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4 de Dezembro de 2018

O próximo ano poderá ser aquele em que as criptomoedas se ligam ao sistema financeiro global

Estarão as criptomoedas e a blockchain a fornecer serviços aos indivíduos sem acesso a serviços bancários — ou estarão a afastar dos serviços bancários os indivíduos com acesso aos mesmos?

Após o incrível desempenho das criptomoedas em 2017, que atraiu atenção sem precedentes para a Bitcoin e restantes criptomoedas, 2018 ficou marcado por reação regulatória igualmente forte. Embora a Bitcoin seja considerada legal na maioria das jurisdições da OCDE, o mercado das criptomoedas e os seu participantes estão a ser cada vez mais penalizados pelo seu uso.

Em alguns países, incluindo hubs da indústria blockchain como os EUA e Israel, bancos têm vindo a bloquear o acesso dos seus clientes às respetivas contas aquando do depósito de fundos liquidados em plataformas de câmbio de criptomoedas e outros locais de negociação. Tal levou a que fornecedores que aceitavam bitcoins deixassem de o fazer — para não comprometerem os seus negócios.

As medidas draconianas não são sempre lideradas por governos: surgem, na maioria dos casos, da indisponibilidade dos bancos para servir os seus clientes de acordo com as suas necessidades — citando orientações de combate ao branqueamento de capitais para justificar as suas ações. Embora rastrear a Bitcoin e a maioria das criptomoedas seja muito mais fácil do que rastrear moeda «tradicional», a maioria dos bancos trata as criptomoedas como «dinheiro escuro» e procura não se aproximar — seja por falta de compreensão, receio da concorrência ou apenas preguiça.

No entanto, 2019 poderá ser o ano em que tudo isto muda. A incerteza regulatória, um sector bancário pouco cooperativo e instituições obscuras e fragmentadas a dominar o mercado de criptomoedas criaram uma enorme procura por soluções claras, conformes e amigas dos consumidores para o preenchimento de lacunas deixadas abertas pelo atual sistema financeiro.

Na verdade, o primeiro banco centrado em criptomoedas já foi criado e licenciado. Falamos do EQIBank — que permite que os seus clientes detenham criptomoedas em contas asseguradas juntamente com moedas internacionais. O banco tenciona também operar a sua própria plataforma de câmbio de criptomoedas e oferecer um sistema de empréstimo de criptomoedas peer-to-peer.

Como banco offshore, regulado por padrões internacionais, o EQIBank surge como o primeiro ponto de contacto oficial entre o mercado de criptomoedas e o sistema financeiro internacional. Porém, é provável que não seja o último. Vários pequenos bancos europeus começam a aderir parcialmente à popularidade das criptomoedas, procurando incorporá-las nos serviços fornecidos aos seus clientes.

Na realidade, estes pequenos novos jogadores têm uma verdadeira hipótese de capturar uma parcela significativa do mercado. Existem atualmente milhares de empresas legítimas e de indivíduos em busca de serviços bancários associados ao sector das criptomoedas. Se o clube dos «mais velhos» não fornecer esses serviços, aparentemente alguém o fará.

No fundo, a mudança encontra-se iminente. Os bancos estabelecidos não perderão muito tempo e lutarão para recuperar parte do seu valor de mercado perdido. Não fiquemos surpreendidos se as instituições financeiras mudarem repentinamente e declararem a blockchain a melhor ferramenta AML desenvolvida (que efetivamente é).

É provável que não aconteça da noite para o dia mas cedo o suficiente para considerar 2019 o ano em que as criptomoedas se ligam ao sistema financeiro global.

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