Os últimos meses não foram favoráveis à reputação do Facebook, a aplicação Snapchat observou a mais lenta taxa de crescimento no primeiro trimestre de 2018 e continuam a circular notícias que estimam o fim do Twitter. Porém, apesar dos escândalos e oscilações de popularidade, as redes sociais estão para continuar. Seguem-se cinco formas através das quais poderão evoluir nos próximos cinco anos.
1. A partilha de conteúdo em vídeo vai continuar a crescer
Em janeiro passado, Mark Zuckerberg, diretor executivo da Facebook, revelou a sua estratégia «vídeo em primeiro lugar». Dois meses depois, a empresa publicou os dados de uma pesquisa sobre consumo de media no Facebook e no Instagram, afirmando que os utilizadores olham cinco vezes mais para os vídeos do que para conteúdo estático. Depois disso circularam relatos de que a empresa se encontrava preparada para gastar cerca de mil milhões de dólares em conteúdo original para a sua Facebook TV.
Entretanto, e de acordo com a Hubspot, os profissionais do marketing também estão ansiosos para aproveitar a mania do vídeo, deixando uma maior percentagem dos seus orçamentos para campanhas com vídeos para o YouTube e Facebook. Em simultâneo, ninguém se mostrou muito surpreso quando (recentemente) a rede-totalmente-visual Instagram lançou a sua própria TV, indo muito além das «histórias» que se tornaram populares no Instagram e no Snapchat.
Estima-se que os vídeos venham a representar 80% de todo o tráfego na Internet em 2019 — e podemos esperar que essa tendência continue sob várias formas, como conteúdo de vídeo «quadrado», transmissões de utilizadores em direto e vídeos reforçados com tecnologia de realidade virtual.
2. As redes sociais baseadas na «blockchain» vão transformar a geração de rendimento associada a conteúdo
As redes sociais descentralizadas, baseadas na blockchain, surgem como resposta lógica a ameaças de quebra de segurança experienciadas pelas redes sociais «tradicionais». Ainda não «descolaram», mas têm potencial para vir a desafiar o Facebook e outras.
Tirando partido dos «gostos» enquanto «moeda» das redes sociais, a Monoreto — rede social baseada na blockchain — oferece lucro com os mesmos: cada «gosto» representa pelo menos 5 centavos de dólar norte-americano em tokens da plataforma. Equipada com mecanismos para motivar os «gostos», a Monoreto permite que os utilizadores promovam as suas contas num feed — dando e recebendo «gostos». Oferecendo transações sem custos, a Monoreto espera que bloggers profissionais migrem para a plataforma para fundos adicionais e que criadores de conteúdos a procurem para recompensa monetária.
Outra rede social descentralizada a oferecer recompensa por conteúdo de qualidade, a Steemit, um tipo de Reddit baseado na blockchain, tem na sua raíz um sistema de pontos — e as recompensas ganhas podem ser negociadas como tokens. Um dos utilizadores da Steemit, David Kadavy, disse à Bloomberg que o Facebook e o Twitter estão na «Idade da Pedra» em comparação com a Steemit, uma vez que «não têm valor» sem o contributo dos utilizadores. Acrescentou que «[…] se a Facebook não responder a isso, as coisas poderão mudar muito rapidamente. Devem estar muito preocupados.»
3. Vão continuar a surgir novos tipos de conteúdo
No seu relatório de 2018 quanto a tendências na Internet, Mary Meeker mencionou o Twitch — que transmite vídeos de jogos em direto — como exemplo do tipo de conteúdo original a surgir em plataformas digitais. De acordo com Meeker, como esses streams estão a ganhar bastante tração, teremos de redefinir gradualmente qual a nossa noção do que surge como conteúdo.
A explosão de conteúdo em vídeo deverá impulsionar a adoção da realidade virtual. Numa contínua batalha pela atenção dos utilizadores, mais plataformas irão gravitar em torno de conteúdo baseado em realidade aumentada e realidade virtual. O Facebook, por exemplo, já permite a publicação de vídeos e fotografias «com 360 graus» e o Snapchat tem vindo a explorar a integração de realidade aumentada — mas prevê-se que venham a surgir outros formatos, com as redes sociais a investirem amplamente no desenvolvimento do seu próprio hardware, como os Oculus da Facebook ou os Spectacles da Snap.
4. Vão surgir redes sociais «nicho»
Embora as seis grandes — Facebook, LinkedIn, Twitter, Instagram, Pinterest e Snapchat — estejam para ficar, o aparecimento de redes sociais «nicho» de todos os tipos, que se iniciou em 2017, será uma tendência.
Começam a surgir soluções para os utilizadores que procuram desviar-se do Facebook depois do escândalo com uso indevido de dados pessoais — lembra-se do Cambridge Analytica? Falamos da Diaspora e da Mastodon, redes sociais descentralizadas. Além de vários ajustes de privacidade e partilha, estas redes detêm os mesmos recursos que uma rede social regular.
Mas há mais. Se for um designer ou um ilustrador em busca de um local para apresentar o seu portfólio e para se «misturar» com profissionais semelhantes, existe a Dribble — uma comunidade para mentes criativas com quase meio milhão de utilizadores. E também já pode começar a sua própria rede social fechada com a Mighty Networks. Talvez dentro de cinco anos ter uma rede social privada venha a ser tão comum como ter uma conta no Instagram.
5. As aplicações para troca de mensagens vão tornar-se mais orientadas para as empresas
As aplicações de mensagens ainda estão a crescer em popularidade: nos Estados Unidos o total de utilizadores mensais ativos dos principais quatro messengers aumentou para 4,1 mil milhões em 2018. Entretanto, a eMarketer espera que em 2019 ao redor de 65% da população global use aplicações de mensagens.
Uma vez que se trata de um mercado muito competitivo, estima-se que as aplicações de mensagens bem-sucedidas como o WhatsApp e o Facebook Messenger venham a recorrer a inteligência artificial para aprimorar a comunicação e reduzir os tempos de espera, oferecendo automatização com chatbots e integração com outras plataformas. São utilizados diariamente cerca de 100 000 bots no Messenger da Facebook, por exemplo — e de acordo com relatórios da Humanity in the Machine, a maioria das pessoas prefere conversar com um chatbot quando comunica com marcas e empresas.
É, assim, muito provável que as maiores plataformas de mensagens continuem a desenvolver ferramentas para empresas tendo em vista a automatização e a gestão de relacionamentos com clientes.