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O reino tenderá a aumentar o recurso a empréstimos de modo a fazer face ao défice crescente.

A Arábia Saudita pediu no ano passado um empréstimo de $4 mil milhões aos mercados locais, tendo de vender as suas primeiras obrigações durante oito anos para conseguir sustentar os elevados níveis de despesas públicas à medida que os preços do petróleo entram em queda.

Fahad al-Mubarak, o regulador da Agência Monetária da Arábia Saudita (Sama), disse que o governo iria usar uma combinação de obrigações e reservas para manter as despesas e cobrir um défice maior do que o esperado.

“Prevemos um aumento no empréstimo”, referiu ele, segundo um relatório lançado no jornal económico diário Al-Eqtisadiah no fim-de-semana. Os analistas estimam que o défice deste ano seja de cerca de $130 mil milhões. O governo, que desde 2007 não abordava os mercados das obrigações, tem vindo a recorrer mais regularmente às suas grandes reservas no estrangeiro, que no mês de agosto do ano passado chegou á quantia de $737 mil milhões, para poderem sustentar as despesas em salários, projetos especiais e a sua guerra aérea contra o Iémen. Desde que os preços do petróleo começaram a reduzir que já levantou $65 mil milhões.

Os pagamentos de bónus aos funcionários públicos e aos militares pelo novo rei, Salman bin Abdulaziz Al Saud, colocaram ainda mais pressão nos cofres do estado.

“A realidade está a atingir o país, assim como a necessidade”, disse John Sfakianakis, diretor da sucursal da Ashmore, uma agência de gestão de fundos, na região do Golfo. Se o governo continuar a agir da mesma forma e a levantar capital como tem feito, vai esgotar as reservas muito mais rapidamente do que o previsto, lá para 2018 ou 2019”, acrescentou Sfakianakis.

De acordo com Sfakianakis, a Arábia Saudita precisava que os preços do petróleo fossem de $105 por barril para que o país atingisse os requisitos de despesa planeados, no entanto o preço médio estimado para este ano é de apenas $58 por barril.

A emissão de obrigações domésticas deveria acalmar a taxa de levantamento de crédito nos ativos estrangeiros por parte da Sama, que em maio diminui para $672 mil milhões. O programa de obrigações domésticas marca uma mudança na estratégia, Com a permanência da queda dos preços do petróleo a afetar as finanças sauditas, este programa de obrigações domésticas é um marco de mudança de estratégia.

Inicialmente, os analistas duvidaram que o governo respondesse ao desafio fiscal com um empréstimo, tentando evitar a gravidade da situação dos cofres do estado no final dos anos 90, quando a dívida pública tinha aumentado para cerca de 100% do produto interno bruto. No final de 2014, a dívida pública da Arábia Saudita tinha diminuído para 1,6% do PIB.

Contudo, os analistas disseram que a queda dos preços do petróleo poderia ser mais profunda do que o inicialmente pensado. A Sama prevê uma diminuição do crescimento do PIB para 2,8% este ano em comparação com os 3,5% do ano passado. Com isso prevê-se que o crescimento do PIB em setores não ligados ao petróleo, setor essencial para a criação de empregos para uma legião crescente de jovens desempregados, caia no mesmo período dos 5% para os 4,7%.

A emissão de obrigações soberanas vai proporcionar uma referência para que outros setores privados e entidades relacionadas com o estado possam pedir empréstimos a outros mercados de capitais, diversificando assim as fontes de fundos e não saturando um só sistema bancário que de outra forma poderia perder liquidez devido à queda dos preços do petróleo.

O regulador reformou as dívidas aos mercados de capitais como assunto prioritário para este ano depois de ter aberto no mês passado o seu vasto mercado interno a gestores de ativos estrangeiros. O FMI está a incitar o governo a cortar nas despesas com os salários do setor público e os subsídios para melhorar o balanço fiscal, mas tais reformas nos pagamentos a pessoas há muito habituadas à generosidade do governo poderiam desencadear um impacto político potencialmente negativo. Tendo em conta o tamanho do défice, Riyadh poderia escolher expandir o seu programa de obrigações soberanas a mercados internacionais para que as instituições internas pudessem continuar a financiar o setor privado do país. “Eventualmente terão de se voltar para os mercados estrangeiros”, disse um executivo em Riyadh com um credor estrangeiro.

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