survation.

Até agora tem sido dada mais atenção aos cenários apocalípticos para os mercados em caso de Brexit – com menor foco no que acontecerá caso o Reino Unido favoreça a permanência na União Europeia.

Com o resultado no fio da navalha, seguem-se algumas das previsões caso o Reino Unido vote pela permanência na UE:

Moeda

A libra (FX:GBP/USD) irá provavelmente encarar um aumento face ao dólar, com a incerteza futura. Bill O’Neill da UBS Wealth Managament avança: “Caso se confirme um resultado pela permanência, o mercado irá focar-se imediatamente em indicadores subjacentes e neste cenário podemos prever que a libra esterlina alcance 1,56 dólares dentro de um ano.”

Mercado de Ações

As ações deverão subir rapidamente caso seja favorecida a permanência na União Europeia, com o Barclays (LSE: BARC) e a Ryanair a surgir como as grandes vencedoras no Reino Unido – de acordo com pesquisas da Macquarie. Em simultâneo, o Morgan Stanley (NYSE: MS) afirmou que os índices da UE deverão subir ainda mais.

Os ganhos poderão fluir através do Atlântico também, com os ativos de risco a tornarem-se mais atraentes. Analistas do Morgan Stanley avançaram numa nota que “este episódio pode seguir o caminho do Y2K e por volta do 4 de julho nós, nos EUA, poderemos estar a celebrar a nossa independência do Reino Unido enquanto também celebramos a ausência de independência do Reino Unido face à Europa, com mercados materialmente mais elevados.”

Taxas de Juro

O rendimento dos títulos irá subir acentuadamente enquanto os investidores trocam ativos de dívida pública, seguros, por ações de maior risco – de acordo com uma nota do Deutsche Bank publicada na terça-feira.

Tal poderá traduzir-se em taxas mais elevadas por parte dos bancos centrais. Sem a preocupação de um referendo a agitar os mercados financeiros, os bancos centrais podem focar-se mais a travar a inflação. O relatório quanto à inflação do Banco de Inglaterra, em agosto, será um momento importante – de acordo com Bill O’Neill do UBS: “Será um ponto crucial para a direção da política nos últimos meses do ano.”

Política

Desafios de liderança à direita virão à tona. Os agentes de apostas na Ladbrokes já apontaram (8/11) em como Nigel Farage irá deixar o seu cargo no partido eurocético dentro de poucos dias após os resultados do referendo da UE.

A vitória do Remain (permanência na UE) não irá necessariamente deter o ímpeto dos partidos nacionalistas por toda a Europa. De acordo com a nota de pesquisa “Greed and Fear” (Ganância e Medo) do CLSA, uma vitória apertada ainda poderá empoderar movimentos de extrema direita no continente e “será necessária uma maioria de 10 pontos ou mais para que os ‘Ins’ [permanência] quanto ao referendo se tornem neutros para os separatistas da zona euro.”

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