4 Empresas que poderão ser prejudicadas pela blockchain
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1 de Março de 2018

A blockchain representa uma importante mudança tecnológica — e as empresas que demorarem a responder a essa inovação poderão ver-se prejudicadas pela mesma

A blockchain, a tecnologia que alimenta as criptomoedas como a Bitcoin, é um dos atuais jargões favoritos da indústria da tecnologia. Pequenas empresas acrescentaram o termo blockchain às suas designações para atrair investidores ingénuos e grandes empresas lançaram experiências relacionadas com a blockchain que causaram manchetes — mesmo que pouco relacionadas com a sua principal atividade.

Porém, se filtrarmos todo esse ruído vamos notar que a blockchain representa uma importante mudança tecnológica.

Em que consiste a blockchain?

A blockchain é um “livro razão” de dados, descentralizado, que se encontra disperso por vários locais numa rede (conhecidos como “nós”) em vez de se encontrar num servidor central. Estes dados encontram-se protegidos por “blocos” encriptados — acessíveis através de uma rede peer-to-peer (P2P). As transações de criptomoedas são registadas na rede P2P que permite pagamentos entre utilizadores, sem serem necessários intermediários como bancos. O criador de uma criptomoeda depende de mineiros — computadores poderosos — para a verificação das transações na rede blockchain. Os mineiros são, de seguida, recompensados pelos seus serviços com criptomoedas.

Porém, se olharmos além das criptomoedas percebemos que a tecnologia blockchain pode ser aplicada a outras indústrias que beneficiarão de uma rede P2P descentralizada e encriptada. Porém, destaca-se que as empresas que demorarem a responder a essa inovação poderão ver-se prejudicadas pela mesma.

Chipotle

A Chipotle tem enfrentado problemas relacionados com segurança alimentar na última década, com surtos de hepatite A, norovírus, campilobacteriose, E-coli e salmonelas a enviar clientes para o hospital.

Críticos da Chipotle têm afirmado repetidamente que a sua insistência em servir apenas carne “alimentada naturalmente” e ingredientes não-OGM “de origem local” torna difícil a monitorização adequada da segurança alimentar da sua cadeia de fornecimento.

Se a Chipotle começar a utilizar uma rede blockchain para monitorizar o seu abastecimento de alimentos poderá melhorar os seus registos. No ano passado, Frank Yiannas, líder de segurança alimentar da Walmart, demonstrou que ao recorrer à plataforma da IBM na blockchain podia monitorizar a condição e origem de qualquer produto alimentar em 2,2 segundos — um processo que teria levado quase uma semana com outros métodos.

Se os restaurantes seguirem o exemplo da Walmart poderão enfrentar muito menos problemas de segurança alimentar como os sentidos pela Chipotle. Se a Chipotle não aplicar a tecnologia blockchain à sua cadeia de fornecimento poderá continuar a enfrentar desastres a este nível.

eBay

4 Empresas que poderão ser prejudicadas pela blockchain
Daniel Krason/Shutterstock.com

Como plataforma de comércio eletrónico cliente-para-cliente (C2C) a eBay gera receita agindo como intermediária entre o comerciante e o cliente. No entanto, são várias as start-ups — como a OB1, a Listia e a BitBoost — a criar mercados C2C apoiados na descentralizada blockchain para cortar o intermediário, como a eBay.

A OpenBazaar da OB1 é um mercado descentralizado que permite pagamentos em Bitcoin. A Ink Protocol da Listia proporciona a utilização das suas próprias criptomoedas XNK para pagamentos e a The Block da BitBoost recorre à Ethereum.

Estes mercados oferecem todos elevada privacidade e segurança e baixas comissões. Gee Huang, diretor executivo da Listia, falou com a Coindesk e declarou que o objetivo da sua empresa passa pela “descentralização dos mercados peer-to-peer, afastando o poder das empresas que os gerem e devolvendo-o a compradores e vendedores.”

É pouco provável que estes mercados-nicho eliminem a eBay. Porém, o crescimento de mercados P2P descentralizados poderá prejudicá-la no longo prazo. A eBay encontra-se, alegadamente, a avaliar a integração de pagamentos com Bitcoin na sua plataforma, mas é pouco provável que venha a descentralizar toda a plataforma em breve.

Uber e Airbnb

A Uber causou disrupção na industria de táxis ao permitir que qualquer um se torne motorista pago — enquanto a Airbnb fez o mesmo com a indústria hoteleira ao permitir que qualquer um arrende a sua própria casa. Tal como com a eBay, ambas as empresas geram receita agindo como intermediárias das transações conduzidas. No entanto, o seu estatuto de empresas em crescimento também as deixa vulneráveis a regulamentação governamental.

Entretanto, um sistema de solicitação de viagens baseado na blockchain poderá eliminar o intermediário, permitindo que os motoristas se liguem diretamente a passageiros — enquanto uma plataforma de arrendamento baseada na blockchain poderá proporcionar o mesmo a senhorios e inquilinos. A elevada privacidade e segurança que a blockchain proporciona poderá proteger essas plataformas de regulamentação governamental.

Na verdade, já começaram a aparecer start-ups com estes projetos: a Arcade City no que a viagens diz respeito e a Rentberry e a Stayawhile ao nível do arrendamento, as três com soluções baseadas na blockchain. Poderá ser apenas uma questão de tempo até as disruptoras se tornarem alvo de disrupção também.

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