Os problemas da China são os nossos problemas
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A desaceleração económica da China não é só má para a China, mas também para todos os países que têm relações económicas com a China. Qual será o verdadeiro impacto da redução do crescimento desse país no resto do mundo?

O crescimento do PIB desacelerou de 10,4% ao ano em 2011 para 7,4%, no ano passado. De acordo com o Banco Mundial, este número deve continuar a deslizar, chegando abaixo dos 7% até 2017.

Joseph P. Quinlan, estrategista da US Trust, escreveu sobre a importância da importação chinesa.

"A procura de importação na China tem sido simplesmente surpreendente desde 2000, com as importações a subir quase nove vezes entre 2000 e 2014, ajudando a impulsionar a procura e o crescimento real no sudeste da Ásia, África, América do Sul e Médio Oriente, entre outros lugares," disse Quinlan.

A China foi devorando mercadorias no seu esforço para desenvolver a sua economia ao longo das últimas duas décadas, e tornou-se o parceiro comercial chave para um grupo diversificado de nações.

Na América Latina, a China estabeleceu acordos comerciais que lhe deram uma considerável influência na região.

A necessidade chinesa de metais, como o alumínio e a platina não só a levaram a tornar-se um parceiro de comércio maciço para os países da África Subsaariana, mas também o maior investidor no desenvolvimento da região. Mesmo a Austrália tem vindo a depender da China como seu maior parceiro comercial.

Ao todo, 43 países identificaram a China como o seu maior mercado de exportação em 2014, um aumento dramático de apenas dois em 1990. Isso fez da China o maior parceiro de exportação a nível mundial, ultrapassando os EUA em 2013. Desde o ano passado, apenas 31 países identificaram os EUA como o seu maior mercado de exportação. Estas economias tornaram-se dependentes, em algum grau, da expansão da economia chinesa e da sua necessidade insaciável de bens materiais para continuar a ascensão do país para o poder económico.

No ano que passou, no entanto, a desaceleração chinesa tem espremido consideravelmente estes mercados. Quinlan observa que as exportações da África do Sul diminuíram 32% no ano passado, as do Brasil caíram 12% e as da Austrália sofreram uma queda de 11,4%.

Isto tem causado uma mudança dramática nos saldos globais destas nações. A balança comercial da Austrália passou de um ganho líquido de cerca de 1,5 mil milhões de dólares australianos no início de 2014 para um deficit recorde de 3,888 mil milhões de dólares AUD em Abril de 2015, o maior de sempre.

No Brasil, a diminuição das exportações chinesas coincidiu com uma queda do crescimento do PIB de 2,5% em 2013 para 0,1% em 2014, segundo o Banco Mundial. Este abrandamento continuará a ser um fator importante nos próximos anos.

“À medida que a China faz a transição para um modelo de crescimento mais consumista e direccionado para os serviços, estas nações terão de redefinir o seu próprio modelo de crescimento, um processo que vai ser desafiador e cheio de riscos", escreveu Quinlan.

A desaceleração económica pode ser má para a China, mas pode vir a ser ainda pior para os seus parceiros comerciais.

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