Real brasileiro cai com consequências do Brexit a toldarem o apetite pelo risco
Ricardo Moraes/Reuters
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Investidores procuram ativos mais seguros

O real brasileiro juntou-se a uma onda de sell off nos mercados emergentes com o voto do Reino Unido para deixar a União Europeia a incentivar preocupações quanto ao enfraquecimento da economia global – numa altura em que o Brasil já encara a pior contração em um século.

A moeda caiu 0,6% na manhã de ontem – e um indicador de moedas de mercados emergentes caiu o mesmo com os tremores da decisão pelo Brexit a reverberarem através dos mercados financeiros e após um fim de semana de turbulência política. A libra estendeu a sua liquidação recorde e as ações europeias caíram para níveis vistos pela última vez em fevereiro.

As autoridades brasileiras procuraram tranquilizar os investidores, avançando que a economia da América Latina irá resistir à turbulência – com o ministro dos Negócios Estrangeiros José Serra a escrever, como convidado, numa coluna do jornal Folha de S. Paulo que o impacto económico será mínimo. Os economistas consultados pelo Banco Central na semana passada mantiveram a sua previsão quanto à moeda – a encerrar o ano a 3,6 dólares, 5,7% mais fraca do que os níveis atuais.

De acordo com João Paulo de Gracia Correa, chefe do departamento de moeda estrangeira na corretora SLW em Curitiba, no Brasil:

“Os investidores estão à procura de ativos mais seguros, afastando-se de mercados emergentes como o Brasil enquanto verificam as consequências do Brexit.”

As taxas swap brasileiras quanto a contratos com vencimento em janeiro de 2018, uma medida das expectativas quanto a movimentos das taxas de juro, caíram 0,05 pontos percentuais para 12,59%. Os economistas preveem que o Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) encerre o ano em 13,25%, face ao seu atual nível de 14,25%, como mostrado pela pesquisa do banco central. No período anterior, esperavam que a taxa caísse 13%. Também aumentaram a sua previsão de inflação para o final do ano pela sexta semana consecutiva para 7,29% – de 7,25%.

Michel Temer, o presidente em funções, avançou que espera que a taxa de juro de referência caia este ano, com a sua administração a esforçar-se para recuperar a maior economia da América Latina – que enfrenta a mais longa crise em décadas. A Folha relatou a 24 de junho que Temer afirmou que a flexibilização monetária iria ajudar a reanimar a confiança, acrescentando que os custos dos empréstimos devem ser cortados de forma responsável.

Fonte: Bloomberg

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