O bloco (UE a 27) terá de elaborar um novo plano para cumprir a sua meta de redução das emissões de carbono, algo que poderá custar milhares de milhões de euros
De acordo com especialistas, o Brexit irá forçar os restantes 27 países da União Europeia a gastar milhares de milhões de euros com cortes ao nível das emissões de carbono para compensar a saída do Reino Unido.
O Reino Unido será incluído num comunicado de Bruxelas, previsto para 20 de julho, que irá estabelecer as metas individuais para cada estado-membro da UE tendo em vista o cumprimento do objetivo do bloco de redução das emissões em 40% até 2030 – como assumido em Paris no ano passado.
No entanto, assim que o Reino Unido invocar o artigo 50 e der início à sua missão de saída da União Europeia, o bloco terá de criar um novo plano para os restantes 27 países.
Tal deve-se ao facto do Reino Unido ser uma grande economia com um setor verde relativamente avançado. A sua saída irá obrigar os restantes estados da UE a aumentarem as suas ambições climáticas, entre 0,2% - 1,7%, de acordo com uma análise da Climate Action Network (CAN) Europe.
O estudo concluiu que os países cujos compromissos climáticos serão mais afetados pela saída do Reino Unido da UE serão Portugal, Eslovénia, Malta, Grécia, Chipre, Espanha e Itália. De acordo com Wendell Trio, diretor da CAN Europe:
“Não tem necessariamente de ser algo mau. (...) Apenas significa que os outros países terão de compensar as mudanças que serão provocadas pela saída do Reino Unido.”
No longo prazo, os gastos com energia limpa são geralmente encarados como um bom investimento. No entanto, no curto prazo, os custos podem representar vários milhares de milhões de euros. De acordo com Bill Hare, fundador da consultora Climate Analytics:
“Os custos poderão envolver milhares de milhões em termos brutos, embora os custos líquidos possam ser menores. (...) Se o Reino Unido se separar completamente das políticas ambientais da União Europeia, haverá consequências. No entanto, se a UE e o Reino Unido mantiverem uma ligação de forma construtiva, seguindo em frente com políticas como o sistema de negociação de emissões então as diferenças poderão não ser tão extremas.”
A primeira revisão dos compromissos climáticos assumidos sob o acordo de Paris será realizada em 2018 – momento que já está a ser visto como oportunidade para a redistribuição do contributo do Reino Unido para a meta da União Europeia.