Perceba porque é que a desvalorização do yuan está a ter impacto na dívida dos outros países.
A atitude imprevista da China de enfraquecer o yuan terá repercussões bem mais complexas do que a turbulência dos mercados da semana passada. Os governos e empresas dos mercados emergentes vão ter grandes dificuldades em pagar as dívidas denominadas em dólares que acumularam.
A depreciação do yuan – para quase 3% em relação ao dólar americano – desencadeou instabilidade e diminuição nas taxas de juro dos mercados emergentes. Na tarde de sexta-feira na Ásia, o ringgit malaio teve uma descida de 3,8% em relação há uma semana atrás. A lira turca, o peso mexicano e o rublo russo também desceram a pique. Eis um gráfico:
As depreciações poderão ajudar as exportações dos países a continuar competitivas. Mas também expõem uma vulnerabilidade: nos últimos anos, os mutuários nos mercados emergentes acumularam mais de $2 biliões em dívida denominada em dólares. Quando a moeda norte-americana estava barata e o Banco de Reserva Federal estava a manter as taxas de juro próximas de zero, a dívida não parecia tão má. Mas agora, com o dólar a ficar cada vez mais forte e o Banco de Reserva Federal a começar a aumentar as taxas, as dívidas estão a começar a ser um fardo para estas economias.
Eis uma decomposição das dívidas obrigacionistas dos governos e empresas denominadas em dólares de economias emergentes selecionadas, como parte do produto interno bruto (exclui a maioria dos empréstimos, que podem ser significativos):
Se os investidores decidirem que as dívidas são insustentáveis, poderiam retirar em massa os seus investimentos, desencadeando uma espiral perigosa de taxas de juro em queda e tensões financeiras que podem tornar insolventes outras empresas e governos viáveis. Esperemos que os reguladores estejam a fazer todos os esforços para compreender onde se concentrariam as perdas e como atenuar o potencial incumprimento.