A tempestade chinesa chegou a Portugal
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Conheça o efeito do crash chinês em Portugal e perceba porque é que o país está numa situação de especial vulnerabilidade face à instabilidade da economia chinesa.

O crash de ontem na bolsa chinesa teve efeitos devastadores na Europa, com todas as praças a fecharem em terreno negativo, com perdas médias de 5%. Porém, um dos países mais afetados foi Portugal. A bolsa portuguesa perdeu 3100 milhões de euros, o que equivale ao valor da Sonae e da Semapa juntas, que é o mesmo que dizer o triplo do valor dos CTT. A bolsa de Lisboa fechou ontem a perder 5,80% – a maior queda desde 10 de outubro de 2008, no auge da crise financeira.

As perdas europeias foram a consequência da queda abissal da bolsa de Xangai, que terminou o dia a perder 8,49%. A partir daí todas as bolsas começaram a perder, estando a o índice PSI 20 a perder 8,09 às 14:30 (hora de Lisboa). Na Europa pior do que Portugal só mesmo a Grécia, que atingiu um pico de perdas na ordem dos 11,40%, aquela que foi a segunda maior queda entre as 93 principais bolsas mundiais, ficando apenas atrás da Arábia Saudita, que teve prejuízos de 12,33%.

As empresas portuguesas que ontem perderam mais valor de mercado foram a EDP, a Galp Energia e a Jerónimo Martins, perdendo essas 3 empresas cerca de 1600 milhões de euros. Porém as maiores quedas percentuais foram as do Banif (-10,34%) e as da Pharol, antiga PT SGPS (-8,75%).

Mas as consequências da instabilidade chinesa para Portugal não se ficam por aí. Eis o que conclui Helena Garrido no Jornal de Negócios:

“Quais são os países mais ameaçados num quadro de deflação desencadeado por um forte abrandamento da economia chinesa com desvalorização do yuan? Os países mais endividados, os mais dependentes do investimento chinês ou de países que vivem de matérias-primas como o petróleo. E assim se contagia a situação chinesa à Grécia e a Portugal, assim como potencialmente a Itália e a França. Portugal faz o pleno dos efeitos de uma crise na China. Ainda está muito endividado, com especial relevo para as empresas, tem um elevado peso de investimento direto chinês e tem com Angola uma das mais significativas ligações económicas. E assim está a retoma nas mãos do sucesso do governo de Pequim.”

O turbilhão de perdas seguiu da Europa para a América, onde o índice Dow Jones fechou a perder 588 pontos, depois de um dia bastante instável. Em termos percentuais o índice Dow Jones Industrial fechou a perder 3,6%, enquanto o Standard & Poor’s 500 recuou 3,8%. O índice tecnológico Nasdaq, por seu turno, fechou com perdas de 3,9%.

Hoje, apesar das bolsas chinesas continuarem com fortes perdas, as bolsas europeias no geral estão a subir, com a bolsa de Atenas a liderar os ganhos e a bolsa de Lisboa a valorizar na ordem dos 3%. Porém, estamos num período de grande volatilidade e é ainda demasiado cedo para respirar de alívio.

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