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Apesar da incerteza política, o país passou mais um teste aos mercados com resultados históricos. A seis meses, colocou bilhetes do tesouro a um mínimo histórico: -0,018%.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) informou hoje, na quarta-feira, sobre 400 milhões de euros de Bilhetes do Tesouro colocados a seis meses com uma taxa negativa recorde de 0,018, que contrasta com os 0,006% do leilão de 16 de setembro.

Além disso, a taxa média da colocão de Bilhetes de Tesouro a 12 meses foi de -0,006%, tornando-se negativa pela primeira vez. No leilão de dívida de 21 de outubro, a taxa tinha atingido os 0,006% positivos. Esta foi a primeira vez que os investidores aceitaram pagar para financiar Portugal, com os 1.100 milhões de euros colocados pelo IGCP.

O Tesouro português emitiu um total de 1.500 milhões de euros em títulos.

Os -0,018% a seis meses foram a melhor taxa de sempre do Tesouro de Portugal, de acordo com a agência Bloomberg. A Reuters, por sua vez, também ressaltou que os investidores não estão preocupados com a instabilidade política depois de os partidos de esquerda terem deposto governo de centro-direita.

"A incerteza política não se tem sentido no mercado de dívida e as nossas taxas, quer no curto, quer no longo prazo, têm acompanhado a evolução da periferia europeia", frisou Filipe Silva, gestor de dívida do Banco Carregosa. Ele ainda destacou que "há procura por dívida portuguesa” e que com as taxas recorde o valor médio de dívida continua a baixar.

Segundo Pedro Ricardo Santos, da empresa de corretagem XTB Portugal, o leilão de dívida, assim como se esperava, tornou-se num bom negócio para o Tesouro Português.

Ele afirmou:

"As baixas taxas de juro patrocinadas pela intervenção do Banco Central Europeu permitem ao Estado português renovar a dívida com taxas de juro mais baixas. A operação de hoje colocou no mercado 1500 milhões de euros, com taxas de juros inferiores ao leilão anterior, mostrando que a actual crise política interna não é suficiente para inverter a tendência descendente das taxas de curto prazo".

Um bom desempenho de hoje prova o quão líquido é o sistema para apoiar a dívida de Portugal, segundo Orlando Green, do banco francês Credit Agricole, citado pela Reuters. "Há muita liquidez no sistema, o que encoraja os bancos a continuar a comprar instrumentos como Bilhetes do Tesouro", acrescenta.

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