Uma série de atentados suicidas e ataques em todo o mundo, ao longo da última semana, mostram que o alcance do Estado Islâmico se estende muito além da Síria e do Iraque
Com o mês sagrado do Ramadão a chegar ao fim e antes do feriado Eid al-Fitr, a Arábia Saudita foi alvo de uma série de ataques na segunda-feira. Um ocorreu em Medina, perto da Mesquita do Profeta – um dos mais sagrados locais para o Islão – tendo vitimado pelo menos quatro pessoas. O segundo teve lugar perto do consulado norte-americano em Jeddah, onde um bombista suicida foi morto e dois policias ficaram feridos. Também na segunda-feira foram ouvidas duas explosões em Qatif, cidade no leste da Arábia Saudita.
O Estado Islâmico teve uma boa semana: o grupo terrorista ainda não assumiu a responsabilidade pelos ataques sauditas – mas há muito que Riade, a capital da Arábia Saudita, se encontrava na sua mira. O grupo terrorista acusa a monarquia saudita, aliada do mundo Ocidental, de apostasia – afirmando que a mesma se esforça por destruir o grupo.
O califado reivindicou uma série de outros ataques pelo mundo na semana passada – na Turquia, Bangladesh e Iraque – mostrando que o Estado Islâmico e aqueles que o mesmo inspira podem ir mais além do Iraque e da Síria. Como avançado por David Francis, do Foreign Policy:
“Na terça-feira [da semana passada], bombistas suicidas mataram pelo menos 44 pessoas no aeroporto de Ataturk em Istambul. Em Daca, no Bangladesh, homens armados invadiram um restaurante na zona diplomática da cidade e mataram pelo menos 20 pessoas, a sua maioria estrangeiros de Itália, Japão, Índia e Estados Unidos; o Estado Islâmico reivindicou o ataque.”
O mesmo continuou:
“O Estado Islâmico [também] reivindicou a responsabilidade pelo ataque de domingo de manhã no centro de Bagdade, onde uma minivan cheia de explosivos explodiu e matou pelo menos 165 pessoas, de acordo com a BBC. (...) Na segunda-feira a CNN relatou que o número já tinha aumentado para 200 pessoas.”
A lista de incidentes globais por aqueles ligados ao Estado Islâmico – ou que afirmam inspirar-se no mesmo – continua a crescer para além da Síria e do Iraque.
Firas Abi Ali, analista na IHS Country Risk, avançou em declaração na segunda-feira:
“Os ataques do Estado Islâmico na Arábia Saudita ao longo dos últimos meses têm variado entre o ataque a mesquitas xiitas, o ataque a forças policiais e de segurança e o ataque a estrangeiros e a espaços diplomáticos. Tal significa que o grupo está a experimentar e a tentar perceber quais as fraquezas do estado – explorando-as.”
Em conclusão, David Francis:
“Até agora, já se verificaram ataques realizados por combatentes que alegam afiliação à rede de terroristas [Estado Islâmico] nos Estados Unidos, pela Europa, no Kuwait, Líbia, Afeganistão, Nigéria e Tunísia. Em muitos destes casos, no entanto, não é claro se se verificou coordenação direta com o Estado Islâmico; os atacantes podem simplesmente alegar ‘terem-se inspirado’ na organização terrorista.”