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28 de Março de 2018

A blockchain pode ser usada para muito mais do que apenas transações financeiras: tem potencial para descentralizar economias e simplificar a democracia em todo o mundo

A blockchain começou como uma experiência.

A questão que se colocava na sua génese era se poderia ou não substituir os bancos. Como os dados armazenados na blockchain não exigem gestão ou não estão sujeitos a manipulação de terceiros, o mundo rapidamente percebeu que a resposta a essa pergunta era «sim».

Desse modo, a blockchain deu um passo em frente.

Entretanto, com a criação da Ethereum percebemos que a tecnologia blockchain poderia ser usada para muito mais do que apenas transações financeiras. Concluímos que tem potencial para descentralizar economias na sua totalidade e simplificar a democracia em todo o mundo.

Segue-se como.

A blockchain enquanto ferramenta de democratização

Um aspeto incontornável sobre a blockchain é que necessita de consenso.

As entidades envolvidas numa rede alimentada pela blockchain têm de concordar com o seu conteúdo antes de esta ser utilizada — e aplica-se o mesmo a quaisquer ajustes de dados ou atualizações de segurança que os utilizadores queiram fazer na blockchain mais tarde. Se não se verificar consenso, os ajustes não terão lugar.

Assim, a blockchain exige participação democrática — requisito que garante que os dados armazenados na mesma permanecem seguros.

A blockchain codifica os dados armazenados utilizando funções de hash criptográficas — o que a torna segura. Porém, os dados também se encontram codificados de forma a que os utilizadores possam monitorizar o histórico das alterações realizadas.

Ninguém pode adulterar os dados armazenados na blockchain sem que toda a rede o perceba.

Quando a blockchain é utilizada para aplicações além de transações financeiras, a segurança transparente torna-se ainda mais importante.

Considere, por exemplo, as recentes notícias da Cambridge Analytica — empresa de análise de dados, ligada à campanha eleitoral do presidente Donald Trump, que utilizou informação pessoal de 50 milhões de utilizadores do Facebook sem a respetiva permissão. Trata-se de um exemplo claro do benefício que poderá representar a utilização da tecnologia blockchain para a democratização e descentralização de dados.

E há mais. No futuro, os governos poderão utilizar a blockchain para contar votos. Uma vez que a blockchain mantém um histórico das alterações introduzidas nos dados armazenados, seremos capazes de verificar se uma pessoa já votou ou não — e se o fez corretamente ou não.

Tal permitirá combater a fraude eleitoral.

É a transparência que torna a blockchain um veículo único para a democratização. Ao descentralizar dados, a blockchain concede à democracia uma arma poderosa.

Aplicações da blockchain como ferramenta de democratização

Além de poder ser utilizada para combater fraude eleitoral e simplificar transações financeiras, a blockchain poderá servir para responsabilizar os governos em geral.

Se os governos armazenarem dados na blockchain esta poderá servir como fonte de verdade — o que tornará mais difícil o dolo ou a corrupção.

Tal também se poderá aplicar a empresas. A blockchain tornará mais fácil a eliminação de apropriação indevida ou outros atos fraudulentos cometidos por executivos de empresas uma vez que as suas ações poderão ser monitorizadas.

E ainda mais poderosa será a forma como a blockchain poderá melhorar as vidas das pessoas em países em desenvolvimento — locais onde indivíduos com fundos para investir não confiam nas suas instituições financeiras.

Ao conceder a esses indivíduos um veículo através do qual poderão monitorizar exatamente o que se está a passar com o seu dinheiro, estes obterão a confiança necessária para investir. Não será só seguro para os próprios — também beneficiará a economia mundial como um todo.

O que se segue

Poderá já ter lido bastante sobre potenciais aplicações da tecnologia blockchain para democratizar economias e instituições. E são já vários os exemplos da sua utilização para esses fins em todo o mundo.

No ano passado, a Ucrânia testou eleições municipais baseadas na blockchain. Residentes da Estónia utilizam a blockchain para certificação de documentos, como licenças de casamento. E um partido político na Dinamarca está a usar a blockchain para votação interna.

Retenha o seguinte: a tecnologia blockchain pode ser aplicada a muito mais do que transações financeiras. E mais: ao descentralizar economias e ao levantar o véu de governos e empresas a blockchain mudará o mundo.

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