Alemanha reage à vitória do Syriza
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A vitória do partido Syriza nas eleições gregas do passado domingo representam uma clara rejeição por parte dos gregos das medidas de austeridade apoiadas pelo governo alemão. No entanto é difícil vislumbrar mudanças positivas sem o aval dos alemães. Aqui revelamos-lhe as primeiras reações alemãs.

As eleições na Grécia provocaram abalos na Europa – e especialmente na Alemanha. A maior economia e contribuinte da zona euro pagou relutantemente uma enorme quantia para salvar a Grécia e outros estados membros, concedendo assim uma ajuda financeira em troca de medidas de austeridade rigorosas e impopulares.

Os eleitores que apoiaram o Syriza, o partido vencedor das eleições gregas, responderam de uma forma positiva à demonização que o partido fez da Alemanha e sua chanceler Angela Merkel. O Syriza quer acabar com aquilo que descreve como sendo uma “austeridade imposta pela Alemanha” e reestruturar a dívida que a Grécia deve a credores internacionais após terem recebido uma série de ajudas financeiras.

Na corrida eleitoral, o líder do partido Syriza, Alexis Tsipras, chegou mesmo a escrever uma carta aberta aos eleitores alemães no jornal de negócios Handelsblatt, onde dizia que os empréstimos nunca seriam pagos e chamou às políticas alemãs “técnicas de afogamento fiscal simulado”. Acrescentou ainda:

"A insistência nestas políticas sem saída e a negação de uma simples aritmética saem muito caro aos contribuintes alemães, ao mesmo tempo que condena imediatamente uma nação orgulhosamente europeia a uma indignidade permanente".

Para piorar a situação, a extrema-esquerda do Syriza surpreendeu todos ao aparentemente formar uma coligação com a direita dos Gregos Independentes, que nada têm em comum exceto a oposição doentia aos termos do salvamento financeiro da Grécia. Por exemplo, os Gregos Independentes têm fortes ligações com a Igreja Ortodoxa Grega; Tsipras é agnóstico.

A reação alemã

Elmar Brok, membro do Parlamento Europeu do Partido CDU

Apesar de a própria chanceler ainda não ter feito nenhum comentário sobre a situação, um porta-voz de Merkel reiterou a defesa da chanceler da sua política. A recuperação económica do país exige que se “mantenha os compromissos anteriores”, referiu o porta-voz da chanceler.

Elmar Brok, um membro do Parlamento Europeu da Comissão dos Assuntos Externos pertencente ao Partido CDU de Merkel, rejeitou a ideia de se perdoar parcialmente a dívida da Grécia. Acrescentou ainda, tal como muitos políticos alemães têm vindo a fazer, que “os gregos fizeram a sua cama, agora devem deitar-se nela”:

“Não conheço mais nenhum país da Europa em que os cidadãos comuns tenham sido tão enganados pela elite política e económica”.

“Os gregos têm o direito de votar em quem quiserem”, disse Hans-Peter Friedrich do CSU, um partidão-irmão do CDU.

“Nós temos o direito de não financiar mais a dívida da Grécia. Agora os gregos têm de arcar com as consequências e não podem prejudicar os contribuintes alemães por causa deles”.

Jens Weidmann, o presidente do Banco Central Alemão disse que o alívio da dívida iria apenas dar à Grécia uma “pequena pausa para respirar”.

Acrescentou também: “Espero que o novo governo não ponha em questão o que se espera e o que já foi conseguido”.

No entanto, alguns políticos não ligados a nenhum partido ortodoxo receberam bem as notícias. Bernd Riexinger, um dos líderes do partido de esquerda alemão Die Linke, afirmou que a vitória do Syriza “significava o princípio de uma nova política não apenas na Grécia, mas por toda a Europa”. Num tweet, saudou a “vitória histórica” do Syriza como forma de rejeição à “destruição provocada por Merkel”.

Bernd Lucke do partido político eurocético oportunista Alternativa para a Alemanha adotou uma atitude semelhante quanto ao seu oponente ideológico, mas com uma reviravolta. O seu partido somou votos graças a uma campanha em que dizia que os países que tinham recebido ajuda financeira deveriam sair do euro. Assim, apoia o plano do Syriza para renegar algumas das suas dívidas. Depois das eleições Lucke disse:

“Até agora, o Syriza tem toda a razão”.

Mas o alívio da dívida só pode acontecer se a Grécia deixar a zona euro: “o dinheiro já está perdido de qualquer das formas” disse ele.

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