A presença militar dos EUA no mundo
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Os Estados Unidos da América podem já não ter a hegemonia dos anos 90, mas em termos militares continuam com uma supremacia indisputável. Sabe em que países há presença militar norte-americana?

Barack Obama, presidente dos EUA, anunciou a 24 de Março que 9.800 soldados norte-americanos, atualmente posicionadas no Afeganistão, permanecerão no país até ao final de 2015. Esta declaração gerou uma significativa quantidade de críticas: era, afinal de contas, promessa de Obama que a última tropa americana deixaria o país em 2014.

Aqueles que esperavam que os EUA saíssem do Afeganistão devem, no entanto, tirar um minuto para considerar o seguinte: os EUA ainda não deixaram a Alemanha. Na verdade, são pouco os lugares que os EUA não deixaram – e embora a maioria dos mesmos não represente uma ameaça para os soldados americanos, revelam um padrão: a permanência dos EUA, em vez da saída.

De acordo com informação oficial fornecida pelo Departamento da Defesa (DoD na sigla inglesa) dos EUA – e pelo seu Centro de dados de Recursos Humanos da Defesa – encontram-se ainda cerca de 40.000 soldados norte-americanos e 179 bases norte-americanas na Alemanha, mais de 50.000 soldados no Japão (e 109 bases) e dezenas de milhares de soldados, com centenas de bases, por toda a Europa. Encontram-se mais de 28.000 soldados norte-americanos em 85 bases na Coreia do Sul – desde 1957.

Ao todo, com base no mais recente Base Structure Report do Departamento da Defesa (DoD) os EUA têm bases em pelo menos 74 países e soldados por todo o mundo, que em alguns países vão desde milhares a apenas um (o que poderá corresponder a um adido militar, por exemplo). Em comparação, França tem bases em 10 países e o Reino Unido tem bases em sete.

Calcular a extensão da presença militar dos EUA no exterior não é uma tarefa fácil. Os dados divulgados pelo Departamento da Defesa estão incompletos e são encontradas inconsistências nos documentos. O Quartz solicitou esclarecimentos ao Departamento da Defesa, mas não obteve qualquer resposta.

No seu próximo livro Base Nation: How US militar bases abroad harm American and the World David Vine, professor associado de Antropologia na American University, detalha as dificuldades de avaliação da presença militar dos EUA no exterior. Escreve:

De acordo com a mais recente contagem divulgada os EUA ocupam, atualmente, 686 bases fora dos cinquenta estados norte-americanos e de Washington DC.

Apesar de 686 bases ser uma figura significativa esse número exclui, estranhamente, muitas bases norte-americanas de referência como no Kosovo, Kuwait e Qatar. Menos surpreendente, a contagem do Pentágono também exclui bases americanas secretas, como as relatadas em Israel e na Arábia Saudita. São tantas as bases – o próprio Pentágono não sabe o verdadeiro total.

Esse não é o único problema – mesmo uma contagem definitiva das bases incluiria uma ampla gama de bases. “Base” em si é um termo abrangente que inclui locais referidos como “posto”, “estação”, “campo” ou “forte” por diferentes corpos militares. Vine explica:

"As bases surgem em todos os tamanhos e formas, desde locais enormes na Alemanha e no Japão a pequenas instalações de radar no Perú e Porto Rico. (…) Mesmo os resorts militares e as áreas de lazer em locais como a Toscana ou Seul são um tipo de base; em todo o mundo, os militares gerem o equivalente a mais de 170 campos de golfe."

O mapa que se segue representa as bases norte-americanas no exterior, de acordo com o relatório oficial acima referido e no seguimento de pesquisa independente realizada por Vine (e pelo Quartz) recorrendo a reportagens bem como a referência cruzada de informação com o Google Maps. o mapa não considera as bases da OTAN, incluindo os rumores sobre uma base no Turquemenistão e uma base na Algéria – relatadas pela Wikileaks como suspeitas bases norte-americanas.

A maioria dos países parece ter uma pequena concentração de bases dos EUA (inferior a 10) –comparado às 179 bases na Alemanha, 37 em Porto Rico ou 58 em Itália. A maior pegada militar permanece em países que os EUA invadiram na Segunda Guerra Mundial, enquanto a sua presença em áreas de contenção mais recente, como o Médio Oriente, é reduzida – pelo menos em termos de bases. Tem sido observado por comentadores que nem todas as bases têm um tamanho significativo. No entanto, dada a informação disponível torna-se difícil realmente avaliar o tamanho de diferentes instalações. Vine escreve:

"O Pentágono diz que tem apenas 64 “grandes instalações ativas” no exterior e que a maioria das suas bases são “pequenas instalações ou locais”. No entanto, define “pequeno” como tendo um valor de até 915 milhões de dólares. Por outras palavras: o pequeno pode não ser assim tão pequeno."

As informações sobre as tropas no exterior também não é completamente clara – o que torna difícil saber a verdadeira dimensão da pegada militar norte-americana. O analista de forças armadas da IHS Jane, Dylan Lehrke, avançou ao Quartz que até mesmo definir presença militar é difícil. Para o governo significam bases ou soldados em combate, embora pareça aceitável incluir outras formas de presença:

"É claro que se pode dizer que os EUA têm uma presença militar na Síria, de momento. Podem não ter bases ou tropas no terreno, mas devemos incluir os aviões no céu. Os EUA estão mais presentes na Síria do que na Alemanha (…) para tirar ainda mais partido desta ideia também seria lógico dizer que os EUA têm presença militar onde utilizam veículos aéreos não tripulados para atacar alvos."

Todos os países que têm algum tipo de presença militar norte-americana – do adido militar às tropas envolvidas no Iraque e no Afeganistão – levam a destacar todo o mundo (com a Rússia incluída, sendo que o Departamento da Defesa reporta a existência de 24 membros de pessoal militar no país).

Considerando a presença considerável de tropas, a existência de bases e a possibilidade de os EUA estarem a conduzir ataques com drones (Iémen, Síria, Paquistão) segue-se a representação geográfica do poder militar dos EUA no exterior:

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