A maior ameaça à economia mundial
Jason Reed/Reuters
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Ben Bernanke, o ex-presidente da Reserva Federal dos EUA, aponta para os altos níveis de endividamento nos mercados emergentes como fator de disrupção da economia mundial.

O acumular de dívida nos mercados emergentes representa “o risco mais significativo” para o sistema financeiro global no momento, de acordo com o ex-presidente da Reserva Federal.

Bem Bernanke afirma que o mundo não foi capaz de aprender a lição com a crise asiática dos anos 90 quando os bancos locais e outras entidades financeiras pediram empréstimos em dólares mas emprestaram a projetos locais nas moedas locais.

Falando num evento organisado pela Spectator em Londres, Bernanke declarou o seguinte: “Uma coisa que me confunde um pouco é que nós pensávamos que tínhamos aprendido nos anos 90 que as divisas não combinam umas com as outras, que pedir emprestado em dólares e emprestar na moeda local era uma coisa perigosa.”

Os mercados emergentes experienciaram enormes entradas de capital depois de bancos centrais tais como a Fed terem reduzido as taxas de juro e fazendo assim com que os investidores procurasse retornos mais altos.

Porém, o FMI avisou que uma política monetária mais apertada por parte dos EUA poderia acionar uma onda de incumprimento corporativo e uma redução de crédito à medida que o dólar fortalece.

De acordo com Bernanke, “esse é provavelmente o risco mais significativo atualmente, a situação dos mercados emergentes.”

Contudo, diz ele, não é função dos decisores da Reserva Federal manter as taxas de juro baixas para evitar criar volatilidade.

“Em termos de implicações políticas disto, não é que a Fed devesse mudar a sua política monetária. Acho que é necessária uma aproximação muito mais direta. Os respetivos reguladores devem comunicar aos bancos dos mercados emergentes que estes precisam de ser muito mais cuidadosos no que diz respeito a não correspondência de divisas. Têm de se proteger de movimentos inesperados.”

Bernanke está otimista acerca das perspetivas para a maior economia do mundo. Quando lhe foi perguntado se os EUA estavam “mais perto da recessão do que longe da última crise” ele respondeu:

“Se reparar na economia dos EUA, nada sugere que a expansão esteja próxima do fim. Por exemplo, a inflação está muito baixa, enquanto algumas das recessões prévias foram causadas pela resposta da Fed à alta inflação. O preço das casas, que é um impulsionador fundamental de recuperação está de facto abaixo do normal, por isso à medida que o preço das casas continuar a recuperar, isso deverá acrescentar crescimento nos próximos anos.

“Os níveis de dívida dos consumidores estão no nível mais baixo dos últimos tempos. Por isso, enquanto há sempre uma possibilidade de alguma espécie de choque como nos mercados emergentes, não há nada na dinâmica interna da economia que sugere que se aproxime uma recessão.”

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